Todos temos preferências por esta ou aquela cidade e os motivos variam de acordo com os sentidos e sentimentos de cada um, apesar de termos alguns motivos comuns como são os casos da boa estrutura de educação, saúde, segurança, cultura e lazer que uma cidade pode nos oferecer. A revista The Economist, em recente pesquisa, escolheu Vancouver como a cidade com melhor qualidade de vida do mundo, com Viena ficando em segundo lugar. A lista claramente relacionou seu conceito de qualidade de vida à língua falada: o inglês. Viena e Helsinque são as duas únicas exceções na lista da The Economist. As demais são Melbourne, Toronto, Sydney, Adelaide, Auckland. A revista também deu preferência para cidades do velho Império Britânico, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, talvez por causa da qualidade dos seus sistemas de educação e saúde. Mas nenhuma cidade da Ásia, África, América do Sul ou dos EUA consta na lista das Top 10. Assistência médica e educação são importantes, mas, salvo no caso de Viena, a pesquisa parece não ter dado ênfase à cultura. Ar limpo também é importante, o que automaticamente deixaria de fora Xangai e Hong-Kong, duas das mais vibrantes e poluídas cidades do mundo. O crime tem de ser levado em conta, o que colocaria de fora Cidade do Cabo e Rio de Janeiro. Todas as cidades escolhidas são democracias decididamente liberais e estáveis, o que as diferenciam muito do mundo em desenvolvimento. Os americanos adoram Londres, centro financeiro que tem uma intensa vida cultural. Mas é preciso muito dinheiro para viver na capital britânica. Segundo Oscar Wilde, quando todos os bons americanos morrem, eles vão para Paris. Para um artista pobre, Berlim pode ser o lugar ideal, com seu entusiasmo criativo e moradia barata., Barcelona pode ser uma boa escolha se a preferência for o Mediterrâneo. Istambul, pelo romantismo, Salzburgo pelo charme, Cingapura pelo aspecto prático e San Francisco pelo cenário e ambiente. Todas tem motivos de sobra para estarem dentre as cidades preferenciais. E para nós brasileiros, cidadãos de um país que ainda não pode ser considerado desenvolvido, pela série de carências que possui, qual cidade brasileira seria a nossa preferencial para viver, trabalhar e até morrer? Por curiosidade, seria a cidade onde se vive atualmente?
Arquivo mensais:junho 2010
A espinhosa questão da meritocracia na educação
O Jornal Zero Hora do dia 30 de maio, trata mais uma vez o tema educação, fazendo um abordagem sobre a espinhosa questão da avaliação dos educadores, chamada também de meritocracia. Já é praticamente consensual o entendimento de que o fator mais decisivo para definir o quanto uma criança aprende na escola é a qualidade do seu professor. O economista americano Eric Hanushek, da Universidade de Stanford, pesquisador eminente na área, descobriu que o aluno de um professor excelente em uma escola ruim aprende mais do que o de um professor ruim em uma escola excelente. A Zero Hora revelou outro achado de impacto: o que o bom professor meio ano de aprendizado, o mau professor precisa de um ano e meio. Avaliações internacionais apontam que se aprende pouco nas escolas brasileiras. O desejo de reverter esse quadro tem levado autoridades e educadores e líderes empresariais a mexer em um vespeiro. Há no Brasil um movimento pressionando pela aplicação de critérios meritocráticos dentre os quais o movimento Todos pela Educação, que tem o empresário Jorge Gerdau como um dos líderes. O princípio é dar benefícios, dentre os quais aumento, ao professor que faz os alunos aprenderem e, quem sabe, punir o que não consegue. Talvez o fato de não receber benefícios adicionais por mérito, já seja uma boa punição. E esta discussão não é só brasileira. Aqui está apenas começando. Nos Estados Unidos o presidente Barack Obama criou programas que despejam bilhões em recursos federais nos Estados e distritos que adotarem a prática de pagar conforme o desempenho. No Brasil, há partidários ardorosos e adversários ferrenhos. Segundo o economista Cláudio de Moura Castro, especialista em educação e partidário da meritocracia, “manter o professor ruim é o mesmo que uma fábrica de automóvel não demitir o funcionário que deixa passar carros com defeito na barra de direção – compara”. A oposição mais radical vem dos sindicatos de professores. No ano passado, a proposta do Piratini de oferecer um 14º salário a quem atingisse metas foi torpedeada pelo Cpers. Estranhamente, ou confortavelmente, o Cpers não apresenta nem discute com a sociedade algum tipo de projeto que venha representar uma proposta de melhoria contínua da qualidade do ensino. O embate se dá também a nível federal. O Ministério da Educação anunciou um exame para seleção de docentes, e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) foi para o ataque, vendo por trás da proposta uma maquinação para implantar a meritocracia. “Se a meta é fazer 500 unidades e o funcionário faz 300, pode demitir. Mas transferir isso para a escola não tem cabimento”, disse Roberto de Leão, presidente da CNTE. Um estudo analisou os países com melhor educação. A base era a Finlândia, com o ensino mais bem avaliado. Concluiu que os campeões de qualidade não premiam o mérito. O foco está no recrutamento . Para atrair os melhores, os salários são altos, e a carreira, promissora. Contudo, a oferta de mão-de-obra é excelente, pois as faculdades de Educação tem alto padrão de qualidade. Daí surge uma dúvida, o que vem primeiro: oferecer ótimos salários ou formar com excelência. Este é um debate dos mais importantes que estão não só na pauta internacional, mas também no Paranhana. A Agenda Paranhana 2020 está buscando promover este debate para, quem sabe, encontrar uma solução caseira que deve excluir a possibilidade de medições, afinal , é medindo que se pode melhorar, inclusive salários.