Todos os posts de Marcos Kayser

Marcos Kayser é um dos criadores do Scopi, plataforma que ajuda empresas criarem seus planos estratégicos. É bacharel, licenciado e mestre em Filosofia. Escreveu os livros "O Paradoxo do Desejo", onde busca investigar a mecânica do desejo nas relações de poder, "Quando Tamanho não é documento", onde conta a história da gestão da TCA, empresa vencedora do Prêmio Nacional de Inovação em 2013, da qual foi um dos fundadores, e "Um lugar de primeiro mundo", história de um planejamento estratégico regional.

Entre a autonomia e a liberdade

Fazer o que se quer, liberdade, quem não quer? Liberdade de querer, liberdade de agir, liberdade de pensar, são os três sentidos do conceito de liberdade. A liberdade de querer é a mais fácil de todas, basta ter vontade, o que não é tão fácil pois muitas vezes não temos vontade própria e outras vezes vivemos momentos de um nada de vontade. Liberdade de pensar é pensar por si próprio, apesar de muitos agirem sem pensar, portanto, são livres na ação, mas não são livres no pensamento. A liberdade de agir é talvez a mais complicada de ser conquistada. É agir sem a ausência de obstáculos como diz Hobbes. Mas na relação com o mundo somos impedidos pela lei, pelo governo, pelo colega, pelo parceiro (e que parceiro, hein?), enfim, por um outro que representa um obstáculo a nossa liberdade. Somos livres para querer, para agir, para pensar, enquanto a liberdade depende de nós, mas nem sempre é assim. Ninguém é livre absolutamente, nem totalmente. Também ninguém nasce livre. A liberdade precisa ser conquistada e junto dela a autonomia. Autonomia que se distancia um pouco da liberdade, que é mais geral, enquanto a autonomia é mais restrita. Pela autonomia tomamos decisões. A autonomia pode ser o motivo de permanecer num determinado trabalho, mesmo tendo a possibilidade de um outro com melhores perspectivas financeiras. Diz-se que a autonomia é a liberdade comandada pela razão. Por uma consciência do que eu quero e do que eu posso, levando em conta certos limites. É a liberdade valorada e controlada. Quem faz o mal age livremente, sob comando dos instintos, das paixões, dos interesses, dos medos, mas sem autonomia. A autonomia é obedecer ao mando da própria consciência, do auto-governo, sem desprender-se de uma ética. Autonomia seria então a liberdade para o nosso bem próprio e o bem do outro. Não nascemos autônomos, nos tornamos. Depende da nossa vontade e da nossa coragem.

Marcos Kayser



Estaremos nos idiotizando?

Quem navegou pelas redes sociais na semana passada acompanhou a repercussão do caso Luíza que ficou entre os 10 mais comentados do Twitter em todo o país, além de inúmeras montagens no Facebook. A origem está numa única frase de um comercial de televisão da Paraíba que diz: “Menos Luíza, que está no Canadá”. A propaganda em questão é sobre o lançamento de um prédio, estrelada pelo colunista social e pai de Luíza, Gerardo Rabello, que fala sobre o empreendimento e em determinado momento cita que o sucesso do prédio é tão grande que ele convocou toda a família para falar sobre o empreendimento, menos Luíza, de 17 anos, que está no Canadá, fazendo intercâmbio. Foi o que bastou para milhões de pessoas reproduzirem o meme das mais diversas formas até chegar nas televisões brasileiras. Meme é o nome dado a uma espécie de bordão que em pouco tempo se espalha pela Internet, rede mundial de computadores. A repercussão foi tanta que motivou o jornalista da SBT, Carlos Nascimento, chamar os brasileiros de “perfeitos idiotas”. O jornalista se referiu ao assunto Luíza e ao suposto caso de estupro no Big Brother. Segundo ele “não é possível que dois assuntos tão fúteis possam chamar a atenção de um país inteiro”. E seu comentário não deixa de ter sentido, afinal, se uma frase vazia como esta (menos Luíza que está no Canadá) é memorizada e capaz de mobilizar milhões de brasileiros em torno de sua disseminação, por que não temos a mesma memória e acolhida para assuntos que tem um impacto direto em nossas vidas? Por que não damos igual ou maior atenção às questões que envolvem, por exemplo, a corrupção no país, e a degradação do meio ambiente, a falência da saúde pública, a precariedade da educação, a demagogia e o desleixo dos políticos, enfim, problemas que afetam nossas vidas e comprometem nosso sonho de felicidade. É uma questão a ser pensada. Talvez os assuntos mais sérios, já se tornaram banais, ou exigem uma responsabilidade que não temos ou não desejamos assumir. Será que nossa sociedade está num processo de idiotização? Ou seja, estamos ficando mais idiotas?

