A volta da Ágora no Paranhana

Por mais paradoxal que pareça, repetir iniciativas do passado poderá sim representar uma grande evolução. Isso porque evolução não se resume em criar o totalmente novo, aquilo que jamais foi produzido. Podemos inovar com o velho, sem sua destruição, e promover assim uma evolução, que represente também uma revolução, dependendo da proporção do feito. O Encontro com os candidatos a prefeito na praça, promovido pela Agenda Paranhana 2020, é uma tentativa de trazer de volta a velha Ágora. Nas praças da Grécia antiga, há mais de 2000 anos, ocorriam reuniões onde os gregos, principalmente os atenienses, discutiam assuntos ligados à vida da cidade (pólis). Ágora era o nome que se dava às praças e os gregos podiam decidir sobre temas ligados a justiça, obras públicas, leis, cultura,… Também era uma espaço público de debates e exercício da cidadania onde a população podia ouvir seus governantes e tomar decisões através do voto direto. O Encontro com os candidatos na praça, feito de forma democrática e organizada no Vale do Paranhana, demonstrou que há cidadãos dispostos a participarem do processo, apesar do desgaste existente quanto ao grau de seriedade dos políticos e governantes do nosso país. O público superou as expectavas. Os candidatos também deram uma demonstração de comprometimento, na medida em que responderam positivamente ao convite, firmaram o compromisso com itens considerados essenciais para o desenvolvimento, através do discurso e do ato de assinatura do Termo. Todos eles foram explícitos ao afirmarem que irão governar elaborando seus planejamentos estratégicos e irão fazer uma gestão de qualidade, para a qual o planejamento é considerado indispensável. Se o ceticismo, decorrente do que se vê na política, é uma postura prudente, uma pitada de esperança pode não ser tão imprudente. Diante do que aconteceu na praça os cidadãos do Paranhana possuem mais um instrumento para medir até onde vai o grau de comprometimento e seriedade de seus governantes. A Ágora não vai retornar como nos tempos da Grécia antiga. Os tempos mudaram, mas o princípio da participação popular, do compromisso firmado e assinado e da transparência, quando os governantes deverão usar a praça como local de prestação de contas são motivos suficientes para o ressurgimento de uma Ágora do século XXI. Uns podem pensar que podemos ter a Ágora digital onde a reunião dos cidadãos com seus governantes se daria pela Internet, mas, por enquanto, são poucos com acesso, além do que o calor da presença ainda não é insubstituível. Claro que a pontualidade, a organização e a objetividade são aspectos importantes que o Encontro com os candidatos soube demonstrar e não devem faltar nos próximos Encontros na Praça. Vamos ficar atentos aos eleitos para que iniciem uma gestão verdadeiramente participativa e comprometida com a adoção de um modelo de excelência. Vamos aguardar que a população e as lideranças participem concretamente e a nova Ágora passe a ser uma rotina democrática.

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