O tripé para ficar de pé depende da vontade do político

Vicente Falconi, um dos maiores pensadores de gestão no Brasil, fala em três fatores fundamentais para a conquista de resultados em qualquer iniciativa humana: liderança, método e conhecimento técnico.  Liderança é o poder que os líderes exercem sobre seus comandados e as habilidades que aplicam para chegar às metas de forma consistente com a participação e motivação indispensável do “time”. Método é o caminho e os caminhos convergentes escolhidos pelo líder e pelo time para atingir o resultado planejado. E atualmente o método PDCA (Planejar, Desenvolver, Controlar e Ajustar) é quase que uma unanimidade. Conhecimento técnico é o domínio do processo que o indivíduo do time está inserido. Por exemplo, numa empresa o gestor do financeiro deve ter domínio sobre finanças, numa prefeitura o secretário de saúde deve ter domínio sobre saúde. No Brasil, muitas empresas ainda não adotam estas premissas, especialmente as de pequeno porte, porque ainda não detém este conhecimento e a compreensão destes fatores. A excelência dos resultados para aquelas que adotam adequadamente, independentemente do tamanho, é comprovada. Já na esfera pública, o número de instituições, que seguem estas premissas na prática, é ínfimo. O método está aí, o conhecimento técnico também, bastando adotar e contratar. O tripé para ficar de pé depende de uma base. A base é a vontade do político, maior líder da instituição chamada país, estado e município. Esta vontade pode ainda ser desmembrada em coragem e alteridade. Coragem é a força para romper com o sistema viciado em falta de produtividade, qualidade e corrupção, que é o fato mais grave. Alteridade é o sentimento da existência de um outro, cuja dependência é mútua. Em outras palavras, é a visão sistêmica, visão do todo, onde não são só os meus interesses particulares contam, mas também o do outro. Até porque num mundo globalizado e interligado o fracasso de um repercute em todos. Poderíamos recorrer à falta de generosidade e solidariedade, mas prefiro deixar de lado por acreditar que nos dias atuais são virtudes bem mais raras na vida em sociedade. Perdoem-me os políticos por concentrar neles a grande responsabilidade pela falta de bons resultados na educação, saúde e segurança, sem falar em outros setores quem encontramos muita precariedade. Uns dirão, mas a sociedade é responsável, afinal, “o povo tem o governo que merece”. Não sei se o povo tem o governo que merece, mas está tendo um governo que muito bem soube se sistematizar que se realimenta, a partir de uma miserável educação e de um sistema de corrupção. A situação é tão precária que a polução vota em quem dá assistência à saúde (remédio e translado ao hospital da capital) e alimentação (bolsa família). Mas, se de um lado culpo os políticos, de outro aposto neles na possibilidade da reversão.  Quem sabe aquele que for mais cristão (aqui estou apelando para a religião) e  assumir sua gestão como uma espécie de missão. Para isso vai precisar romper com o sistema vigente, promover a adoção de bons métodos de gestão, agregar pessoas competentes e manter-se fiel ao controle e ao planejamento. Quem conseguir fazer isso vai acordar a população para um novo padrão. Para mudar o Brasil  “O Verdadeiro Poder”, título do livro de Vicente Falconi, está nos políticos. Na nossa aldeia gaúcha, por que não “espraiar” o modelo conhecido como Agenda Estratégica por todos os recantos do pampa?

Marcos Kayser

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