Algumas citações de Rilke

Seguem algumas frases de Rainer Maria Rilke, um dos maiores poetas da língua alemã do século XX:

(…)Amar também é bom:porque o amor é difícil.
O amor de duas criaturas humanas talvez seja a tarefa mais difícil que nos foi imposta,a maior e última prova,a obra para a qual todas as outras são apenas uma preparação.
Por isso, pessoas jovens que ainda são estreantes em tudo,não sabem amar: tem que
aprendê-lo. Com todo o seu ser,com todas as suas forças concentradas em seu coração solitário,medroso e palpitante,devem aprender a amar.Mas a aprendizagem é sempre uma longa clausura.
Assim, para quem ama,o amor,por muito tempo e pela vida afora,é solidão,
isolamento cada vez mais intenso e profundo.O amor, antes de tudo,não é o que se chama entregar-se,confundir-se, unir-se a outra pessoa.Que sentido teria, com efeito,a união com algo não esclarecido,inacabado, dependente? O amor é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer,tornar-se algo em si mesmo,tornar-se um mundo para si,por causa de um outro ser;é uma grande e ilimitada exigência que se lhe faz,uma escolha e um chamado para longe.
(…)Creio que aquele amor persiste tão forte e poderoso
em sua memória justamente por ter sido sua primeira solidão
profunda e o primeiro trabalho interior com que moldou a sua vida.(…)

Quero lhe implorar
Para que seja paciente
Com tudo o que não está resolvido em seu coração e tente amar.
As perguntas como quartos trancados e como livros escritos em língua estrangeira.
Não procure respostas que não podem ser dadas porque não seria capaz de vivê-las. E a questão é viver tudo. Viva as perguntas agora.
Talvez assim, gradualmente, você sem perceber, viverá a resposta num dia distante.

Amor são duas solidões protegendo-se uma à outra.

Não é somente a inércia culpada pela repetição dos relacionamentos humanos, caso a caso, indescritivelmente, de forma monótona e sem renovação. É a timidez diante de novas e imprevisíveis experiências para as quais acreditamos não estar preparados. Mas somente alguém que está preparado para TUDO, que não exclui NADA, nem o mais enigmático, vivenciará a relação com o outro como algo vivo.

Nada a poderia perturbar mais do que olhar para fora e aguardar de fora respostas a perguntas a que talvez somente seu sentimento mais íntimo possa responder na hora mais silenciosa.

Não procure pelas respostas que não podem ser dadas, pois você não seria capaz de vivê-las

A felicidade dentro da Felicidade

Felicidade Camargo Machado é o nome de uma senhora de 106 anos que Fabrício Carpinejar encontrou em suas andanças pelo Rio Grande. Reside sozinha, paga suas contas com o dinheiro da viuvez e não depende de mais ninguém, a não ser dela. Felicidade mora dentro de uma casa de madeira que fica dentro de uma casa de alvenaria e vive o que recita: “assim que somos: a infância dentro do adulto.” Felicidade sobreviveu ao inferno. Dos 15 irmãos é a única sobrevivente e perdeu o marido que foi assassinado por um homem traído. Apesar de não saber ler nem escrever, sem nunca ter lido um livro de poemas, Felicidade é poeta, de uma sabedoria aforística, como o próprio poeta Carpinejar a identifica. Diz ela:

“- Poema é cachorro lambendo meu joelho esfolado.

– O tanque de pedra é meu conselheiro.

– Já tive tempo de aprender tudo, desaprender tudo e agora estou aprendendo de novo.

– Perdi o jeito de rir de tanto sofrimento. Vou rir por engano.

– Quando acaba o fim, posso inventar novo fim com as paredes de sabão de vidro.

– A limpidez vem do movimento da água.

– Estou feliz para ser feliz um dia.”

