Meu amigo Inácio Knapp, esteve recentemente nos EUA, mais especificamente na cidade de Oshkosh, na trigésima sétima edição do maior evento aéreo do mundo (EAA AirVenture) que recebe uma visitação em torno de 750 mil pessoas. O evento rende para a economia da cidade 110 milhões de dólares, mas o que chama mais a atenção são as características da cidade que o organiza. Oshkosh pertence ao estado de Wisconsin e fica no centro-norte dos EUA, quase fronteira com o Canadá. O nome é uma homenagem a um chefe indígena da região. A cidade tem 62196 habitantes e abriga uma grande universidade estadual – Universidade de Wisconsin, onde a grande maioria dos brasileiros e outros visitantes ficam hospedados. O aeroporto se torna o mais movimentado do mundo, durante a semana do evento, quando recebe milhares de aviões de todas as épocas, formas e tamanhos. Barracas e trailers formam um gigantesco acampamento ao lado do aeroporto e boa parte da população trabalha no evento como voluntária. Voluntariado que é uma marca registrada da cidade. O prefeito local ganha seis mil dólares anuais de remuneração, o que em reais corresponde a aproximadamente 10 mil reais por ano, ou seja, menos de 1 mil reais por mês, quase um trabalho voluntário. Como acontece com boa parte das cidades americanas com menos de 100 mil habitantes, os vereadores não recebem nada, são todos voluntários. No café da manhã coletivo em que o Inácio participou, uma tradição do evento, boa parte dos voluntários era constituída por pessoas na faixa etária dos 80 anos, inclusive alguns com dificuldades de locomoção, ajudados por andadores. O prefeito, que tem uns 40 anos, também arregaçou as mangas e estava carregando mesas e cadeiras. E assim Oshkosh surpreende a seus visitantes de todo o mundo, não só pelo grande evento da aviação que realiza, mas pelo exemplo de voluntariado, inclusive de sua classe política, mais trabalhadora do que política. O Paranhana já tem um evento grandioso pelo envolvimento de muitos voluntários que é a Oktoberfest em Igrejinha. Quem sabe, num futuro não muito distante, mais algum evento de grande porte surja, não só trazendo dividendos, mas difundindo ainda mais o espírito comunitário. E que a região assuma a condição de referencia brasileira do voluntariado.
Marcos Kayser
Arquivo mensais:agosto 2010
Bebê é gente
“Eles têm noção de matemática, são prodígios da psicologia e conseguem diferenciar o bem do mal.” Quando se ouve uma afirmação desta natureza, a primeira impressão é que o sujeito sobre o qual está se falado, não é um ser da espécie humana, não é gente. Talvez possa ser um robô ou, o que é mais provável, um animal. Porém, está se falado justamente de um ser igual a gente, dotado da razão que pensa e sente. Está se falando dos bebês que assim como as mulheres há séculos atrás era um ser inferior que não merecia o mesmo respeito e privilégios que os homens adultos detinham. Assim como mudou o conceito para com as mulheres, está mudando para com os bebês, apesar do inconsciente coletivo ainda inclinar para uma suposta inferioridade dos pequeninos. A psicologia e a neurociência vem colaborando muito para a mudança da cultura vigente, na qual os bebês eram praticamente humanos na fase animal. Conforme diz a frase inicial, hoje já se sabe que os bebês não nascem como uma tabula rasa, ou seja, como uma folha em branco, sem informações e conhecimento. O código genético e o relacionamento com o mundo exterior através da mãe quando na gestação já vão condicionando a formação do indivíduo. Formação que não tem fim, se constituindo e se transformando ao longo de toda a vida até a sua morte. O entendimento deste novo cenário do bebê, é muito importante para que as mães e pais percebam o quanto é determinante o bom cuidado que devem ter com seus filhos mesmo enquanto “solitários” (e nem tão solitários como se pensava) na barriga da mãe. Cuidado remete a atenção, afeto, vínculo, para que aumentem as chances de uma infância tranqüila e uma vida adulta feliz. Uma das iniciativas mais interessantes que já vem sendo realizada dentro desta nova visão de atenção especial aos bebês, é a Semana do Bebê cujo idealizador foi o médico Salvador Célia, falecido em 2008, acontece desde 2000, nos meses de maio, em Canela, e tem o propósito de mobilizar a sociedade e técnicos a discutir a saúde física e mental dos bebês, avaliar os indicadores sociais, dar assistência às famílias, defender os direitos das crianças e adolescentes, orientar e educar para a prevenção e criar canais de comunicação que divulguem a importância da infância por um mundo de paz. A Faccat, Faculdades de Taquara, estará realizando agora no mês de agosto o décimo primeiro Seminário de Educação Infantil e terá um painel dedicado aos bebês, sob o título: DIFERENTES OLHARES SOBRE O CUIDADO COM OS BEBÊS. A revista Superinteressante de agosto traz também uma reportagem especial sobre os bebês que deve interessar não só aos profissionais das áreas da educação e da saúde que trabalham diretamente com eles, mas a toda a sociedade que precisa aprender muito ainda para conviver com o bebê como ele é, ou seja, gente.