O dia 15 de outubro foi um dia de protesto global, definido previamente para ter esta finalidade. Em mais de 80 países foram registradas manifestações contra crise econômica, corrupção, democracia. A iniciativa foi inspirada na chamada Primavera Árabe, movimento de mobilização social, organizado a partir de redes sociais, que, no início deste ano de 2011, levou às ruas da África e do Oriente Médio milhares de jovens que protestaram, principalmente, contra os regimes ditatoriais, ainda vigentes em alguns países. A eficiência das manifestações no Egito foi tanta que no início do ano culminou com a derrubada do ditador Hosni Mubarak. No Brasil, o ato, também chamado de marcha dos indignados, teve o apoio da OAB (Organização dos Advogados do Brasil) e, segundo a avaliação da própria entidade, houve pouca adesão e a manifestação foi muito tímida. Particularmente, acho que no contexto nacional, onde a luta não é contra este ou aquele, mas sim contra um sistema de corrupção instalado há séculos, um grupo de poucos assumindo e expressando sua indignação já é um ótimo começo e se continuado poderá sim vir a algum dia mudar o quadro da corrupção vigente. Mudança que é desejada pela grande maioria, mas que , por enquanto, não acredita e se intimida. Como esperar indignação de um povo que não está indignado? Digo isso porque penso que os indignados se reduziram a alguns poucos que ainda resistem ao sistema que está instalado. A sociedade, em sua maioria, foi afetada pela banalização da impunidade que acaba alimentando a corrupção. Assim num país da letargia é preciso louvar que dois ou mais ainda consigam expressar seus sentimentos de indignação. Tomara que contaminem outros. Na marcha dos indignados, a adesão de uma minoria já é um grande resultado.
Marcos Kayser