E o sonho da incubadora ainda não acabou

Na semana passada tivemos ótimas notícias relacionadas a área da tecnologia no Rio Grande do Sul. Houve o anúncio do primeiro chip encapsulado produzido no Estado, junto ao parque tecnológico da Unisinos. Para quem não tem muita familiaridade com o termo, chip é um componente eletrônico que reúne vários circuitos que desempenham uma gama variada de funções e comandam a grande maioria dos aparelhos eletrônicos modernos. A TV tem chip, o computador tem chip, o celular tem chip e por aí vai. Por isso, produzir um chip representa muito. Também na semana passada o governo gaúcho firmou parceria com a Coréia do Sul, país com tradição em pesquisa e produção de alta tecnologia. A parceria envolve cooperação na área educacional, científica e tecnológica. Ainda na semana passada ocorreu em São Leopoldo o 1º Fórum Brasil-Coréia do Sul em Ciência, Tecnologia e Inovação. Em Novo Hamburgo, entre os dias 17 e 23, ocorreu a Semana Estadual de Ciência e Tecnologia. Nesta semana, em Novo Hamburgo, mais atividades serão realizadas na Fenac, envolvendo o tema tecnologia, eventos que são abertos para estudantes e empresários interessados. Enquanto São Leopoldo e Novo Hamburgo investem no desenvolvimento da área tecnológica e já possuem incubadoras e parques tecnológicos com empresas de ponta, gerando emprego neste setor estratégico, o sonho já antigo de ter no Paranhana uma incubadora apoiada por uma instituição de ensino, continua no “mundo das idéias”, ou seja, muito distante da nossa realidade. Particularmente, fico curioso para saber porque ninguém quer ser “pai desta criança”. Faltará competência, coragem ou vontade? Já pensaram se o Paranhana tivesse uma economia pulsante não só no calçado mas também na tecnologia chamada de ponta? Esperemos que algum dia um professor, a exemplo do professor Harald Bauer, crie o que este mestre já criou, cada um no seu contexto, é claro. Mas em comum tenha a abnegação e a visao inovadora.

A adesão de uma minoria de indignados

O dia 15 de outubro foi um dia de protesto global, definido previamente para ter esta finalidade. Em mais de 80 países foram registradas manifestações contra crise econômica, corrupção, democracia. A iniciativa foi inspirada na chamada Primavera Árabe, movimento de mobilização social, organizado a partir de redes sociais, que, no início deste ano de 2011, levou às ruas da África e do Oriente Médio milhares de jovens que protestaram, principalmente, contra os regimes ditatoriais, ainda vigentes em alguns países. A eficiência das manifestações no Egito foi tanta que no início do ano culminou com a derrubada do ditador Hosni Mubarak. No Brasil, o ato, também chamado de marcha dos  indignados, teve o apoio da OAB (Organização dos Advogados do Brasil) e, segundo a avaliação da própria entidade, houve pouca adesão e a manifestação foi muito tímida. Particularmente, acho que no contexto nacional, onde a luta não é contra este ou aquele, mas sim contra um sistema de corrupção instalado há séculos, um grupo de poucos assumindo e expressando sua indignação já é um ótimo começo e se continuado poderá sim vir a algum dia mudar o quadro da corrupção vigente. Mudança que é desejada pela grande maioria, mas que , por enquanto, não acredita e se intimida. Como esperar indignação de um povo que não está indignado? Digo isso porque penso que os indignados se reduziram a alguns poucos que ainda resistem ao sistema que está instalado. A sociedade, em sua maioria, foi afetada pela banalização da impunidade que acaba alimentando a corrupção. Assim num país da letargia é preciso louvar que dois ou mais ainda consigam expressar seus sentimentos de indignação. Tomara que contaminem outros.  Na marcha dos indignados, a adesão de uma minoria já é um grande resultado.

