Na Missão Internacional ao Vale do Silício, na Califórnia, confirmei que, no vale da inovação, o conceito mais introjetado e priorizado é o conceito da colaboração. Colaboração entre empresas e entre pessoas profissionais e cidadãs. Visitando uma aceleradora de empresas, perguntei a que atribuíam o senso de colaboração e me responderam que isso estava na cultura de todos daquele lugar, que, de uma forma ou de outra, receberam ajuda algum dia e se sentem no dever de retribuir. O espírito colaborativo virou um ciclo virtuoso. É fácil também identificar que não há empresa sem planejamento estratégico, não há abertura de empresa sem plano de negócios, não há trabalho sem metas e controles. A liberdade de levar o cachorro ou um aquário de estimação para o trabalho, de fazer a qualquer momento um lanche, de sair para jogar um vôlei no pátio ou nadar numa piscina com correnteza, fatos que presenciei na Google, é partilhada de um alto grau de exigência para que as tarefas e as metas sejam cumpridas no prazo e com qualidade. A piscina chama a atenção. Ela tem em torno de 2 por 3 metros, espaço para um solitário nadador. A surpresa é que enquanto tem um nadador na piscina, tem um salva vida do lado de fora, prestando atenção para intervir, caso necessário for. Um país de primeiro mundo está nesta posição porque se preocupa com segurança e tem leis para serem cumpridas, sem exceções. Se há dois aspectos que se destacam na cultura americana, são eles o planejamento e a disciplina. A metodologia PDCA, do planejar, desenvolver, controlar e ajustar, está em todo o lugar. Usam ferramentas de planejamento e acompanhamento como o Scopi – Software de Planejamento e Gerenciamento de Projetos (www.scopi.com.br). Se não somos mais o país do futebol, o que seremos? As ideias novas, as inovações, não só em produtos, mas em processos, são incentivas naturalmente e, na maioria dos casos, não há premiação financeira para quem apresentar e desenvolver uma ideia. A premiação está no orgulho de ter tido uma ideia aceita e de ter a competência para concretizá-la. E não só no âmbito empresarial a ordem se evidencia, caminhando pelas ruas das cidades, tanto nas grandes como nas pequenas, vê-se muita organização e limpeza. Quem perturbar a ordem é punido num curto intervalo de tempo. No trânsito, por exemplo, não é só o motorista que leva multa, o pedestre que infringir a lei também. Não é a toa que se costuma dizer que “lá as coisas funcionam”. Curioso que não precisa ser americano para aderir a cultura do respeito e da excelência. No Vale do Silício, existem muitos estrangeiros de origem de países do terceiro mundo, como Índia e Brasil. Só que lá, tanto os indianos como os brasileiros, colaboram e se comportam como americanos, por que será?
Marcos Kayser