Uma cidade do interior com trânsito de capital

Quando se escolhe uma cidade para morar, quando é possível escolher, é claro, se avalia suas opções de lazer, parques, praças, bares, restaurantes; suas opções de ensino e culturais, escolas, faculdades, cinemas, teatros; sua estrutura de saúde, médicos, postos, hospitais; e a segurança, baixos índices de criminalidade, assaltos e furtos. O trânsito é um item que nem se precisa avaliar, pois cidade do interior é sinônimo de trânsito tranqüilo. Mas nem sempre isso acontece, pois há cidades pequenas que conseguem administrar mal o trânsito, tornando-o confuso e congestionado em muitos momentos. A solução não é nada complexa, se comparado as grandes cidades que necessitam construir viadutos e metrôs para resolver seus problemas. Uma reorganização do trânsito a partir de um levantamento técnico, acrescido a uma boa dose de coragem e disposição são caminhos naturais para por ordem na rua. Coragem e disposição porque mudanças no trânsito podem gerar descontentamento de alguns, o que nem sempre os governos estão dispostos a enfrentar, mesmo que tenham ao seu lado o embasamento técnico. Para ilustrar, vejamos o trecho da rua Rio Branco entre a rua Bento Gonçalves e 17 de Junho, em Taquara. Com sentido duplo e carros estacionados em ambos os lados, é praticamente intransitável. Porque não colocar mão única como acontece na extensão desta rua ou proibir o estacionamento num dos lados? O mesmo problema de espaço, acrescido do alto tráfego motivado pelas escolas que ficam nos arredores, acontece na rua do Ricardinho e do Dorothea. Isso que as escolas já se manifestaram há décadas, solicitando medidas e, até hoje, nada. Dividindo um pouco a responsabilidade dos órgãos competentes pelo trânsito no município, há casos de estabelecimentos comerciais que são construídos sem estacionamento privativo. Tem um caso em Taquara de uma construção recente que o comerciante proprietário fez um recuo de apenas dois ou três metros. Se tivesse feito um recuo um pouco maior, permitiria que ali estacionassem os carros de sua clientela, que hoje acabam ocupando o estacionamento já esgotado da rua. Sem contar que os caminhões que entregam suas mercadorias também ocupam o estacionamento da rua. A falta de bom senso e consciência comunitária, talvez pudesse ser corrigida com uma nova normatização que obrigasse as construções novas a construírem estacionamento para seus clientes. Outro acontecimento corriqueiro é a interrupção de cruzamentos por parte dos motoristas. Em Taquara ocorre frequentemente no cruzamento entre as ruas Marechal Floriano e Bento Gonçalves, que seria facilmente corrigido se os motoristas que estão na fila da sinaleira da Marechal não posicionassem seus carros justamente no cruzamento, impedindo que os carros que estão na Bento cruzem. Apesar disso, a grande maioria dos problemas tem soluções que não demandam grandes investimentos, nem traumas, bastando estudo técnico, coragem e disposição para o enfrentamento daqueles que só pensam em si mesmos. Se continuar assim, e a situação piora em dia de chuva, nas sextas-feiras, nos horários de maior fluxo, Taquara vai ter a vantagem de ser uma cidade do interior com a desvantagem de ter um trânsito de cidade grande.

Marcos Kayser