Diante da fúria da natureza, o despreparo

Nas últimas semanas o meio ambiente tem merecido muitas manchetes nos meios de comunicação do país. Lá fora a neve causa enormes transtornos aos habitantes do hemisfério norte. Aqui no sul, particularmente no Brasil, cheias e secas tem sido o destaque. No Rio a tragédia dos desmoronamentos, cuja quantidade de vítimas continua crescendo e batendo recordes. Em meio as tragédias se levanta a suspeita de que a atitude humana tem influencia na causa destes eventos. É sabido que vivemos num mundo cuja população cresceu e cresce em níveis exponenciais, porém cresce numa escala talvez maior do que a natureza permite, sem contar que a infra-estrutura existente é muito inferior do que as necessidades da população, especialmente dos países subdesenvolvidos e emergentes. Uma das primeiras ações do homem, no caso daqueles que governam, seria a criação de políticas de controle da natalidade. Além da falta de estrutura familiar e condições econômicas, muitos não têm o mínimo de maturidade e educação para serem pais, por mais que isso possa soar mal para os legisladores da fé. Tudo se resume numa palavra: responsabilidade. Ou melhor, falta da “dita cuja”. Nas tragédias ocorridas nas últimas semanas, especialmente as inundações apareceu mais uma vez o problema do lixo. A falta de responsabilidade e educação da população brasileira que não tem o mínimo de consciência ambiental e trata apenas de se desfazer do lixo que produz a cada dia. E os governos tratam de colocar o “lixo embaixo do tapete”. Restringem-se a despejar em lixões. Não dão ênfase à educação ambiental na escola, basta ver como a própria escola trata o seu ambiente. De que adianta temas e projetos como tema ecologia se a própria escola não separa o lixo, não tem coletor de água da chuva e outras ações primárias? Os governos também não exercem o dever da fiscalização, que precisaria ser constante e severa. E muito menos desenvolvem planos, visando a sustentabilidade, como por exemplo fomentar a criação de empresas que possam empreender com o lixo. No tema meio ambiente, instituições como o Ministério Público precisa estar ainda mais presente. Se depender dos governos, só mesmo se a tragédia ferir alguém da família de um influente. Da sociedade, pelo histórico que já se tem, não se pode esperar, tornando-se mais crítico quando uma nova atitude demanda mais trabalho. Neste caso, todos correm. Em Taquara o que será do movimento Iniciativa Ambiental? E o Fórum do Lixo promovido pelo MP? Na Agenda Paranhana 2020 o tema Meio Ambiente é talvez o mais atrasado, principalmente pela falta de lideranças voluntárias. As tragédias ocorridas no Brasil demonstram que neste país não há plano sério de prevenção e sustentabilidade. Apesar da fúria da natureza, muitas conseqüências poderiam ser mitigadas.

Marcos Kayser

Escola: um caso de amor

Pesquisa realizada pelo Ibope, a pedido do Instituto Victor Civita, sobre o professor brasileiro, traz alguns dados um tanto quanto intrigantes. Um deles é o percentual de 31% de professores reclamando da falta de participação dos pais nas atividades escolares. Considero intrigante porque na minha leitura este percentual deveria de se aproximar dos 100%, afinal, a falta de participação dos pais é  uma regra geral que atinge praticamente todas as escolas, sejam públicas ou privadas. De duas uma, ou a regra geral não é esta e 69% dos pais  participam da vida escolar, o que deixa de ser uma causa para os grandes problemas da educação, ou 69%  dos professores ignoram a ausência dos pais. Seria bem mais tranqüilo que a primeira hipótese fosse verdadeira, mas os fatos não conduzem a ela. A convivência com o mundo da educação formal não mostra isso. A segunda hipótese, que parece ser mais coerente com a realidade, assusta. Estarão os professores acostumados e conformados com a ausência dos pais? E daí podem se desencadear uma série de outras questões: será possível uma educação sem integrar corpo docente, alunos e pais? Certamente, que não, como afirmam e justificam pedagogos, sociólogos, filósofos e todos aqueles que se dedicam ao estudo do fenômeno educação. A conclusão preliminar é de que nossos professores precisam sair do conformismo, a tal zona de conforto, que para os professores, imagino não ser nada confortável, começando pelo aspecto econômico da profissão. E uma acomodação poderia ser transgredida e superada por motivação? Teoricamente, sim, mas a pesquisa mostra que apenas 6% dos professores dizem ser motivados pelo salário e benefícios e 53% afirmam ser motivados pelo amor à profissão. Então, levando ao fim ao cabo este dado da pesquisa, um dos caminhos para que o romance entre professor e educação se efetive é fazer da escola um lugar apaixonante para o professor e para o aluno. A aparência conta muito. Escola suja e ambiente feio não conquista ninguém. Não é só ensinar conteúdo disciplinar, numa linguagem antiga, é ensinar bons modos, como se postar.  Atrevo-me a dizer que enquanto os professores não tomarem a iniciativa dificilmente o desfecho amoroso que se sonha se dará.

?Marcos Kayser