Reflexão sobre o tempo

Há momentos na vida como as festas de aniversário, Natal, Ano Novo e carnaval, que nos surpreendem pela velocidade com que retornam. Rapidamente estamos diante delas novamente, como se tivessem ocorrido ontem. Tudo porque estamos condenados ao tempo. Muitos filósofos pensaram e escreveram sobre o tempo. Um deles foi Agostinho, que viveu aí pelos anos 400 d.C.. Para Agostinho, o tempo existe apenas como algo que a nós escapa: “O que é o tempo, afinal?” pergunta ele e responde: “se ninguém me pergunta, eu sei, mas se me perguntam e eu quero explicar, já não sei”. Ou seja: experimentamos o tempo, mas não conseguimos dizer o que é. O tempo foge, escorrega, escapa, está sempre em movimento. Quando falamos nele, já é passado.

Um dos maiores desejos do homem moderno foi medir e controlar o tempo, talvez motivado pelo sonho de poder dominá-lo. Inventamos o relógio para controlar o tempo. Uma invenção para dar conta de outra. Mas diante do tempo inventado, haverá um tempo real?

Na Antigüidade, o tempo era medido de acordo com os ciclos da natureza: o dia e a noite, as quatro estações. Foi apenas no século XIII que o homem inventou o relógio mecânico.

A grande revolução que o relógio mecânico permitiu foi a possibilidade de ordenar a vida das pessoas com precisão (horas, minutos, segundos). Uma revolução que mudou para sempre a organização do trabalho e da sociedade. E a vida passou a ser determinada pelo ritmo incessante do relógio. Um marcador, um número, para controlar uma humanidade.

Hoje, sabemos que o tempo não está no relógio. O relógio é um signo, um símbolo de uma convenção. Agora, haverá outros tempos? Dizem os físicos que sim. Aqui por uma questão de tempo não vamos discorrer sobre estes outros tempos postulados pela ciência. O tempo aqui se reserva a pensar o tempo do senso comum, daquele que não vive a vida sem o tempo. E por falar de vida, a própria vida, em certo aspecto, é o tempo. Tempo entre a vida e a morte. Tempo como condição de existência. Termina o tempo, termina a vida. Quanto mais o tempo passa, menos tempo temos, pois nós passamos no tempo. Tiremos o tempo, que outra vida teremos? Fora do tempo? Nós, fora do tempo, seremos nós mesmos? Será possível pensar a vida sem o tempo? Uma coisa é certa: estar no tempo sem tempo não é vida.

Uma cidade, duas prefeituras

Cansa falar de política. Não distintamente, cansa ouvir sobre política. Menos por interesse, afinal, todos sabem da vitalidade da política, mais porque a confiança nos políticos foi perdida. A política trata do bem comum, portanto deve interessar a todos, já que dela depende o que mais desejamos em nossas vidas: a felicidade. É no campo da política que ocorrem as principais decisões que norteiam a relação entre os indivíduos numa sociedade civilizada. Assim, é prudente por nós e pelos nossos (sendo bem egoísta, poderia aqui ser altruísta) não perder a política de vista, mesmo que isso demanda certo grau de sacrifício do aparelho digestivo. Neste ano de 2008 temos eleições municipais o que sugere um esforço concentrado nas propostas e posturas dos candidatos ao executivo e ao legislativo. Recomenda-se conhecer seus projetos prioritários e como farão para colocá-los em prática. Não nos contentemos com as promessas de empenho na resolução dos problemas tradicionais, nem com aquele que afirma que vai trabalhar pela educação ou pela segurança, ou por quase tudo. Relembrando, ao executivo compete administrar a cidade, prestar os serviços básicos com qualidade, manter a cidade limpa e investir no seu desenvolvimento, atendendo as prioridades eleitas pela maioria da comunidade. Aqui já reside um grande problema. Os prefeitos, em grande parte, não possuem instrumentos de participação contínua da comunidade, ou dos representantes da sociedade civil, organizada em associações e entidades. O governo se instala e o prefeito faz o que ele considera prioritário sem usar uma metodologia que possa dar credibilidade e eficiência. Os planos de governo da época de campanha são demagógicos e não atendem as premissas de um planejamento estratégico como é recomendado, fora que em sua maioria só servem para o período que antecede a eleição. Aqui no Paranhana os candidatos têm um belo conteúdo nas mãos, talvez como jamais tiveram. É o relatório 2007 da Agenda Paranhana 2020, com seus 39 projetos, cuja execução, em boa parte, compete ao setor público que deve incorporá-los em seus planos de governo. Agenda que é uma iniciativa abrangente que reúne a participação da sociedade civil e dos próprios políticos. Votarei no candidato que demonstrar conhecimento da Agenda e assumir publicamente o comprometimento com ela, além é claro de buscar informações a respeito do seu histórico, por onde andou e o que fez, para tentar medir o grau de competência. Isso vale para a escolha do prefeito e do vereador. Estes últimos, em muitas cidades, estão fazendo da Casa Legislativa uma segunda prefeitura, distorcendo totalmente sua função. Investem em obras e executam serviços sob a alegação de que o executivo não faz a sua parte, nem responde suas solicitações. Estes vereadores ignoram intencionalmente que cabe a eles fazer com que o prefeito cumpra suas obrigações, e, para tal, possuem a legitimidade para, em último caso, recorrerem inclusive a um processo de cassação. O que não dá mais pra tolerar é uma cidade possuir dois governos: o do prefeito e o dos vereadores. Haja arrecadação.