Planejamento familiar: uma questão ecológica

Não deixar luzes acesas inutilmente, utilizar lâmpadas de menor consumo, não deixar equipamentos eletrônicos ligados sem estarem sendo usados, diminuir a quantidade de água usada na descarga, reduzir o uso da água na lavagem de calçadas, carros e plantas, usando a água da chuva, separar o lixo reciclável, são algumas das tantas medidas que podem ser tomadas por cada um cidadão do mundo na mobilização em prol da vida no planeta, diante das conseqüências que podem ser trágicas do aquecimento global. Todavia, sem destituir todas estas e outras medidas, segundo a organização britânica Optimum Population Trust (OPT), a forma mais barata e efetiva de combater o aquecimento global é o planejamento familiar, reduzindo o número de nascimentos para controlar a população global, visto que o crescimento populacional é reconhecido como uma das principais causas da mudança climática. Segundo o argumento da ONG, mesmo se o mundo todo conseguir uma redução de 60% nos níveis de emissões de CO2 até 2050 em relação aos níveis de 1990, de acordo com as recomendações do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU), isso será praticamente anulado pelo crescimento populacional no período. Baseado nas emissões médias per capita de 4,4 toneladas de CO2 até 2050, o crescimento de 2,5 bilhões na população mundial até aquela data, de 6,7 bilhões para 9,2 bilhões, significará emissões de 11 bilhões de toneladas de CO2 a mais por ano. Segundo os cálculos da OPT, um cidadão britânico médio gera 750 toneladas de CO2 durante sua vida, num impacto equivalente a 620 vôos de ida e volta entre Londres e Nova York. Considerando um “custo social” de cerca de R$ 172 por tonelada de CO2, a ONG avalia em cerca de R$ 121,5 mil o custo de cada britânico em sua vida em termos de emissões de dióxido de carbono. Uma camisinha poderia evitar o custo de R$ 121,5 mil em um único uso. Será que estaríamos ofendendo à Deus, preservando a vida do planeta?

Taquarense: uma naturalidade em extinção?

A pergunta: “Taquarense: uma naturalidade em extinção?”, suscita da leitura que pode ser feita dos dados do Datasus,  banco de dados do Sistema Único de Saúde do Ministério da Saúde, que aponta para uma redução no número de nascimentos em Taquara. Redução que por si só, como tendência regional, não é novidade, o que merece destaque é que em Taquara o índice é bastante expressivo e está acima da média geral. Do ano de 2001 à 2006, Taquara teve uma queda na ordem de 23,82%, representando uma das maiores entre as cidades do Paranhana e do Vale dos Sinos. Em 2001 nasceram 894 crianças em Taquara e em 2006, 681. Será que os casais taquarenses resolveram ter menos filhos? Ou será que este resultado reflete algum programa de planejamento familiar desenvolvido no município? Se houver, até os meios de comunicação desconhecem ou não desejam divulgar. Na linha do bom humor, ou do humor trágico, como queiram, tem gente dizendo que os bebês estão antevendo o futuro que os espera, referindo-se a decadência do município, causada pelas sucessivas mal sucedidas administrações públicas da cidade. Noutra linha, esta já menos irônica, segundo alguns comentários que se ouve na praça (praça no sentido metafórico já que objetivamente Taquara não tem praça) um dos motivos para a redução dos nascimentos em Taquara seria que os pais estão preferindo ter seus filhos em hospitais de cidades vizinhas. A preferência seria o Hospital Bom Pastor de Igrejinha, que de 2005 para 2006, teve um aumento de 32,42% em nascimentos. De 475 foi para 629 nascimentos em 2006. Em números absolutos, no mesmo ano, apenas 8,26% a menos que em Taquara. E é bom salientar que Taquara tem uma população em torno de 62% maior que Igrejinha. Se Taquara fosse acompanhar o índice de Igrejinha, proporcionalmente ao número de habitantes, deveria ter registrado em 2006 um número superior a 900 nascimentos, porém teve só 681. A hipótese da rejeição do Hospital de Caridade não parece ser absurda. Mas afinal, quais seriam os principais motivos? Com mais conhecimento de causa, será que os médicos pediatras não poderiam dar “pistas”?

