A crise política do Estado do Rio Grande do Sul é um fato que não se resume nas denúncias “bombásticas” do vice-governador, Paulo Feijó, já que o governo Yeda desde o seu início, sob o aspecto político, não conseguiu se estabilizar. A forma como Paulo Feijó deflagrou a crise é menos prioritária de ser discutida do que a forma de governar deste e dos outros governos passados. Na verdade a forma como a política de governo é feita no Estado e no país e o jeito de fazer política por parte dos nossos políticos é que carece urgentemente de uma reação de parte da sociedade. Por isso tomemos o cuidado de não cair nas armadilhas que alguns preparam para desvirtuar o foco da atenção que é a suposta corrupção. Sugere-se uma reação da população que vota, dos políticos que passam a ser réus e dos poderes a quem compete fiscalizar, julgar e condenar, quando for o caso. Temos no Ministério Público uma instituição cujo papel é fundamental neste contexto. Já dos políticos, infelizmente, não se pode esperar muito, a não ser tentativas de desviar o foco. Se for verdadeira a metade do que vem sendo denunciado, merecem prisão e devem depois de cumprir pena, procurar outra profissão. A tentativa de desviar a atenção é evidente. Ao em vez de concentrarem os esforços para elucidar os fatos, ficam discutindo se a atitude do vice-governador foi ou não ética. Ou se o ex-chefe da Casa Civil do governo, Cezar Busatto, deve ou não ser processado, como se fosse culpado por ter admitido que as mazelas são rotinas já antigas no Estado. A crise repercutiu e repercuti no Brasil, por meio da imprensa, que expõe a falta de ética na política rio-grandense. Na medida em que estampa as denúncias sobre o governo nas manchetes dos jornais, sutilmente denuncia a falta de ética do Estado e da população, já que o governo é o espelho do povo. Em certos veículos, chega a ser curioso. Aparenta existir uma certa satisfação em noticiar os supostos crimes no governo gaúcho. Talvez uma forma de dizer: – Viu só! Até aqueles os mais politizados do país não resistem à corrupção do poder! Em outras palavras: o gaúcho também é corrupto. Nós gaúchos não somos ingênuos a ponto de pensar e acreditar que não somos corrompidos, afinal, corromper-se talvez seja uma tendência humana e universal. Agora, com certeza, achávamos que não chegávamos a tanto. Achávamos que ser mais politizados equivaleria a ser mais ético. Na verdade, ser ético vem primeiro. Achávamos que aqui era diferente. É uma pena! Ruim pra nós gaúchos, ruim pra eles, afinal, todos somos brasileiros. Vai-se uma referência, mesmo que não fosse absoluta, sem referência o caos piora. Espera-se que o governo aproveite a onda e abra as “porteiras da sujeira” do Rio Grande. Espera-se que as investigações prosperem com a velocidade e com a austeridade que merecem e, depois, que venha a punição dos culpados e com ela a ruptura do sistema vigente, no qual a falcatrua virou a regra. Por fim, que pela crise tenhamos mais ética e, principalmente, ética na política.