A cada dia está ficando mais insuportável o trânsito das grandes cidades e de algumas médias também. Chegar em grandes cidades nas primeiras horas do dia e sair no final requer muita paciência para enfrentar os congestionamentos e se recomenda que não tenhamos compromisso com horários, pois o atraso será inevitável. Transitar pelas avenidas e ruas também tem sido caótico, isso que em Porto Alegre, por exemplo, não faz muito tempo foram inauguradas as perimetrais que eram para dar vazão ao já intenso tráfego de veículos. Em pouco tempo já ficaram congestionadas e praticamente não se vê mais diferença entre antes e depois delas. Todo este caos porque a quantidade de carros circulando cresce exponencialmente. O número de veículos vendidos por ano no Brasil deve dobrar até 2025, segundo previsão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Um estudo encomendado pelo governo federal aponta que, em 15 anos, 6,8 milhões de carros, motos, caminhões e tratores serão comercializados anualmente no País. A Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) espera que este ano sejam vendidas 3,4 milhões de unidades. Enquanto montadoras e governo comemoram, uma porque a venda de veículos é garantia de lucros, outra porque é garantia de arrecadação, o cidadão vai tendo no trânsito mais um motivo de estresse e má qualidade de vida. Fora a perda de tempo, há também o problema da poluição causada pelos carros, o que já virou banalidade e poucos dão bola. Pelo bem das cidades e dos cidadãos o governo, no lugar de incentivar a compra de carros como tem feito, aumentando o problema ao em vez de dar soluções, deveria investir em meios alternativos de mobilidade, trem, por exemplo, além de aumentar os impostos como faz com o cigarro, contendo um pouco o consumo. Ao mesmo tempo, deveria promover o desenvolvimento de outros arranjos produtivos, para depender cada vez menos da indústria automobilística tradicional e não sofrer tanto com uma eventual demissão em massa do setor, fato que mais cedo ou mais tarde será inevitável em respeito ao meio ambiente e a paciência do cidadão.
Arquivo mensais:setembro 2011
Empreender no Brasil “custa caro”
Empreendedor no Brasil “dorme acordado”. Não for assim, o amanhã ficará ainda mais temerário. Conforme dados do Sebrae – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas, 27% das empresas de pequeno porte fecham as portas no primeiro ano de existência e 58% fecham antes de completar cinco anos. Este percentual já foi pior, em 2000 chegava a 71%. Dentre os fatores causadores do fechamento das empresas, está a falta de preparo do empreendedor que muitas vezes não possui conhecimento suficiente de técnicas de gestão, hoje em dia indispensáveis para o enfrentamento da concorrência. Mas há também fatores externos que causam o insucesso prematuro do negócio. Um deles é o mercado, o outro é o governo. No primeiro fator há uma ameaça constante dos grandes players, os gigantes das lojas de departamentos, dos supermercados, das companhias de telecomunicações que ditam as regras do jogo e possuem um elevado poder de compra e venda. Compram o que querem e vendem por quanto querem. Claro que muitos pequenos conseguem encontrar nichos em que os grandes não tem competitividade e, assim, conseguem se manter bem vivos na “guerra”. Mas como os próprios pequenos empreendedores dizem: “é preciso matar um leão a cada dia”. O fator governo se traduz na precariedade dos serviços públicos, na insuficiência de políticas de apoio aos pequenos negócios e, como se não bastasse, na burocracia e nos altos impostos. O governo mais do que não ajudar, atrapalha. Como todo o cidadão brasileiro, a empresa paga impostos que deveriam ser convertidos em bons serviços de saúde, educação e segurança (e poderia seguir adiante). Contudo, a omissão do governo brasileiro, que arrecada uma das maiores cargas tributárias do mundo, obriga as empresas a contratar os serviços privados, pagando dobrado. Esta duplicidade acaba onerando o custo do produto, fazendo perder competitividade e comprometendo a sobrevivência do empreendimento. Nos últimos tempos, a falta de mão-de-obra qualificada tem sido um entrave para o crescimento das empresas, e empresa que não cresce, morre. Qualidade não é por acaso, se produz com formação e trabalho. O que esperar de um ensino que parece estar proíbido de cobrar, fazer repetir e rodar? E o ensino superior se acostumou com a nova moda. Muitas empresas estão optando por preparar o seu pessoal, mas isso leva tempo e há ainda o iminente risco de perder o funcionário antes de ter o valor investido recuperado. Está aí um dos motivos pelo qual muitas empresas são “de um homem só”, afinal “é melhor empreender sozinho do que mal acompanhado”. É uma pena que não é possível empreender sem o sócio Estado. Por isso, e por outras, empreender no Brasil “custa caro”.
Marcos Kayser