O “pão e circo” no Dia do Trabalho

Na última terça-feira (primeiro de maio) foi o Dia Mundial do Trabalho. Dia que pelo mundo uns comemoraram e outros refletiram e protestaram. Em vários países latino-americanos, como Argentina, Paraguai e Colômbia, os trabalhadores tomaram as ruas para protestar contra o desemprego, política econômica e governo. Em Assunção, gritando palavras de ordem contra a política econômica do governo, centenas de operários e líderes sindicais paraguaios lembraram da data em um ato na frente do Panteão Nacional dos Heróis. O mesmo tom de protesto ecoou na Colômbia, com seus trabalhadores tomando as ruas das principais cidades do país contra o desemprego, além de denunciar as ligações de políticos do governo com paramilitares americanos. Na Argentina, a Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA) e organizações políticas e sociais opositoras lembraram o assassinato do professor Carlos Fuentealba, de 40 anos, morto por um policial durante a repressão a uma passeata há cerca de um mês. Sua  morte também foi evocada por professores que marcharam para o local onde ele foi atingido. Enquanto isso, na mesma data, no mesmo dia do trabalho, um país chamado Brasil trocou o protesto pela festa, provavelmente porque este país, diferentemente dos outros, não vive a crise do desemprego, nem a crise da corrupção institucionalizada. Shows gratuitos e sorteios de prêmios patrocinados pela CUT e pela Força Sindical prevaleceram sobre a discussão de temas importantes, como a falta de políticas de inclusão, de uma educação de qualidade, e a flexibilização trabalhista. A Força Sindical gastou cerca de R$ 3 milhões na festa em São Paulo, que teve sorteio de dez carros no valor de R$ 23 mil cada e cinco apartamentos de valor de R$ 50 mil. A programação teve ainda mais de 40 shows gratuitos, entre eles Zezé di Camargo e Luciano, Daniel, Exaltasamba, Fábio Jr., entre outros. Para não dizer que o sentido político foi totalmente desprezado, resolveram escolher o tema ecológico, intitulado: “Os Trabalhadores em Defesa do Planeta”, e distribuíram 20 mil mudas de plantas nativas. Nada contra a consciência ecológica, mas no Dia do Trabalho, não seria mais coerente fazer a tão necessária pressão aos políticos para assumirem de uma vez por todas o papel que lhes compete de criar condições para governar este país rumo a um verdadeiro desenvolvimento? Não seria pertinente discutir a reforma trabalhista, depende a tão prometida geração de emprego e renda? Sim porque sem reformas não há projeto de desenvolvimento que resista. Festejar o dia do trabalho no Brasil, mesmo que inconscientemente, é como validar a realidade em que vivemos. Nada contra a alegria, mas em tempos de desemprego e de desigualdade social, no Dia do Trabalho mais do que comemorar deveríamos no Brasil refletir e protestar, seguindo o exemplo da grande maioria dos país tanto do terceiro como do primeiro mundo. Sim porque nos países da Europa a ênfase foi reivindicar. Não parece que há uma clara intenção de desfazer a necessidade da mobilização em torno de questões que afetam mais de perto os trabalhadores e todo o setor produtivo do país? Ou seja, manter o país na ilusão de que apesar da carência e da violência, tem a festa que compensa. Observando mais esta edição do Dia do Trabalho, da forma como se repete todos os anos no Brasil, fica mais fácil de compreender porque somos o que somos e estamos onde estamos. Culpa de quem? Bem, se existe algum culpado (e neste caso existe e é preciso deixar bem claro) não é somente dos trabalhadores e de suas lideranças sindicais, mas também das entidades empresariais que se omitem e desta forma estão contribuindo para a acomodação, tal qual o “pão e circo” dos tempos de Roma.