A “via crucis” para cancelar um serviço de telefonia

Há um teste super eficiente para quem deseja medir o seu grau de paciência e tolerância. Ligar para cancelar um serviço de telefonia. Se ligar então para uma Companhia que opera a telefonia fixa com exclusividade em sua região, sem concorrência, o resultado do teste é absoluto. Passei por esta experiência, mais uma vez, e restou a ironia, visto que esta realidade, apesar de velha, não mudará, mesmo que exista Procom e outras Instituições com a função de defender o direito do consumidor. Para registrar o pedido de cancelamento, não houve maiores problemas, desconsiderando a já costumeira demora com os muitos pedidos de “só um momento, por favor”. Os problemas se intensificaram no decorrer dos fatos. A conta, que deveria reduzir em mais de 50%, veio praticamente com o mesmo valor, pois, por conta da empresa, acrescentaram planos com uma nomenclatura que só eles entendem, sem eu ter solicitado. “Por coincidência”, o telefone passou a apresentar problemas na recepção de chamadas. Quando liguei para reclamar do valor e do defeito, aí veio o teste da tolerância e da paciência. Confirmei o que todos já sabem. O negócio é planejado como uma “tática de guerra”. Tudo é feito para fazer com que a gente desista pelo cansaço e não adianta desaforar, pois, apesar de ser atendido por uma pessoa, estamos falando com uma máquina. A tática é planejada nos detalhes. A opção de reclamação é uma das últimas a aparecer. Encontrando a opção desejada, temos que fazer outras opções, com grande chance de nos equivocarmos, e, aí, voltará tudo de novo. Isso quando o telefone não fica mudo e a ligação acaba caindo, por mera “casualidade”. Quando conseguimos falar com alguma viva alma, ou alma viva, temos que informar novamente alguns dados que durante a “via crucis” já haviam sido informados. E todo este processo é feito como se estivéssemos sendo respeitados, tanto é assim que ao final ainda pedem para respondermos a uma pesquisa de satisfação, como se não soubessem do estágio de irritação e indignação que nos encontramos. Responder ou não, não fará a mínima diferença. Diante de tanto descaso, resta “rir para não chorar” e torcer para que não continuemos reféns dos monopólios e das oligarquias, o poder intocável de uma minoria que domina.

Marcos Kayser

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