Não sei se a melhor palavra é prostituição para expressar o “troca-troca” que ocorre na política partidária brasileira. O candidato, o polítco, hoje dá seu apoio pra um, amanhã pra outro que era ontem justamente oposição. Chega-se ao cúmulo de um mesmo partido ter representantes que apóiam “a” e os que apóia “b” e chamam isso de liberdade. Se trocar de partido como se troca de roupa todo dia já era contestável, o que dizer das coligações entre oposições? No tempo de dois partidos, Arena e MDB isso era mais difícil, ou melhor, não tinha como acontecer. Numa analogia com o futebol, pra bom gaúcho enteder, é como se colorados e gremistas trocassem de time a todo momento quando convém. É como se a nova concepção pluripartidária tivesse sido criada justamente para permitir a nova prática. Prática em que a infidelidade e o desprendimento para algum tipo de ideal coletivo é total. Assim o “troca-troca” constitui-se em mais um fato que ajuda no processo de desmoralização da classe política brasileira, pelo menos no conceito dos eleitores mais lúcidos e fiéis a princípios éticos. Afinal, como justificar que numa região do Brasil o partido “x” combata acirradamente o partido “y” e numa outra região do mesmo país os mesmos partidos andem de “braços dados”? Como justificar que em curto intervalo de tempo “x” e “y” sejam adversários que se massacravam e logo se tornam grandes aliados, com um discurso que ignora a história? Esta é a política partidária brasileira, onde as mudanças de posição acontecem por conveniência pessoal e a prostituição partidária é uma das grandes armas para continuar vencendo no jogo do poder. Jogo cujos jogadores parecem não admitir perder, tamanha a ganância pelo poder. Perde com isso o país, perde a população que não consegue fazer as devidas e necessárias distinções. E não havendo uma oposição legítima, como cobrar do eleitor que tenha partido e que assuma uma posição?