Fazer o que se quer, liberdade, quem não quer? Liberdade de querer, liberdade de agir, liberdade de pensar, são os três sentidos do conceito de liberdade. A liberdade de querer é a mais fácil de todas, basta ter vontade, o que não é tão fácil pois muitas vezes não temos vontade própria e outras vezes vivemos momentos de um nada de vontade. Liberdade de pensar é pensar por si próprio, apesar de muitos agirem sem pensar, portanto, são livres na ação, mas não são livres no pensamento. A liberdade de agir é talvez a mais complicada de ser conquistada. É agir sem a ausência de obstáculos como diz Hobbes. Mas na relação com o mundo somos impedidos pela lei, pelo governo, pelo colega, pelo parceiro (e que parceiro, hein?), enfim, por um outro que representa um obstáculo a nossa liberdade. Somos livres para querer, para agir, para pensar, enquanto a liberdade depende de nós, mas nem sempre é assim. Ninguém é livre absolutamente, nem totalmente. Também ninguém nasce livre. A liberdade precisa ser conquistada e junto dela a autonomia. Autonomia que se distancia um pouco da liberdade, que é mais geral, enquanto a autonomia é mais restrita. Pela autonomia tomamos decisões. A autonomia pode ser o motivo de permanecer num determinado trabalho, mesmo tendo a possibilidade de um outro com melhores perspectivas financeiras. Diz-se que a autonomia é a liberdade comandada pela razão. Por uma consciência do que eu quero e do que eu posso, levando em conta certos limites. É a liberdade valorada e controlada. Quem faz o mal age livremente, sob comando dos instintos, das paixões, dos interesses, dos medos, mas sem autonomia. A autonomia é obedecer ao mando da própria consciência, do auto-governo, sem desprender-se de uma ética. Autonomia seria então a liberdade para o nosso bem próprio e o bem do outro. Não nascemos autônomos, nos tornamos. Depende da nossa vontade e da nossa coragem.
Marcos Kayser