O baixo investimento em educação no Brasil

O Brasil ficou em último lugar num ranking elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico sobre investimentos por aluno em 33 países. Com um investimento de pouco mais de 1.000 euros (R$ 2.439) anuais por aluno, o Brasil ficou atrás de países como Estônia, Polônia, Eslováquia, Chile, México e Rússia, que gastam anualmente entre 2.700 e 1.400 euros (entre R$ 6.586 e R$ 3.415) com cada estudante.
Portugal investe em média cerca de 4.200 euros (R$ 10.246) por estudante, o que coloca o país na 22ª posição. Os Estados Unidos lideram o grupo com cerca de 9.000 euros (R$ 21.956), seguidos da Suíça, Noruega, Áustria, Dinamarca e Suécia, com valores que variam entre 8.500 e 6.450 euros (entre R$ 20.736 e R$ 15.735). No quesito tempo em sala de aula por cada aluno entre sete e 14 anos, o Chile, país do mesmo continente que o nosso, lidera com quase 9.000 horas (o equivalente a permanecer 366 dias ininterruptos na sala). Não é por acaso que o Chile deu a volta por cima depois da ditadura de Pinochet, e nós? Bem, da ditadura pra cá, o ensino, pelo que se tem conhecimento, só decaiu. Na época da “linha dura”, os professores em sala de aula eram mais exigentes o que surtia efeito positivo no grau de comprometimento dos alunos e também no engajamento dos professores, na preocupação que tinham com a disciplina dos alunos sem desrespeitar seus direitos (mínimos, é claro). A conseqüência do investimento aquém dos outros países coloca o Brasil em desvantagem na competição de mercado. Competição que a muitos incomoda, e todos têm motivos, mas que é uma realidade inexorável. O mercado manda, independentemente da nossa vontade.  Sem uma educação de qualidade, que prepare os alunos para a competitividade, que puxe pela criatividade, senso crítico, deveres e capacidade empreendedora (no mínimo isso), estaremos ficando com as sobras. Recente pesquisa divulgada nos meios de comunicação já expõe sobre a dificuldade dos adolescentes na faixa etária dos 18 aos 24 anos conseguirem emprego. Emprego será coisa rara e a via de superação é a criação do próprio negócio caracterizado pela inovação. Para isso é preciso boa formação do aluno condicionada a boa formação do professor. Curso superior não basta, até porque muitas faculdades deixam desejar em exigência da qualidade. Perguntemos aos professores: quantos livros lêem em média por mês? Quantos já tiveram experiências empreendedoras? Quantos falam inglês? Se as respostas forem negativas, já se sabe o futuro que nos espera.