Tem jeito

Com um certo grau de otimismo é possível pensar um Brasil melhor, um país menos corrupto, onde se respeite a Constituição, com bons níveis de qualidade em áreas essenciais como saúde, educação e segurança, a exemplo de países tidos como de primeiro mundo. Talvez um país jamais visto, mas ainda somos adolescentes. Num país presidencialista, como é o nosso, o ponto de partida é achar um presidente que de conta das reformas que temos pela frente. Podemos pensar que sozinho ninguém faz nada, mas tudo começa por aquele que manda. O chefe maior da “república”. Um líder de ilibada história, com competência e coragem. Sobre os líderes políticos que temos hoje, o descrédito impera, por isso, o sentimento de que este país não tem jeito. Particularmente, a bem pouco tempo, eu também não acreditava, mas, pensando melhor (bebendo da fonte otimista), encontrei não só uma, mas cinco opções que podem liderar o país que queremos. A primeira opção é importar o presidente Obama, que deixou a presidência dos EUA recentemente, depois de dois mandatos com uma reputação sem arranhões sobre o viés ético. A segunda é contratar o Guardiola, um técnico de futebol inovador e, ao mesmo tempo, disciplinador, que já demonstrou sua competência em conquistar grandes vitórias. A terceira, também na linha do futebol (afinal éramos o país do futebol), seria eleger o Tite como presidente, já que tem apoio de todos e, como bom estudioso, pode compensar a falta de cintura política. A quarta opção é colocarmos na presidência o Joaquim Barbosa ou o Sérgio Moro, com ambos (acho que) teríamos a chance de fazer a faxina necessária e extirpar aquela máxima de “levar vantagem em tudo”. Como estas quatro opções são totalmente improváveis, apresento a quinta. A quinta é aguardar um milagre, afinal, Deus é brasileiro e, mais cedo ou mais tarde, vai dar um jeito. Até lá, fico me perguntando: o que estou fazendo para ajudar o meu país a ser um lugar melhor para os meus filhos? Cada um pode encontrar um jeito. Marcos Kayser

Não tem jeito

Talvez seja porque já cruzei a barreira dos 50 e sabem da minha visão crítica, mas é incrível como me perguntam sobre o que vai ser de nós brasileiros com esta nossa política. Minha resposta, curta e grossa, é de que este nosso país não tem jeito. Não há nenhuma perspectiva de mudança, enquanto continuar sendo comandado por quem faz da política uma profissão, meio de sobrevivência e enriquecimento. Foram espertos ao criar um sistema muito bem arquitetado, fechado e imune a qualquer interferência da sociedade. A alta tributação que sacrifica a todos, enche os cofres do governo e financia a corrupção; a centralização dos poderes num só lugar que torna todo poderoso quem está em Brasília; o sucateamento de setores essenciais como saúde, segurança e educação; o assistencialismo como mecanismo de dependência, o pluripartidarismo como balcão de negócios, são alguns dos fundamentos do sistema. Se reduzissem os impostos, enxugassem a máquina pública, reformassem a previdência, desburocratizassem e minimizassem o Estado, privilegiassem a educação, dessem mais poder aos estados, reduzissem os partidos a uma meia dúzia, um raio de luz surgiria no final do túnel escuro em que o Brasil e nós brasileiros nos encontramos. Quando uma destas mudanças ocorrer, me avisem, por favor, pois estarei com muito prazer revendo a minha falta de expectativas. Fazer tudo isso e mais um pouco seria muito fácil, bastaria vontade política e humildade para reconhecer que chegamos ao fundo do poço (só para usar outra metáfora). Boa parte das soluções para os problemas vigentes não carecem ser inventadas, basta copiarmos modelos vencedores de países chamados de primeiro mundo, dentre os quais a Alemanha e a Suécia. E aí vem a pergunta que eu não me canso de fazer e muito me preocupa: o que será da nossa gurizada? Começo a dar o braço a torcer aos que falam que a saída é o aeroporto. Ao mesmo tempo sou um apaixonado pelo Brasil e gostaria de resistir bravamente.