Falar de incubadora no Paranhana já tem idade. Lá se vão mais de 18 anos e o jornal Panorama é testemunha desta teimosia. Teimosia porque não há acolhimento da idéia e somente sendo muito teimoso para continuar insistindo. A incubadora se justificaría principalmente para ajudar na diversificação económica e maior desenvolvimento a região como ocorre em outras regiões do Brasil e do mundo. Nesses anos que se passaram alguns aspectos da idéia inicial mudaram, mas continuo acreditando que a incubadora deveria nascer onde residam pesquisadores e mestres. Mestre no sentido daquele professor que tem método, conhecimento e vontade em ajudar alunos a transformar idéias em projetos e projetos em produtos que possam ser colocados no mercado. Mestre também na identificação de jovens talentosos com veía empreendedora. Esta percepção, ou sensibilidade refinada, é uma característica inerente ao bom professor, por isso, as incubadoreas, em sua grande maioria, nascem em ambientes académicos, universidades, faculdades e em escolas técnicas. E o nascimento de uma incubadora, necessariamente, não exige altos investimentos financeiros, nem a construção de prédios e outros empreendimentos que envolvem custos maiores. Se pensarmos numa incubadora, tendo como área de atuação principal a tecnología da informação, o incubado pode trabalhar em casa e receber suporte à distância. E certamente que há outras áreas com um perfil semelhante. Prevendo uma incubadora com uma perspectiva estratégica, pensada e planejada a longo prazo e de forma sistêmica, haveria uma integração natural entre escola, universidade e empresa, que hoje não existe, infelizmente. O estudante que despontasse com ótimas notas e perfil emprendedor, já no ensino fundamental, poderia ser acompanhado e preparado desde o início da sua trajetória escolar para assumir o desafio de ser um incubado. Continuo invejando o Vale dos Sinos e suas incubadoras, da Unisinos e da Feevale. Agora, Estância Velha vai ter um parque tecnológico em parceria com a Valetec. O Paranhana está atrasado, mas, com vontade e criatividade, talvez pudesse inventar um formato capaz de gerar bons resultados. O fator crítico de sucesso está com quem coordena e com os profesores orientadores. Numa perspectiva similar, temos um belo exemplo na região: o professor Bauer do Cimol, um verdadeiro mestre, cujo conhecimento e disciplina influencia muitos. A TCA agradece!
Marcos Kayser
Arquivo mensais:maio 2011
Era uma vez, “gente atrás da máquina”
Dias após apontarmos para o perigo da falta de diversificação econômica no Paranhana, cuja economia está concentrada no calçado, vem a Vulcabras/Azaléia comunicar o fechamento da sua unidade fabril em Parobé. Por conseqüência, muitas pessoas desempregadas, que segundo informam serão absorvidas por outras empresas. Certeza que nem todos tem, principalmente entre os empresários do setor. E justamente Parobé, que é o único município do Paranhana que não deu importância a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, não aprovando este projeto que está na Agenda Paranhana 2020. Será que Parobé tem planejamento estratégico? Qual será o seu modelo de gestão? Mas além do impacto econômico, o fechamento da Azaléia traz consigo uma questão sentimental. Chega ao fim uma história. História que tinha em aspectos constitutivos muita inovação e servia de referência. “Tem gente atrás da máquina”, era uma frase famosa do Presidente da Azaléia, Nestor Herculano de Paula. Metáfora que simbolizava a importância que ele dava aos seus funcionários e os mesmos reconheciam nele um líder revolucionário para o seu tempo. Antes de falarmos de responsabilidade social, a Azaléia já realizava muitos projetos nesta área. A creche e a educação formal para os funcionários eram exemplo disso. Participação nos lucros foi outra iniciativa inovadora da Azaléia sob a liderança do seu Nestor como era respeitosamente chamado. Este perfil da empresa já havia se perdido há algum tempo, desde a sua morte e depois venda para o grupo Vulcabras. Culpa da nova empresa, culpa do mercado, culpa do governo? São questões que exigiriam um amplo espaço para debates, talvez bastante oportuno já que o Paranhana depende em muito do calçado e assim como a fábrica da Azaléia, que de grande ícone virou cinzas, outras poderão sucumbir em meio a novas realidades. Os governos que tem a responsabilidade de defenderem os interesses de suas comunidades precisam agir de uma vez por todas para juntos aos empresários e aos trabalhadores planejarem um novo cenário e não ficarem a mercê exclusivamente dos movimentos do mercado. Planejar estrategicamente é pensar conjuntamente no futuro e começar a agir no presente para ter sucesso nesta construção.
