Dois relatos da qualidade na prática

A qualidade de um produto ou de um serviço tem vários ingredientes. Dois deles são a sensibilidade e a disponibilidade das pessoas envolvidas no processo. Recentemente,  passei por duas experiências onde estes dois ingredientes estavam presentes e foram determinantes para perceber a qualidade, tão sonhada por cidadãos e consumidores.  A primeira foi no 6º Encontro da Qualidade do Paranhana, realizado em Taquara, onde quatro profissionais da Prefeitura de Pelotas participaram, motivados, particularmente, pela apresentação do case da Corsan Cachoeirinha, que foi uma das vencedoras do Prêmio Qualidade RS neste ano. A viagem entre Taquara e Pelotas leva em torno de 6 horas e eles vieram e voltaram no mesmo dia, retornando a partir das 21h e, ainda, poupando estadia. Souberam do encontro através da indicação de um membro do Comitê Central do PGQP (Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade) e mesmo correndo alguns riscos que uma viagem reserva, além do risco de uma possível frustração com as expectativas do evento,  vieram, demonstrando interesse e pré-disposição a aprender para praticar qualidade. A disponibilidade destes quatro funcionários da Prefeitura cabe ser destacada não só pelas circunstâncias, mas também porque se trata de uma organização pública cujos bons exemplos são minoria, ainda mais quando o assunto é programa de qualidade. A prefeitura de Pelotas, para quem a gestão da qualidade não é nenhuma novidade, tem como prefeito Fetter Junior, formado em agronomia e administração de empresas, com doutorado em ciência política pela Universidade René Descartes, da França, que deve ter sua parcela de responsabilidade nisso. Também não é por acaso que a prefeitura de Pelotas foi finalista do Prêmio Municípios que Fazem Mais, promovido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). O segundo caso de sensibilidade e disponibilidade que presenciei, ocorreu na livraria de um Shopping de Porto Alegre. Quando eu estava na fila, aguardando para fazer o pagamento do produto que havia escolhido, um profissional se aproximou e com muita educação me informou que havia outro caixa livre. E a sensibilidade e a disponibilidade não ficaram por aí. O funcionário responsável por fazer “pacotes pra presente” me perguntou se eu permitiria que ele fizesse uma pequena inovação no estilo do pacote. Depois da minha aprovação e do trabalho realizado, qual foi minha surpresa: um pacote que considerei uma pequena obra de arte. Talvez aí esteja uma boa definição para o conceito da qualidade: qualidade é uma arte.

Marcos Kayser
Presidente do Comitê do PGQP no Paranhana

5 entraves para adoção de um modelo de gestão estratégica

1. Falta de conhecimento:

Muitos até sabem dos benefícios que trazem a adoção de uma gestão estratégica, porém por desconhecerem seus elementos principais, acreditam que uma gestão estratégica não se aplica a sua realidade. Normalmente pensam que se trata de algo exclusivo para grandes corporações privadas, ignorando que a grande maioria destas já foram minúsculas organizações e só chegaram aonde estão porque souberam fazer a opção por uma gestão baseada no planejamento e no controle dos processos e resultados.

2. Falta do hábito de planejar:

Apesar de sabermos que planejar antes de sair fazendo reduz riscos e desperdícios e aumenta as chances de sucesso, ainda damos preferência a fazer sem planejar devidamente. Planejar que em grande parte dos casos não significa um detalhamento minucioso de tudo que vamos fazer, mas definir minimamente o que, quem, quando e como fará, pensando também no porquê e no custo que terá. Se começarmos a sistematizar o que faremos podemos começar a criar o hábito saudável do planejamento.

3. Falta de tempo:

Vivemos numa sociedade com sobrecarga de atividades o que gera falta de tempo. Como é humanamente impossível aumentar a carga horária do dia, uma das soluções é reduzir o desperdício de tempo, o que se pode conquistar com planejamento. Antes de sair fazendo, como é de costume, a recomendação é pensar nos objetivos e sistematizar os melhores caminhos para se chegar onde se deseja. O tempo que se levará para planejar certamente será ainda inferior ao tempo que se desperdiça, quando se faz sem planejamento, cuja falta nos obriga a fazer repetidamente até fazer bem feito.

4. Foco exclusivo na sobrevivência:

O mercado muito competitivo, agravado pela economia globalizada onde as maiores corporações tem um poder de competitividade muito maior, aliado a um grande número de empreendedores sem formação em gestão para administrarem seus negócios faz com que o empreendedor se preocupe exclusivamente com a sobrevivência, sem visão estratégico e de longo prazo. Nesta condição, não consegue compreender que a sua sobrevivência também depende de um bom planejamento.

5. Resistência à mudança:

São poucos os que não morrem de medo do novo e resistência a mudanças. Tendemos a nos acostumar com a rotina, afinal, ela, mesmo que nem tão desejada garante uma certa segurança. Segurança que em sua maioria dos casos é ilusória, pois enquanto estamos mergulhados na rotina, fazendo sempre o mesmo, há outros vencendo a resistência da mudança e encontrando novos caminhos para obterem ganhos.