Felicidade é uma escola de vida e longevidade em que a felicidade, por mais improvável que seja, é por ela dia a dia reinventada, sem perder ternura e simplicidade.

Escrever-se

No final de semana do Natal, o Jornal ZH publicou no Caderno Donna cartas de quatro personalidades gaúchas que escreveram para si mesmas com recados para as crianças que um dia foram. “Aprenda a ser leve, a rir de si mesma. Carregue vivo o olhar da primeira vez e saiba cedo que o tempo é o melhor remédio, pois isso acalma”, foi uma das recomendações de  Greice Antes, estilista, 34 anos. “Preste atenção a cada uma das milhares de vezes em que o pai contar a história do grumete que chora em desespero porque o navio está afundando e à frase que lhe diz o comandante como consolo: Guarda tuas lágrimas para momentos piores”, citou Cíntia Moscovich, jornalista e escritora, 53 anos, em sua carta. “Obrigado por estares aí depois de tanto tempo e por levar contigo um pouco de mim, por mais intolerante que possa ser a vida de um adulto”, foi uma das frases de Duca Leindecker, músico e escritor de 41 anos. Por fim, “o adulto que sou hoje deve a ti essa força estranha”, citou o diretor de teatro, Luciano Alabarse, de 58 anos. Particularmente, gostei da idéia. É um belo exercício para fazermos, especialmente em momentos de final de ano, quando olhamos pra frente e planejamos sonhos, semelhante de quando éramos crianças. Mesmo que o tempo de criança já passou e o passado não retorna,  recomendar para nós mesmos é demonstração de que aprendemos algo. Então resolvi escrever-me:  “Não deixe de gostar de si mesmo, além de se sentir bem acompanhado, terá mais força para realizar teus desejos e sonhos. Na vida, navegar é preciso e, nem sempre, as águas são brandas. Diante da pior das tempestades, acredite, nem tudo estará perdido, o tempo é o maior amigo e você sabe que tem coragem. Amor é algo sagrado, caso o encontre compartilhe e goze ao máximo desta felicidade. Para não perdê-lo, abra a mão de si e não se acomode. Encontrando trabalhe para recriá-lo. Não encontrando, continue a buscá-lo. Somente assim estará vivo e com grandes chances de encontrá-lo. Se vais seguir a minha recomendação, isso é outra conversa, não há garantias, mas uma coisa é certa: a escolha tem um responsável”.

Frases sobre a vida

Mesmo que pareça pouco original, gosto das chamadas frases feitas, porém faço uma ressalva: depende de quem as fez.  Tenho preferência pelos filósofos e os poetas. Aproveitando que estamos chegando ao final de mais um ano e nossa vida é também contabilizada pela quantidade de anos que vivemos, selecionei algumas frases que, talvez, ajudem a refletir sobre a vida de cada um, a vida que levamos ao longo dos anos:

Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida. Sêneca

O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela. Fernando Pessoa

Você vive hoje uma vida que gostaria de viver por toda a eternidade? Friedrich Nietzsche

Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe. Oscar Wilde

A arte de viver é simplesmente a arte de conviver … simplesmente, disse eu? Mas como é difícil! Mário Quintana

A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente. Soren Kierkergaard

Viver é desenhar sem borracha. Millôr Fernandes

É difícil viver com as pessoas porque calar é muito difícil. Friedrich Nietzsche

A maioria pensa com a sensibilidade, eu sinto com o pensamento. Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar. Fernando Pessoa

Se vale a pena viver e se a morte faz parte da vida, então, morrer também vale a pena… Immanuel Kant

A vida é muito importante para ser levada a sério.  Oscar Wilde

Vista pelos jovens, a vida é um futuro infinitamente longo; vista pelos velhos, um passado muito breve. Arthur Schopenhauer

O melhor uso da vida consiste em gastá-la por alguma coisa que dure mais que a própria vida. William James

