A espinhosa questão da meritocracia na educação

O Jornal Zero Hora do dia 30 de maio, trata mais uma vez o tema educação, fazendo um abordagem sobre a espinhosa questão da avaliação dos educadores, chamada também de meritocracia. Já é praticamente consensual o entendimento de que o fator mais decisivo para definir o quanto uma criança aprende na escola é a qualidade do seu professor. O economista americano Eric Hanushek, da Universidade de Stanford, pesquisador eminente na área, descobriu que o aluno de um professor excelente em uma escola ruim aprende mais do que o de um professor ruim em uma escola excelente. A Zero Hora revelou outro achado de impacto: o que o bom professor meio ano de aprendizado, o mau professor precisa de um ano e meio. Avaliações internacionais apontam que se aprende pouco nas escolas brasileiras. O desejo de reverter esse quadro tem levado autoridades e educadores e líderes empresariais a mexer em um vespeiro. Há no Brasil um movimento pressionando pela aplicação de critérios meritocráticos dentre os quais o movimento Todos pela Educação, que tem o empresário Jorge Gerdau como um dos líderes. O princípio é dar benefícios, dentre os quais aumento, ao professor que faz os alunos aprenderem e, quem sabe, punir o que não consegue. Talvez o fato de não receber benefícios adicionais por mérito, já seja uma boa punição. E esta discussão não é só brasileira. Aqui está apenas começando. Nos Estados Unidos o presidente Barack Obama criou programas que despejam bilhões em recursos federais nos Estados e distritos que adotarem a prática de pagar conforme o desempenho. No Brasil, há partidários ardorosos e adversários ferrenhos. Segundo o economista Cláudio de Moura Castro, especialista em educação e partidário da meritocracia, “manter o professor ruim é o mesmo que uma fábrica de automóvel não demitir o funcionário que deixa passar carros com defeito na barra de direção – compara”. A oposição mais radical vem dos sindicatos de professores. No ano passado, a proposta do Piratini de oferecer um 14º salário a quem atingisse metas foi torpedeada pelo Cpers. Estranhamente, ou confortavelmente, o Cpers não apresenta nem discute com a sociedade algum tipo de projeto que venha representar uma proposta de melhoria contínua da qualidade do ensino. O embate se dá também a nível federal. O Ministério da Educação anunciou um exame para seleção de docentes, e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) foi para o ataque, vendo por trás da proposta uma maquinação para implantar a meritocracia. “Se a meta é fazer 500 unidades e o funcionário faz 300, pode demitir. Mas transferir isso para a escola não tem cabimento”, disse Roberto de Leão, presidente da CNTE. Um estudo analisou os países com melhor educação. A base era a Finlândia, com o ensino mais bem avaliado. Concluiu que os campeões de qualidade não premiam o mérito. O foco está no recrutamento . Para atrair os melhores, os salários são altos, e a carreira, promissora. Contudo, a oferta de mão-de-obra é excelente, pois as faculdades de Educação tem alto padrão de qualidade. Daí surge uma dúvida, o que vem primeiro: oferecer ótimos salários ou formar com excelência. Este é um debate dos mais importantes que estão não só na pauta internacional, mas também no Paranhana. A Agenda Paranhana 2020 está buscando promover este debate para, quem sabe, encontrar uma solução caseira que deve excluir a possibilidade de medições, afinal , é medindo que se pode melhorar, inclusive salários.

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