Personalidade: determinação genética ou ambiental?

Por que somos assim como somos? A genética determina nosso jeito de ser ou é a convivência com pais, amigos e sociedade? É possível mudar? Estas são questões trazidas na reportagem principal da revista Super Interessante deste mês de janeiro. A reportagem cita o caso das irmãs iranianas que viveram 29 anos grudadas e morreram na cirurgia que tentou separá-las. A opção pela cirurgia, foi delas próprias, mesmo sabendo do alto risco de vida que corriam. Elas desejavam cada uma viver a sua própria vida já que muitos de seus pensamentos e desejos não eram compatíveis, apesar de geneticamente idênticas. Uma desejava ser advogada outra jornalista. Uma era mais extrovertida, outra mais tímida, fora outras diferenças. Conclui-se, por este e outros acontecimentos, que o nosso DNA, ou seja, a nossa genética não determina a nossa personalidade sozinha. A genética apenas pré-dispõe o indivíduo a ser de uma forma. As últimas pesquisas no campo da ciência mostram que é a interação entre genética e ambiente que define quem somos e o que seremos. Um problema da fala causado geneticamente pode desencadear uma timidez exagerada. Agora, se os pais e amigos desta criança durante a sua educação intervirem, buscando a superação de um eventual medo, são grandes a chance de mudar a tendência. Os pais têm papel fundamental no processo de formação da personalidade dos filhos. E parece que muitos pais não se dão conta.  Um bebê recém nascido é como um molde de argila que é moldado a partir da convivência e da troca de afetos com seus pais. Talvez resida aí o “calcanhar de aquiles” (um dos) dos tempos modernos, no que tange à formação da personalidade do indivíduo que se dá enquanto criança. Os tempos modernos, pós-modernos com muitos pensadores chamam, são caracterizados pela escassez de tempo para o convívio familiar. Os pais dedicam hoje um tempo muito maior ao exercício de sua profissão do que antigamente, chegando a trabalhar mais de 12 horas por dia e para isso as novas tecnologias auxiliam. O celular toca a qualquer horário, em qualquer lugar. A Internet está disponível inclusive nos finais de semana e praticamente em todas as partes habitáveis do planeta. As dificuldades de empregabilidade obrigam à muitos constituírem o seu próprio negócio e aí, realmente, trabalhar não tem hora. O empreendedor pensa na empresa quase nas 24h do dia, até sonhando, quando não em pesadelo. Resultado: menos horas dedicadas ao convívio, ao diálogo com as crianças, a troca de afetos, ao vínculo. Daí vem muitas patologias, ou seja, doenças comuns ao nosso tempo, conforme atestam os psicólogos. O distanciamento afetivo com os pais leva os jovens a buscar referências fora. É quando entra a influência dos amigos, da televisão, e outras fontes de referência que corroboram na constituição psíquica. Por fim, se confirma a afirmação do filósofo Willian James que bem antes dos tempos modernos, em 1890, já dizia: “O homem tem tantos eus quantos são os indivíduos que o reconhecem”, antecipando que não é só a genética que determina. Somos o que somos a partir da convivência com os eus dos outros e os principais eus pelos quais somos recepcionados no mundo são os eus dos nossos pais.

Entre o deus mercado e o Deus da tradição

“Proibida a entrada”, esta é a ordem colocada por policiais nas portas das igrejas que vêm sendo fechadas nos últimos meses nos Estados Unidos. Apesar do apelo dos fiéis católicos que fazem vigília na tentativa de manter as igrejas abertas e sensibilizar o Vaticano, igrejas até mesmo com uma história arquitetônica de  mais de um século não estão sendo poupadas. A decisão da Igreja Católica faz parte de uma ampla e polêmica reorganização econômica administrativa que deverá afetar a maioria das paróquias americanas nos próximos anos. Ao longo da última década, as dioceses de todo o país estão consolidando paróquias diante dos crescentes custos de manutenção, bem como, o envelhecimento dos padres e o encolhimento das congregações. A teologia se curvando para a economia. Tal medida vem provocando protestos principalmente em Boston, Chicago e Detroit, mas a situação em Syracuse e outras cidades fabris em declínio no interior de Nova York é mais grave, já que o número de católicos encolheu mais depressa que a população em geral. Segundo o padre James Lang, das paróquias da Diocese de Syracuse, a Igreja teria que gastar muitos recursos para manter os prédios abertos. “É uma questão simples”, disse Chester Gillis, presidente do departamento de teologia da Universidade de Georgetown. “Se há menos pessoas doando para a igreja, se torna irreal – e financeiramente irresponsável – manter o prédio aberto”.