Vereadores: por amor a pátria Taquara

Levantamento feito pelo ABC Domingo, jornal do Grupo Sinos, com dados do exercício de 2010, mostra Ivoti em primeiro lugar no ranking do percentual de gastos dos Legislativos de 52 cidades da abrangência do jornal. Três Coroas continua em 2º  lugar com 0,76% de gastos, com 2 funcionários e cada vereador ganha R$ 1.769,68. Igrejinha ocupa o 11º lugar com 1,36%, 9 funcionários e o vereador recebe um salário de R$ 1.845,01. Riozinho está no 23º lugar com 2,08%, 2 funcionários e o vereador recebe R$ 1.435,42. Em 2009, Riozinho estava na 39ª posição. Rolante está no 30º lugar, com 2,34% de gastos, 5 funcionários e o vereador recebe R$ 2.891,19. Rolante também melhorou com relação a 2009 onde estava na posição 37ª. Parobé está no 42º lugar com 2,95%, 37 funcionários e o vereador recebe R$ 3739,12. Parobé melhorou 4 posições no ranking, já que em 2009 estava na 46ª posição. Taquara na posição 46ª é o município do Paranhana na pior colocação, próximo de Araricá que é a última colocada na posição 53. O percentual de gastos do Legislativo taquarense é de 3,23%, 28 funcionários e o vereador ganha R$ 4.625,90. Taquara também foi o único município do Paranhana que piorou sua colocação. Em 2009 ocupava o 42º lugar.  A Câmara de Taquara gastou R$ 2.127.279,88 em 2010. Se o legislativo  taquarense gastasse o mesmo percentual de Montenegro, cuja população é muito similar, sobraria o equivalente a R$ 1.400.000,00 por ano para o Executivo investir em setores prioritários. Se a comparação for estabelecida com relação a Três Coroas, a economia seria ainda maior. Se Taquara não tivesse carência alguma e sobrassem recursos na Prefeitura, até que poderíamos ignorar os gastos da Câmara, mas não temos este privilégio. Diante da situação da Câmara de Taquara que está entre as que mais gastam e, ao mesmo tempo, diante da falta de recursos financeiros e das carências da cidade, não tem como ignorar, até porque todos de alguma forma são prejudicados. Por que fiscalizar e legislar, dever único do vereador, em Taquara custa tanto? Qual é o percentual que representa os gastos com pessoal e os gastos com os próprios vereadores? Se considerarmos só o salário dos vereadores, Taquara é um dos municípios cuja remuneração dos legisladores corresponde ao maior percentual do orçamento municipal. Será que nossos vereadores trabalham tão mais do que os outros? E se trabalham, não poderiam fazer pelo amor a pátria Taquara? Uma conclusão que se pode tirar é que o problema da cidade não está necessariamente na arrecadação, mas no gasto. Nas últimas eleições as urnas apontaram uma certa insatisfação e alguns legisladores não conseguiram a reeleição como esperavam. É bem provável que na próxima eleição este descontentamento aumente.  Por favor  vereadores, a cidade precisa de vocês, façam mais com menos, vamos economizar, vamos nos restringir a fiscalizar e legislar e vamos deixar de ser motivo de chacota para os que nos observam de fora. Contamos com vocês, afinal, vocês representam a nossa vontade e a nossa cidade!

Lutar por poder ou por uma causa?

Dois acontecimentos marcantes ocorridos na semana passada, a tumultuada sessão do legislativo taquarense e a greve dos professores me parece que possuem uma questão comum que pode ajudar a refletir sobre os dois episódios. Em ambos, seus protagonistas  estão mobilizados por uma causa social ou por interesses privados? No caso da sessão da Câmara a luta era pela posse da presidência,  uma instância de poder. Não era por um projeto que poderia vir a beneficiar a comunidade nem tão pouco para decidir sobre um tema de interesse dos eleitores como por exemplo reduzir salários dos legisladores  ou acabar com as diárias. Temas como estes são ignorados e, talvez, jamais serão motivos de lutas internas. No caso da greve dos professores, desde criança, e lá se vai mais  de 35 anos, me lembro minha saudosa mãe envolta com a greve, já na dúvida se era legítima e até onde prejudicaria os seus alunos. Greves persistiram da mesma forma e se ainda são realizadas é porque jamais atingiram seus objetivos. Então acho que o CEPERS  deveria procurar inovar e ser mais justo e efetivo. Esta greve vo ao final do ano letivo chega ser uma ofensa grave à sociedade gaúcha, basta perguntar aos pais e aos próprios alunos. Ao mesmo tempo continua a omissão do CEPERS ao não apresentar qualquer modelo novo para a educação. De novo, e tal qual aos legisladores estamos vendo a luta em causa própria quando deveria, pela função que desempenham, ser pela sociedade. Se a constância dos embates movidos pelo interesse das comunidades fosse equivalente aos em causa própria nosso país seria Outro. A noção da alteridade ainda está muito distante de balizar a conduta dos políticos brasileiros.

