Vem aí a Copa das Copas

Acompanho Copas do Mundo, com a atenção de quem tem paixão por futebol, desde a Copa de 74 na Alemanha, em que o Brasil ficou no quarto lugar, depois de perder para a Polônia, do jogador Lato. Lato, que por muito tempo foi o ponteiro direito do meu time de futebol de botão. Depois veio a Copa de 78 na Argentina, onde Kemps fez a diferença e a Argentina foi campeã, favorecida por aquele jogo suspeito contra o Peru. A de 82, foi a mais injusta e sofrida para quem acha que o melhor vence. O Brasil tinha a melhor equipe, com Falcão, Zico, Sócrates e companhia e acabou sendo eliminado pela Itália de Paolo Rossi. E daí se sucederam muitas copas e o Brasil por duas vezes sagrou-se campeão até chegarmos na Copa de 2014. A “Copa das Copas” como foi dito, na medida em que tudo vai funcionar como manda e quer a Fifa e o mundo inteiro vai assistir uma copa exemplar em matéria de organização e estrutura do país sede. Para quem não tem partido político, ou melhor, o partido é o Brasil, parece ironia esta citação. Obras inacabadas, greves e serviços de péssima qualidade não dão indícios deste sucesso. Não se trata de pessimismo, muito menos torcer para que dê tudo errado. Trata-se de uma insatisfação realista e legítima, pelo estado das coisas. Há quem lance argumentos esdrúxulos.  Dizem eles: O Brasil deu conta da Copa do Mundo em 1950, por que não daria agora? Se recebeu muito mais gente na Jornada Mundial da Juventude, em uma só cidade, porque teria dificuldades para receber um evento com menos turistas, e espalhados em mais de uma cidade? Por mais que se queira dizer que estamos evoluindo, basta o cotidiano vivido por nós brasileiros para percebermos que a nossa estrutura em itens essenciais está muito aquém da boa referência. A marca Brasil, se antes da Copa já não era forte no quesito seriedade, tem enorme chance de ficar ainda mais arranhada. Dois problemas: a falta de competência para fazer a melhor das Copas, que antes da Copa era uma oportunidade, e a falta de seriedade, caso a “Copa das Copas” não se torne uma verdade. Não reconhecer a ineficiência do Estado brasileiro, é um ato de irresponsabilidade. Na precariedade do contexto, elevar a Copa de 2014 ao potencial de ser a melhor das Copas, aparenta inclusive uma certa falta de humildade. Poderíamos dizer ainda que estão subestimando à inteligência dos brasileiros e dos estrangeiros que estarão presentes na Copa. Assim, não estranho e nem condeno àqueles que assumem não torcer pela seleção brasileira nesta copa, fazendo isso na crença que a vitória teria um efeito anestésico. Alguns dirão que a vitória servirá para melhorar a auto estima. Particularmente, acho que a auto estima do brasileiro se renova no dia a dia, quando somos bem atendidos nos hospitais, quando estamos protegidos pelos policiais, quando nossas escolas alcançam índices de qualidade internacionais.