Quando experimentamos algo bom, um desejo insaciável, que pede mais e mais, nos invade. Algo que nos remete à eternidade. Gostaríamos que aquele momento não tivesse fim. As religiões se fundamentam neste desejo bem humano de viver para sempre. Todas prometem vida eterna, só mudam os rituais e as formas. Plantas e animais parecem ficar para trás, afinal, pelo que conhecemos destes seres, eles não tem a mesma sorte da gente, quanto a consciência da própria existência. Consciência da vida e também da morte. Quando encontramos o amor, o desejo de perpetuar se torna ainda mais evidente. Amor de pai e mãe, amor de amigo, amor de amante. Amores onde a entrega não cobra nenhuma recompensa. Amamos gratuitamente. Dar sem a pretensão da troca, quando muito, e não poderia deixar de ser diferente, o desejo de um encontro. Na letra da música Samba da Benção, Vinicius de Moraes diz que “a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro”. Na mesma letra Vinícius nos diz que a alegria é a melhor coisa que existe, mas “é preciso tristeza para fazer um samba com beleza”. Remetendo isso para a vida, podemos pensar que é preciso tristeza para viver uma vida com beleza. É na tristeza que muitas vezes nos damos conta da beleza da vida, enquanto arte de encontrar. E é no encontro do o amor que chegamos no supra sumo da vida. Mas não pensemos que ele é só prazer e alegria. Ele é também tristeza e dor. O mesmo Vinícius fala de encontro e desencontro, de tristeza e beleza. Oposição, sem a qual o próprio ser não se sustenta. O calor só é calor por causa do frio. O dia da noite. A esquerda da direita. O prazer da dor. Por isso, que o amor, apesar de todo o sofrimento inerente, precisa ser festejado. Primeiro porque nem todos conseguem encontrá-lo de verdade, segundo porque ao encontrá-lo podemos realizar o desejo de viver para sempre em plena luz da existência, pelo menos este é o sentimento e a sensação daquele momento em que o amor é vivenciado. Parabéns aos que conseguem amar e, desta forma, celebrar a eternidade em plena existência! Eu me considero um felizardo e só tenho a agradecer aqueles que até aqui me proporcionaram tantos felizes encontros!