Incubadora, sinônimo de desenvolvimento econômico, social e ecológico

Para impulsionar os parques tecnológicos e incubadoras, o Rio Grande do Sul vai liberar até o final do ano R$ 12 milhões, por meio de edital. E tudo a fundo perdido, pois o ganho do Estado é muito maior em geração de empregos e renda. Só os três maiores parques tecnológicos do Estado, Tecnopuc, Tecnosinos e Valetec  juntos geram 13 mil empregos diretos, distribuídos em 150 empresas, em sua grande maioria não poluidoras. Em renda é gerado R$ 55 milhões  por mês, considerando um salário médio de R$ 4.250,00 pago para profissionais com especialização. Os 3 parques produzem em média 95 patentes por ano, demonstrando um elevado grau de inovação.  Para Guilherme Plonski, presidente da Amprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), mais importante do que um parque tecnológico em si é a construção de uma plataforma de desenvolvimento, que valorize o conhecimento das pessoas da região e retenha os talentos. “Além do emprego, é preciso que os cérebros da região se sintam desafiados onde estão, para não irem embora”, cita Plonski em entrevista ao jornal Zero Hora. É tudo que queremos para o Paranhana, mas hoje, o que acontece é o contrário. Temos uma imigração de talentos como ocorre com o Cimol que muitos do que lá se formam vão para empresas fora da região do Paranhana por faltar opções aqui. É bom esclarecer que uma incubadora necessariamente não precisa ofertar grandes espaços físicos e as incubadoras virtuais já são realidades. O ponto chave de uma incubadora não são seus prédios, mas sim o talento dos incubados e a capacidade técnica da instituição de ensino que os apóia, como acontece com a PUC, Unisinos e Feevale. Como se vê, incubadora é um grande negócio em triplo sentido: econômico, social e ecológico.

E o sonho da incubadora ainda não acabou

Na semana passada tivemos ótimas notícias relacionadas a área da tecnologia no Rio Grande do Sul. Houve o anúncio do primeiro chip encapsulado produzido no Estado, junto ao parque tecnológico da Unisinos. Para quem não tem muita familiaridade com o termo, chip é um componente eletrônico que reúne vários circuitos que desempenham uma gama variada de funções e comandam a grande maioria dos aparelhos eletrônicos modernos. A TV tem chip, o computador tem chip, o celular tem chip e por aí vai. Por isso, produzir um chip representa muito. Também na semana passada o governo gaúcho firmou parceria com a Coréia do Sul, país com tradição em pesquisa e produção de alta tecnologia. A parceria envolve cooperação na área educacional, científica e tecnológica. Ainda na semana passada ocorreu em São Leopoldo o 1º Fórum Brasil-Coréia do Sul em Ciência, Tecnologia e Inovação. Em Novo Hamburgo, entre os dias 17 e 23, ocorreu a Semana Estadual de Ciência e Tecnologia. Nesta semana, em Novo Hamburgo, mais atividades serão realizadas na Fenac, envolvendo o tema tecnologia, eventos que são abertos para estudantes e empresários interessados. Enquanto São Leopoldo e Novo Hamburgo investem no desenvolvimento da área tecnológica e já possuem incubadoras e parques tecnológicos com empresas de ponta, gerando emprego neste setor estratégico, o sonho já antigo de ter no Paranhana uma incubadora apoiada por uma instituição de ensino, continua no “mundo das idéias”, ou seja, muito distante da nossa realidade. Particularmente, fico curioso para saber porque ninguém quer ser “pai desta criança”. Faltará competência, coragem ou vontade? Já pensaram se o Paranhana tivesse uma economia pulsante não só no calçado mas também na tecnologia chamada de ponta? Esperemos que algum dia um professor, a exemplo do professor Harald Bauer, crie o que este mestre já criou, cada um no seu contexto, é claro. Mas em comum tenha a abnegação e a visao inovadora.