Cidade com a menor renda per capita da região e dentre as piores do Estado. Cidade com a menor taxa de empregabilidade da região (saldo de emprego a cada 1000 habitantes), neste ano de 2008. Cidade com a pior nota no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) dos anos iniciais (só tem índices melhores quando contabilizadas as escolas particulares). Cidade com o maior número de homicídios da região nos últimos dois anos. Cidade da região com o maior número de famílias atendidas pelo programa Bolsa Família. Cidade com o legislativo mais dispendioso financeiramente da região. Para completar: cidade com uma população superior aos 50 mil, sem um único hospital (nem por caridade). É bom cessar com a seção tortura para não parecer sarcasmo puro. Os que olham de fora, e sabem um pouco da história, se sensibilizam. Um dos sentimentos é a compaixão. Compaixão com os mais antigos, deprimidos ao lembrarem saudosos do que viveram e viram. Compaixão com o cidadão que ao pagar seus impostos em dia, reserva-se o direito de desejar excelência nos serviços públicos, mas o que vê é precariedade quando não carência. Compaixão com aqueles que empreendem, gerando trabalho e renda, resistindo bravamente a escassez de condições, mais por teimosia e paixão do que por uma estratégica opção. Além da compaixão, pairam dúvidas: O que fazem os políticos da cidade? Não são eles os representantes do interesse da população? Saúde, educação e segurança, não são da (in)competência pública? Cadê a boa fé e a boa vontade, e a qualidade? E os cidadãos não reagem? Pois é, parece que a cidade se perdeu e junto dela (e nem poderia ser diferente) os seus cidadãos. Talvez por certa ingenuidade, ou comodidade, ou ainda, desconhecimento de causa, em função do sistema vigente ter sido inteligentemente arquitetado. Se no campo da religiosidade, pela fé o Paraíso Perdido será reencontrado, será também pela fé que a Cidade Perdida será resgatada? Como diz a música: “só não se sabe fé em quê”.