No caos é mais fácil votar (errado)

Quando uma cidade, um Estado ou um país caminham a passos largos para o desenvolvimento, para aquela condição da boa vida na cidade, desejo de todos, é muito mais fácil votar, seja para prefeito, vereadores e outros cargos. Basta confirmar os responsáveis, de boa conduta e bom desempenho em seus mandatos. Agora, quando vivemos situação de precariedade, evidenciada numa cidade sem hospital, nem praça, é fácil errar. O discurso dos candidatos é praticamente uniforme: “vote na diferença”; “vote na renovação”; “vote em que não promete, mas faz”; e por aí vai. Assim, para votar, não precisa nem pensar, é só sortear. Há aqueles que se aproveitam das carências para sensibilizar, como se muitos deles não tivessem participação no processo de degradação. O discurso se reduz as críticas e promessas sem propostas concretas de reversão do estado de calamidade. Diante do microfone prometem: lutar pela saúde, priorizar a segurança, defender os direitos do idoso e da criança e prosseguem com a obviedade, que, apesar de inócua, a muitos seduz.  Há candidatos que se arriscam em falar de projetos, mas na própria fala demonstram desconhecer noções de planejamento, do conjunto de ações com início e fim que visam objetivos mensuráveis e compreendem estudo de viabilidade, metas, indicadores, responsáveis, orçamento, cronograma, enfim, todas as etapas de um trabalho digno de ser designado como de excelência da qualidade. Impressiona a omissão do “como”. Será que por desconhecimento ou por estratégia eleitoreira? Talvez porque o “como” possa comprometer ou expor a real condição do candidato. O “como” também indicia. Como vão reestruturar um hospital interditado que tem uma dívida privada (dizem que é impagável), diante dos recursos públicos escassos? Vão construir um hospital novo, mas como? Como vão aumentar a segurança no centro urbano e no meio rural se não há suficiente contingente policial? Como imaginar uma gestão competente sem um plano decente? Sem o “como” é difícil avaliar. É quase uma irresponsabilidade votar. Já é do senso comum que não se pode confiar, afinal, os eleitos vão governar e legislar já se sabe como. Mesmo que é difícil de acreditar, resta o compromisso individual do cidadão consciente e conseqüente, que, por uma questão social (e não assistencial), precisa escolher um nome, em nome da sua própria felicidade, mas que represente os anseios da coletividade. É bom lembrar que ninguém se dá bem sozinho, depende da sociedade por mais insociável que seja. Infelizmente, esperança quase não há, mas, ainda resta tempo para algum candidato arriscar um “como”.

Discurso de posse da Cics-VP

É uma grande satisfação participar deste momento em que o Paranhana se reúne não apenas para celebrar a posse de uma diretoria, mas para expressar apoio a uma instituição, cuja história de ação e representação completa 77 anos: a CICS

