Comentários sobre a falta de mão-de-obra generalizada não só na região como no país como um todo já viraram rotina. Nas conversas entre empresários e entre aqueles que procuram por pessoas qualificadas para preencherem vagas de trabalho é uma constante. Parece que este passou a ser um problema vivenciado por todos. Há algum tempo a carência era observada em áreas com maior grau de exigência, como ocorria nas áreas de alta tecnologia. Hoje a situação se agravou e atinge praticamente todos os setores. Para contratar uma secretária temos que realizar uma quantidade enorme de entrevistas até achar aquela que minimamente preenche os requisitos. Para contratar um pintor, um jardineiro, uma faxineira, uma empregada doméstica, é outra luta. Para contratar um montador de móveis, é preciso encarar quase que uma via sacra, tamanha a dificuldade. Para encontrar um programador em linguagem PHP, que é algo mais específico, mas nada de inédito, é ainda pior. A falta de oferta poderia ter causa num grande boom do mercado, mas isso ainda não ocorreu e a carência já vem de algum tempo, antes mesmo da crise financeira, vivida no ano passado. As indústrias do setor do calçado também enfrentam esta dificuldade e muitas delas restringiram seus planos de expansão principalmente por este motivo. Observando mais a fundo, tendemos a acreditar que o maior problema reside na má formação das pessoas, ou seja, disponibilidade de mão-de-obra qualificada. E isto não parece ser exclusividade de um eventual aumento dos padrões de exigência dos empregadores mas sim porque se verifica uma certa decadência no perfil do trabalhador. Quando se pensa em construir distritos industriais é preciso atenção especial e preocupação para este fato, pois se há o interesse de captar novas empresas é preciso também se preocupar em formar mão-de-obra qualificada, dificuldade que hoje o Brasil tem e o Paranhana não foge a regra. Uma outra questão, dentro deste mesmo tema, é sobre qual é o papel das escolas e das faculdades nesta carência de mão-de-obra qualificada, pois, como sabemos, uma das principais fontes do conhecimento e do aprendizado de técnicas ainda são elas.
Marcos Kayser
Filósofo