Nos Estados Unidos, ao invés de cada universidade promover um vestibular, elas geralmente solicitam o resultado de dois testes: o Scholastic Aptitude Test (SAT) e o American College Testing (ACT). O SAT é um exame mais analítico, interpretação de texto, gramática, redação e matemática. Já o ACT é mais voltado para checar o aprendizado ao longo dos anos de escola. As questões avaliam o conhecimento do aluno em inglês, matemática, ciências, interpretação de texto e redação. Há universidades que, além dos resultados do SAT e do ACT, avaliam o histórico dos candidatos. Como dizem: “procuram avaliar o todo do aluno”. Avaliam se o estudante trabalha ou não, se precisou, por exemplo, cuidar de irmãos mais novos, se seus pais cursaram faculdade. No formulário de inscrição para a graduação, há perguntas que indagam sobre a vida do candidato fora da escola. Os avaliadores querem saber quais são os hobbies do candidato, suas atividades extracurriculares, se já trabalhou como voluntário em algum lugar. Aqui no Brasil, apesar de algumas novidades, como o Enem, mantemos o velho modelo em sua essência, prova que engloba todas as disciplinas, sendo que para ser aprovado na universidade público é necessário fazer um cursinho particular. É incompreensível que o Brasil, campeão de clonar modelos americanos, feche os olhos para o processo de ingresso à Universidade que é feito nos EUA e em outros países. Um fato que ilustra a ineficácia do modelo brasileiro é a aprovação no vestibular de adolescentes de 15 anos, que ainda estão na metade do segundo ano do ensino médio. Considerando que boa parte dos estudantes estão na escola em virtude do vestibular e a própria escola diz preparar para o vestibular, estes jovens que são aprovados antes de concluírem o ensino médio, na prática não necessitariam mais cursar o terceiro ano. Isso acontece não porque o ensino médio está adiantado mas sim porque a grande maioria dos estudantes estão num mesmo nível e pouca diferença há entre os que já concluíram e aqueles que não concluíram o ensino médio. Ou seja, é mais um fato que indica que há algo errado com a educação brasileira. Justamente ela, o maior motor para o desenvolvimento de um país. Chego a ter pena desta gurizada! Qual é o sentido que elas encontram para ir à escola? E depois combram dela mais engajamento e vontade. É justo? Estão esperando por quem? Pelo governo? Acredito que o problema da educação precisa ser resolvido pelos educadores e pela sociedade. Será falta de coragem e vontade, ou faltará criatividade? Talvez, diante do cenário, abolir o terceiro ano do ensino médio seria uma ato de coerência, por mais estranho e absurdo que pareça.