Marcos Kayser

Imprensa: poder de formar opiniões e mudar decisões

A imprensa e a mídia são conhecidas como o “quarto poder” pelo papel importante que possui na sociedade, não só na divulgação de notícias sobre eventos corriqueiros do dia a dia e das instituições, como também trazendo a tona fatos de hoje e de ontem até então escusos do meio social. A imprensa investigativa chega a se aproximar da atuação de uma polícia. Para tal haverá de ter muita coragem e correr os riscos de eventuais retaliações, porém, o resultado compensa. Assim foi o exemplo que tivemos em Novo Hamburgo, quando o Jornal NH colaborou decisivamente para a reversão da tendência de aumento do número de vereadores no município. Muitos vereadores que na primeira votação se posicionaram à favor do aumento chegaram a mudar de voto, levando à manutenção dos 14 parlamentares atuais, por unanimidade. Nos dias que antecederam a votação, o Jornal NH fez uma verdadeira campanha, deixando explícita a sua posição desfavorável ao aumento do número de vereadores. Apresentou justificativas bem fundamentadas e publicou a testemunho de pessoas da comunidade, representando a maioria contrária. Um manifesto com o nome de “opinião” foi capa do jornal que no dia da votação chegou a estampar na capa a foto dos vereadores que tinham sido favoráveis ao aumento na primeira votação. A atitude do jornal pode até ser questionada por aqueles que entendem que a imprensa deva ser imparcial. Mas a imparcialidade será o melhor caminho quando estamos diante de uma decisão que traz prejuízos evidentes à sociedade e que a maioria desta sociedade tem rejeição? O jornal NH deu uma demonstração que a imprensa pode e deve ser parcial quando sua parcialidade é transparente e, principalmente, coerente. O jornal NH demonstrou que a imprensa realmente tem poder e, na medida em que, exerce este poder com qualidade e a favor da ética e do bem comum, é nos dias de hoje um instrumento importante nos processos de transformação e evolução da sociedade. Parabéns Jornal NH pelos ensinamentos de uma imprensa que desnuda sua posição a favor da população.

Marcos Kayser

Filósofo e Empresário

Cidade com praça, cidade com alma

Em fevereiro de 2007 escrevi um artigo intitulado “Cidade sem praça, corpo sem alma”, em que falava da minha tristeza, como a de tantos outros taquarenses, ao ver o estado das principais praças da cidade, a Marechal Deodoro e a da Bandeira. Praças que pela deteriorização podiam ser comparadas a um corpo sem alma, representando morbidez. E logo uma praça que tem um sentido visceral para uma cidade. Um lugar que é ponto de encontro de pessoas de todas as idades e, portanto, deve ser acolhedor. Mais de quatro anos depois do artigo, mesmo que ainda em construção, começamos a ver a praça Marechal Deodoro com ares de limpeza. À noite podemos ver a penumbra dando lugar a luz e confirmar como uma boa iluminação faz a diferença. Respeito aqueles que defenderam a manutenção das árvores que lá estavam, mas não dá para ignorar que sem algumas delas podemos melhor visualizar o prédio da Prefeitura, uma verdadeira obra de arte barroca, como poucas cidades do Brasil tem. Tudo indica que no Natal a nova praça Marechal Deodoro já estará inaugurada e se espera que a comunidade, junto do poder público, saiba zelá-la, mantendo-a limpa. Na praça da Bandeira, onde muito brinquei na minha infância, quando estudava no Rodolfo Von Ihering, a derrubada das baiúcas, que compunham o dito camelódromo, já deram um descanso aos olhos. Perdoem-me, mas aquele cenário deprimente chegava a ser um desrespeito para com o consumidor e denegria a imagem dos comerciantes que lá estabelecidos estavam. Na praça da Bandeira espero que se confirme a idéia de instalar balanços, escorregadores e outros brinquedos para a criançada. As reformas de ambas as praças poderiam ter tomado outros rumos arquitetônicas, mas acredito que as opções escolhidas pelos gestores não comprometerão a beleza e a funcionalidade dos dois locais. Quem sabe, o próximo desafio, em matéria de urbanização, seja a limpeza e o embelezamento das entradas da cidade, que não depende apenas dos gestores municipais mas dos comerciantes e habitantes da cidade que precisam manter suas fachadas e calçadas em dia com a estética. Vou começar a ter mais esperança nesta cidade, afinal, vai ter praça, vai ter alma!

Marcos Kayser