A vida é um palco de decisões cotidianas. Na vida pessoal, na sociedade, no trabalho, é decisão pequena ou grande a todo instante. Enquanto somos apenas um projeto de existência, contido na idéia de nossos pais, nossa concepção depende exclusivamente de uma decisão deles. Depois de decidirem pela nossa entrada no mundo, até o nascimento vem um período ainda obscuro para dizer se decidimos ou não alguma coisa. Mas nos anos iniciais, podemos dizer que o nosso poder de decisão já aparece, apesar de mais primitivo e de menos elaborado. O bebê chora quando tenta ser amamentado, decidiu rejeitar o leite da mãe. Quando crescemos um pouconossas decisões evoluem e se intensificam, pelo menos esta é nossa vontade, quando nos achamos adultos, mas ainda somos adolescentes. Já adultos, maduros ou não, nosso poder de decisão é uma exclusividade nossa, de mais ninguém, nem do acaso, nem do além. É de Sartre a famosa citação: “estamos condenados a ser livres”, ou seja, não temos como escapar das escolhas que fizemos na vida. A responsabilidade é nossa até mesmo quando silenciamos ou ficamos sobre o muro. Viver então é escolher constantemente e quando escolhemos exercitamos nossa liberdade. Daí que pode vir a culpa consciente ou inconsciente de ter escolhido o que não deveria ou, simplesmente, ter se omitido da escolha. Por depender essencialmente de nossos desejos e medos, a decisão é um ato individual e há dificuldades em compreender muitas decisões que os outros fazem. Afinal, se já não é fácil conhecermos a nós mesmos, quiçá conhecermos a pessoa alheia por mais próxima que seja. Todavia, para quem tem consciência de sua responsabilidade, o outro precisa ser respeitado. Como a vida é relacionamento, em toda decisão um ou mais estarão implicados. A decisão, apesar de ser um ato individual, tem um impacto na alteridade, por isso, sempre que possível, é bom decidir junto. No âmbito da política, as decisões podem ser tomadas com a participação popular, no âmbito da empresa, com a participação dos sócios e funcionários, no âmbito da intimidade, a família pode ser escutada. A decisão é um ato difícil de ser tomado, pois algo sempre será perdido, ou seja, aquilo que não foi escolhido e já será passado. Talvez, os mais egocêntricos e apegados tenham maior resistência e dificuldade. E uma coisa é bem provável: são asnossas decisões que determinam o que somos e seremos, doa o quanto doer. Também corre o risco de deixar de viver quem não tomar a decisão ou ficar esperando por outro decidir em seu lugar, o que não significa precipitação. Ouvi de uma criança e criança sempre filosófa com toda sua verdade: “se parar de pedalar, cai”. Se parar de decidir, a vida acaba!
Marcos Kayser