Fim de ano é tempo de festejos. Tempo de pedir e de agradecer. Mas também tempo de retrospectiva e introspecção. Tempo de reflexão e previsão. Refletir sobre como foi o ano que passou. Prever como será o ano que está por vir. Em ambos, eu comigo mesmo, sem colocar o que aconteceu de errado nos “ombros do outro”, nem transferir a responsabilidade do que poderá acontecer para o “colega ao lado”. Entenda-se como outro, todos os outros que não sou eu, inclusive aquele outro Todo Poderoso chamado pelo nome de Deus, fonte de esperança (seja o que Deus quiser) e fonte de resignação (Deus quis assim). É costume, ou melhor, é mais cômodo, colocar a responsabilidade no outro. Pedimos para Deus e, quando não acreditamos Nele, à sorte. Seja pela via de Deus ou da sorte, o que fazemos ao recorrermos ao outro é nos isentarmos do fardo da ação. Neste momento de fim e reinício de ano, quem sabe não seria mais justo e honesto voltar-nos para si para pedir e agradecer a nós mesmos? Pedir para que eu me empenhe na busca da concretização de meus sonhos, não desistindo diante da primeira dificuldade. Pedir a mim mesmo para que, ao mesmo tempo, que eu me empenhe, eu não passe dos limites, infringindo o direito do outro. Como fazê-lo? No mínimo me obrigando a não fazer ao outro aquilo que eu não gostaria que fosse feito a mim, o que podemos considerar quase como um imperativo ético. Antes de pedir, nada mal medir. Medir o que deixei de fazer, onde a virtuosidade faltou e onde sobrou, ou seja, quais delas me conduziram a excelência e ao prazer de viver. Além de medir e pedir, afinal todo o ser humano carece por reconhecimento, também caberia dar graças a mim mesmo por tudo que consegui produzir. Enfim, final de ano é um bom momento para, além de festejar, colocar a moleira a pensar no que passou e não voltará jamais e olhar o futuro como um tempo em potência por realizar. Entenda-se por realizar: trabalhar, consumir, passear,… Todas estas coisas como parte coerente de um grande todo: a vida. Afinal, existe algo maior do que a vida? A cosmologia dirá que é o mundo. Mais é só uma questão conceitual. Entenda-se que para o mundo a vida é tudo, pois não há mundo sem vida. O poeta dirá que “a vida é o coração do mundo”. Valemo-nos da razão para saber viver a vida e da emoção para vivê-la intensamente, na boa convivência comigo mesmo e com os outros.
Arquivo mensais:dezembro 2007
O Paradoxo do Desejo
O PARADOXO DO DESEJO – Hobbes e a mecânica do desejo nas relações de poder
Marcos Kayser
O desejo que Hobbes trata no seu classico “Leviatã” mereceu um olhar particular de Marcos em sua dissertação de mestrado em Filosofia.
Desejo que aparece em Hobbes como uma força, um impulso que move a vida, mas que, por sua desmedida insaciabilidade, coloca o homem sob constante ameaça da morte.
É a “guerra de todos contra todos” em que o desejo de um conflita com o desejo do outro. Desejo como fonte de vida e morte, o paradoxo que invade as relações entre os homens de todas as gerações e provoca a inquietante pergunta; será possível manter acesas as chamas do desejo sem que elas consumam o homem?