O futebol insiste em ensinar. A seleção brasileira foi eliminada da Copa América pela modesta seleção do Paraguai. Modesta porque o Paraguai não tem individualidades nem conjunto que o coloque numa posição de liderança no futebol mundial. Se compararmos os jogadores Cárceres, Aranda e Piris do Paraguai com os brasileiros Neymar, Willham e Daniel Alves, é bem provável que os brasileiros sejam considerados superiores, visto os clubes que defendem. Porém, mesmo tendo teoricamente os melhores jogadores, o Brasil é eliminado. Poderíamos atribuir a uma contingência do futebol, porém, quem viu o jogo, percebe com clareza que a teórica superioridade brasileira não apareceu. No ano passado, durante a Copa, nos jogos que antecederam o vexame dos 7 x 1, já havia se visto o quanto o futebol brasileiro perdeu a sua marca: a qualidade. Marca que o tornou o país com maior número de títulos mundiais, temido e respeitado. Se continuar assim, perder o posto é uma questão de tempo. O temor e o respeito já se foram. A performance da seleção é o retrato da nossa condição como nação. A seleção não tem liderança dentro e fora de campo. Nem jogador, nem treinador, nem dirigente. Na seleção atual do Brasil, Neymar e Miranda estão muito longe de representar a liderança comum a um capitão. Ao Brasil não falta só talento, mas também engajamento. Por sorte ambos não “caem do céu”, podem ser desenvolvidos com um bom planejamento. Planejamento que envolva todos, quem manda e quem faz. Assim é possível criar um novo ambiente para descobrir e desenvolver talentos, aliado aquela vontade de quem dá o sangue para vencer. Os jogadores da seleção parecem não ser brasileiros. Talvez um dos motivos seja a saída prematura do país. A reação dos jogadores brasileiros que erraram os pênaltis no jogo contra o Paraguai, demostram que, além de talento, carecemos de engajamento. Além do erro em si (alguns deles bizarro), eles são tomados de uma resignação nada transformadora. Enquanto os jogadores do Brasil assistiam as cobranças em pé, os paraguaios estavam ajoelhados. Estes pequenos detalhes podem dar um pouco da dimensão do que esta faltando à seleção e também a nossa nação. As lideranças do futebol brasileiro, bem como as lideranças políticas do país, precisariam ter vontade política para repensar o futebol e o país. A falta de vontade é facilmente percebida na falta de humildade. Humildade para reconhecer nossas carências e aprender com nossos erros. Resgatar o que éramos, ou seja o país da excelência no futebol, e produzir novas identidades. Por mais paradoxal que pareça, a sorte está ao nosso lado. Num curto intervalo de tempo o futebol mostra a nossa cara. Cabe a nós nos tocar e agir. O problema é a falta de lideranças a quem podemos confiar. Marcos Kayser