Sinto-me pequeno diante das proporções que o cargo de presidente da CICS configura, mas muito honrado pela confiança no meu trabalho. Confiança que devo especialmente aos  associados da entidade e desta diretoria, com o qual compartilho tropeços e glórias quase que dia a dia.  Parece que foi ontem que estávamos aqui falando em borboleta que bate asas na Indonésia, em Teoria do Caos, em ideais, em utopias. Falamos também numa tal de Agenda que não passava de uma pretensão de reunir de pessoas para pensar o futuro da nossa região sem desprezar o passado, discutir idéias, sugerir projetos e se integrar. Muito do que se disse naquela ocasião não mudou. O bater das asas da borboleta, continua podendo provocar estragos por toda parte. Já quanto a Agenda, da intenção evoluiu para o fato. Prefeituras e entidades foram pioneiras ao promoverem a oportunidade para se elaborar um plano regional, cujo ideal comungado por todos é tornar o Paranhana um lugar de primeiro mundo. Ideal não no sentido de um arquétipo inatingível, mas um ideal que é real. Se olharmos para os projetos que estão na Agenda, veremos que alguns projetos já existiam e foram integrados para serem ampliados para todas as cidades. Outros são novidades. Dentre os projetos que já são realidades encontramos o projeto de reciclagem desenvolvido pelas indústrias calçadistas de Três Coroas, coordenado pelo Sindicato das Indústrias de Calçados de Três Coroas; o processo de capacitação do APL Calçado também liderado pelo Sindicato em parceria com o Sebrae; o Selo Ecológico também liderado pelo Sindicato de Três Coroas, que certifica as empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável. E para não ficar só em Três Coroas e só no Sindicato, temos o portal da Transparência que já está disponível na Internet no endereço www.paranhana.org.br, sob coordenação da CICS traz dados dos mais variados e atualizados da nossa região, servindo de indicadores sobre como estávamos e como estamos.  E para não ficar só na iniciativa privada temos o projeto do planejamento estratégico seguido modernas ferramentas de gestão como vem ocorrendo nas prefeituras de Igrejinha e Três Coroas e deve ocorrer em todos os municípios do Paranhana, conforme Termo de Compromisso, assinado recentemente por todos os candidatos à prefeito da região. Estes exemplos nos permitem, sem soberba nem falta de humildade, concluir que a Agenda é uma realidade. Claro que ainda é cedo e é muito pouco diante de alguns quadros críticos que temos. Mas, quem sabe, se o nosso utilitarismo pragmático permitir, com paciência, participação dedicada e eficiência poderemos daqui há dois anos comemorar melhores resultados. Minha esperança é que mais pessoas e principalmente as lideranças públicas e privadas, abracem a causa, cada um desempenhando o seu papel dentro desta grande obra em que a Agenda pode se constituir.

Se me perguntarem de novo, mas pra quê, ainda terei a mesma resposta: porque o meu egoísmo percebe que a vida minimamente confortável que desejo depende do outro. Se não for por uma questão moral ou religiosa, que seja pelo este egoísmo conscientizado de que só pela via da união de forças organizadas haverá alguma possibilidade de enfretamento da precariedade. Nome que pode parecer exagerado, mas que considero adequado a realidades vivenciadas como são os casos da falta de um hospital regional e a falta de contingente policial.

E para não ficar só na Agenda, iniciativa que não é sustentada apenas pela CICS, mas também pelas seis prefeituras do Vale em conjunto com instituições privadas, a CICS no biênio que passou cumpriu com mais alguns propósitos. Conseguiu conquistar o equilíbrio econômico financeiro, hoje não há dívidas.  Modernizamos um pouco a estrutura, melhorando equipamentos, renovando a pintura externa do prédio com a ajuda de empresários da cidade, implantando sistema de ouvidoria e controle de projetos e indicadores. Consolidamos o Mapa Estratégico da entidade. Ampliamos a comunicação com o associado que através de neewsletter, notícias em rádio e jornal é inteirado sobre as deliberações da diretoria. Retomamos o PGQP (Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade) do qual fomos recentemente considerados comitê regional destaque. PGQP que deverá continuar sendo uma prioridade desta gestão com a projeção de que no ano que vem todas as prefeituras e Câmaras de Vereadores devem adotar o programa conforme se comprometeram. E a CICS está de porta abertas para aqueles que desejarem conhecer o Programa a fim de agregarem mais qualidade e produtividade as suas organizações, independentemente do tamanho. Realizamos ainda ações de representação como a ocorrida frente ao episódio do viaduto da RS115 e 239. Enfim, a partir deste breve balanço, acho que cumprimos com boa parte dos nossos deveres, com a ressalva de que poderíamos ainda ter feito mais e melhor.  Para finalizar é imprescindível destacar que o trabalho só foi possível porque tivemos o apoio do nosso associado a quem sou grato. Também aos nossos colaboradores internos que demonstram comprometimento e responsabilidade. À nossa diretoria, sempre disponível e tolerável com meus excessos, mostrando que é possível compor uma diretoria que transcende a uma mera formalidade. Ao poder público que tem demonstrado sinais que deseja acolher nossas aspirações. Às instituições parceiras, que são muitas e devido ao tempo exíguo é prudente não citá-las. Aso facilitadores da Agenda, trabalho voluntário. A minha empresa e as nossas empresas que permitem o compartilhamento do nosso tempo privado com a entidade. À minha família, mil perdões pelas faltas. Enfim, a todos vocês, muito obrigado