Hoje é dia do professor e tenho uma relação íntima com esta figura. Minha mãe, a dna. Mary, era professora. Professora muito braba, mas muito querida e respeitada. Tenho tias professoras, tia Mairy, tia Branca, não tão brabas e não menos respeitadas. Professoras para quem “batíamos continência” com certo medo, mas também como sinal de carinho e respeito. Dna Zélia, dna Dula, dna Zênia, as professoras do ensino primário, hoje chamado fundamental, ficaram registradas com mais intensidade na memória. Talvez porque elas assumiam um papel de segunda mãe. Professor que na época tinha status de doutor. Hoje nem o próprio doutor tem status de doutor. No caso dos professores, além do respeito, perdeu-se também uma dose de afeto que permeava a relação. Pode ser reflexo de uma sociedade diferente, onde as pessoas estão mais distantes uma das outras. Vejam o que fazemos no Facebook. Declaramos sentimentos e momentos, mas nos limitamos ao mundo da virtualização. Há uma desconfiança generalizada entre as pessoas e para com as instituições. Haverá alguém que cumpre as normas abrindo mão de seus desejos particulares, agindo tão somente porque o dever comanda? Haverá alguém apaixonado que age por amor? E onde fica o professor? Na época da minha mãe e das minhas tias, isso aconteceu a 50 anos atrás, a formação era outra. As Faculdades eram muito mais austeras. Hoje o problema começa já na formação. A grande maioria dos professores recebem a intitulação sem terem o preparo prático para enfrentarem o dilema da sala de aula: como fazer o aluno “ficar ligado”? Resultado: completa frustração, tanto do aluno como do professor. O aluno criança ainda suporta ir à escola enquanto lá estiver brincando nos anos iniciais. Depois da 5ª série, quando cessam as brincadeiras e não há mais a dedicação exclusiva de um professor, se inicia o processo de desencantamento e deseducação. Já o professor se frustra pela falta de reconhecimento do próprio aluno e pela falta de futuro, sem falar no problema da baixa remuneração. Na época da minha mãe, o professor ganhava o suficiente para comprar o seu carro e construir a sua casa. Este ponto é polêmico. A remuneração é baixa, mas, para muitos, os professores não fazem por merecer uma melhor condição. No dia do professor não quero entrar nesta discussão. Hoje, quero homenagear aqueles professores que ainda sonham, dão a vida por esta profissão e trabalham com muita paixão. Parabéns professor!
Marcos Kayser