Marcos Kayser
Quantidade x Qualidade
Haverá relação entre qualidade e quantidade. No senso comum parece prevalecer a qualidade sobre a quantidade e muitas vezes ainda achamos que qualidade independe da quantidade. Mas vejamos que pode haver certa relatividade. Um jogador de futebol, por exemplo, vai melhorar cobranças de falta e chute a gol, quanto mais treinar e chutar. Neste caso, temos a quantidade uma aliada da qualidade. Num outro exemplo temos um jogador de futebol cometendo inúmeras faltas. Quanto mais faltas fizer, menos qualidade terá a partida e maior será a chance de ser expulso e colocar o seu time em dificuldades. Neste caso a quantidade é inimiga da qualidade. Dizer que qualidade independe de quantidade é arriscado, pois depende do caso. Um professor que lê muitos livros, especialmente os clássicos, e cobra de seus alunos o mesmo, é bem provável que terá um excelente repertório de vocabulários e uma visão de si e do mundo muito mais ampliada. Um pai e uma mãe que dedicam mais tempo de convivência com seus filhos terão maiores possibilidades de dar afeto e acolher seus medos e angústias. Claro que meia hora de diálogo entre pais e filhos é mais produtivo do que três horas de reunião na frente da televisão, vendo a novela todos calados. Por isso , cuidado, nem sempre a quantidade deve ser desprezada, pois nem sempre ela é a malvada. Aristóteles já dizia que a excelência se conquista com o hábito, com a repetição. Repetir, repetir, repetir, isso é quantidade que pode trazer qualidade. Se a repetição não for errada, é claro.
Um pouco da repercussão do Debates pelo Rio Grande
O Debates pelo Rio Grande, programa da RBS, realizado na semana passada, em Taquara, teve uma boa repercussão no Estado, principalmente depois de ter sido exibido no último domingo pela TVCOM. A região foi destacada por já possuir um planejamento estratégico regional estruturado, como é o caso da Agenda Paranhana 2020 e ter mais de 40 projetos elencados. Outra boa impressão deixada foi o Portal da Transparência do Paranhana, que abre para toda a sociedade o retrato em números de como anda as cidades da região em seus mais diversos setores: economia, segurança, saúde, educação, meio ambiente. A disponibilidade da classe empresarial, representada pelos empresários voluntários e pela CICS que coordena a Agenda também mereceu elogios. Fazendo uma auto-critica da minha participação como um dos debatedores, procurei reproduzir a preocupação da classe empreendedora, responsável pela geração de emprego, renda e impostos, mostrando alguns dados do quadro econômico da região, caracterizado pela pouca diversidade e um dos piores IDESEs do Estado. Também expressei o nosso desejo de ver as cidades mais integradas e alinhadas num planejamento estratégico regional como a Agenda Paranhana 2020. Os empresários, em sua grande maioria de pequeno porte, estão focados em seus negócios, nas dificuldades do dia a dia, mas, se fossem devidamente convidados para discutirem projetos estratégicos para suas cidades, dificilmente se omitiriam. E se queremos ser uma região de primeiro mundo (acho que ninguém é contrário), não basta fazer coisas boas, é preciso fazer com excelência. Que há algum descompasso, no sentido da integração, é notório e reconhecido por todos há tempos, todavia, tenho esperança que os prefeitos consigam superar os entraves para colocar em prática os projetos que a sociedade civil, parte interessada, almeja e necessita.