Fico encabulado quando ouvintes e leitores comentam seu gosto por alguns escritos e comentários que faço. Procuro me empenhar para escrever o melhor, mas estou longe daqueles que detém o dom e são verdadeiros artistas no trabalho com as palavras. Quando tenho a sorte de estar iluminado, consigo produzir um artigo razoável, o que até me aproxima de um cronista, mas esta inspiração é uma raridade. Penso que escrever é uma árdua tarefa e, em se tratando de crônica, é preciso fundir uma visão lúcida da realizada com uma certa dose de provocação e ironia. Considero essencial provocar a reflexão e não se limitar a reproduzir os fatos com comentários vagos. Escrever assim é um convite ao filosofar e aí surge outra dificuldade: tudo parece já ter sido dito. Tenho a impressão que os filósofos gregos tiveram todos os insites necessários para construir a base do pensamento ocidental e relataram através de suas filosofias. Mesmo que muitos não reconhecem, até religiões como o cristianismo e o espiritismo “bebem água” na fonte grega. Assim sendo, sou um mero repetidor. O que ainda me estimula e, em parte, me justifica escrever, é a crença de que o cenário onde as idéias se encontram está em contínua mudança. Conceitos como o da verdade, por exemplo, podem ser repensados quando estamos diante de novos contextos, inclusive o da ciência que a cada dia revoluciona. Espaços virtuais como Facebook e Twitter são contextos novos que sobre o quais os velhos conceitos ainda valem mas precisam ter suas formas de vida reavaliadas. Como pensar a ética da comunicação se na Grécia antiga a Internet não era se quer imaginada? Um outro estímulo para o trabalho que tenho de escrever, é sentir que alguns ouvintes e leitores encontram sentido no que escrevo. Este é o maior estímulo e com ele vem o compromisso com a escrita responsável, aquela que tenha coerência contextual e um mínimo de originalidade, por mais difícil que seja. Aproveito para pedir aos leitores e ouvintes que encontrem uma forma de me avisar quando eu estiver tratando de assuntos pouco interessantes ou ainda estiver fazendo mal uso das palavras. E acima de tudo agradeço o alto grau de tolerância para com este esforçado blogueiro e comentarista.
Marcos Kayser