Pois é, o futebol parece a vida, se decide nos detalhes e também pela competência de seus viventes, no caso do futebol, dos seus jogadores. Na semifinal do mundial de clubes da Fifa, o Mazembe teve duas chances e fez dois gols, o Inter teve cinco chances claras de gol e não fez. No jogo de futebol, o que vale é o resultado final, será a vida também desta forma? Ter uma vida de resultados pode não ser a melhor coisa, pois seguir Maquieval, para quem os fins justificam os meios, é perigoso, pode levar até ao crime em nome de um bom resultado. O jogo tem aspectos sim da vida, mas a vida não é só um jogo, mesmo que seja jogada por quase todos. Ainda mais quando o contexto dela é o da competitividade, como nos tempos de hoje. E não é exclusivamente um jogo porque tem ainda a arte que foge ao regramento inerente ao jogo. Se a arte tem algum tipo de regra, não são claras, e, como diz o comentarista de arbitragem, Arnaldo Cesar Coelho, a regra é clara e se não for clara não pode ser regra. O futebol ainda mostra que não adianta ter e ser potência, no sentido da possibilidade. É preciso o ato da realização. Por isso o futebol é tão apaixonante, numa fração de segundo decide o destino de tudo e, no caso do Inter, decide o universal, o mundial. Há uma regra básica no futebol: não levar gol e fazer, ou, se levar, fazer mais do que levou. Qual seria a regra básica da vida? Acho que a vida não tem uma regra básica, mas tem várias. Algumas definitivas e conhecidas, outras nem tão definitivas e outras totalmente desconhecidas. Uma diferença substancial para o jogo é que na vida vivemos e morremos sem poder recomeçar e o jogo de futebol que reproduz aspectos da vida não consegue reproduzir a finitude do real. Que neste Natal celebremos a vida como vida e não como jogo, pois no jogo há sempre vencedor e vencido, já na vida torcemos para que todos sejam vencedores.
Marcos Kayser