Três Coroas: uma referência positiva

“O bebê é algo que não existe”, dizia Winnicott para dar ênfase ao papel da mãe na formação psíquica do indivíduo. A mãe representa a primeira referência para o bebê e nesta convivência se estabelece o padrão afetivo do ser. Se positiva a relação, tenderá o adulto a ser mais centrado, menos neurótico, mais seguro de si e responsável, suficientemente forte para suportar as arguras da vida. No decorrer da estadia no mundo as referências se multiplicam e continuarão sendo condicionantes da personalidade, ou seja, da nossa forma de ser no mundo. Da mesma forma que a referência positiva é indispensável à dimensão psicológica, o é no âmbito da sociedade e da política, seja pública, seja privada. Com a referência aprendemos, identificamos qualidades e virtudes das quais podemos nos apropriar a todo instante. E é neste sentido que mais uma vez Três Coroas aparece como referencial para as demais cidades, repetindo o feito de ficar entre o seleto grupo das 100 cidades do Estado com melhores Índices de Responsabilidade Fiscal, Social e de Gestão (IRFS), mais especificamente na 26ª posição, como a única cidade do Paranhana. O Índice de Responsabilidade reflete o desempenho dos municípios, apurando indicadores que medem o nível de endividamento, a proporção da receita gasta em pessoal, percentual de professores com nível superior na rede municipal, cobertura vacinal, taxa de mortalidade infantil, entre outros. Em suma, o índice apura o resultado obtido a partir da aplicação dos recursos públicos no município. Além deste índice, há outros exemplos práticos que colocam Três Coroas numa condição de excelência, na comparação com outras realidades, o que, ao mesmo tempo, não é sinônimo de perfeição. Condição que não é de hoje, não surgiu do nada, não é por acaso. Houve uma construção de toda a comunidade, na qual o prefeito, seus funcionários, secretários, vereadores, enfim, a administração municipal tem papel chave.  Parabéns a toda Três Coroas!

Reflexões sobre o tempo

Há momentos na vida como as festas de aniversário, Natal, Ano Novo e carnaval, que nos surpreendem pela velocidade com que retornam. Rapidamente estamos diante delas novamente, como se tivessem ocorrido ontem. Tudo porque estamos condenados ao tempo. Muitos filósofos pensaram e escreveram sobre o tempo. Um deles foi Agostinho, que viveu aí pelos anos 400 d.C.. Para Agostinho, o tempo existe apenas como algo que a nós escapa: “O que é o tempo, afinal?” pergunta ele e responde:  “se ninguém me pergunta, eu sei, mas se me perguntam e eu quero explicar, já não sei”. Ou seja: experimentamos o tempo, mas não conseguimos dizer o que é. O tempo foge, escorrega, escapa, está sempre em movimento. Quando falamos nele, já é passado.

Um dos maiores desejos do homem moderno foi medir e controlar o tempo, talvez motivado pelo sonho de poder dominá-lo. Inventamos o relógio para controlar o tempo. Uma invenção para dar conta de outra. Mas diante do tempo inventado, haverá um tempo real?

Na Antigüidade, o tempo era medido de acordo com os ciclos da natureza: o dia e a noite, as quatro estações. Foi apenas no século XIII que o homem inventou o relógio mecânico.

A grande revolução que o relógio mecânico permitiu foi a possibilidade de ordenar a vida das pessoas com precisão (horas, minutos, segundos). Uma revolução que mudou para sempre a organização do trabalho e da sociedade. E a vida passou a ser determinada pelo ritmo incessante do relógio. Um marcador, um número, para controlar uma humanidade.

Hoje, sabemos que o tempo não está no relógio. O relógio é um signo, um símbolo de uma convenção. Agora, haverá outros tempos? Dizem os físicos que sim. Aqui por uma questão de tempo não vamos discorrer sobre estes outros tempos postulados pela ciência. O tempo aqui se reserva a pensar o tempo do senso comum, daquele que não vive a vida sem o tempo. E por falar de vida, a própria vida, em certo aspecto, é o tempo. Tempo entre a vida e a morte. Tempo como condição de existência. Termina o tempo, termina a vida. Quanto mais o tempo passa, menos tempo temos, pois nós passamos no tempo. Tiremos o tempo, que outra vida teremos? Fora do tempo? Nós, fora do tempo, seremos nós mesmos? Será possível pensar a vida sem o tempo? Uma coisa é certa: estar no tempo sem tempo não é vida.