Todos os posts de Marcos Kayser

Marcos Kayser é um dos criadores do Scopi, plataforma que ajuda empresas criarem seus planos estratégicos. É bacharel, licenciado e mestre em Filosofia. Escreveu os livros "O Paradoxo do Desejo", onde busca investigar a mecânica do desejo nas relações de poder, "Quando Tamanho não é documento", onde conta a história da gestão da TCA, empresa vencedora do Prêmio Nacional de Inovação em 2013, da qual foi um dos fundadores, e "Um lugar de primeiro mundo", história de um planejamento estratégico regional.

A adesão de uma minoria de indignados

O dia 15 de outubro foi um dia de protesto global, definido previamente para ter esta finalidade. Em mais de 80 países foram registradas manifestações contra crise econômica, corrupção, democracia. A iniciativa foi inspirada na chamada Primavera Árabe, movimento de mobilização social, organizado a partir de redes sociais, que, no início deste ano de 2011, levou às ruas da África e do Oriente Médio milhares de jovens que protestaram, principalmente, contra os regimes ditatoriais, ainda vigentes em alguns países. A eficiência das manifestações no Egito foi tanta que no início do ano culminou com a derrubada do ditador Hosni Mubarak. No Brasil, o ato, também chamado de marcha dos  indignados, teve o apoio da OAB (Organização dos Advogados do Brasil) e, segundo a avaliação da própria entidade, houve pouca adesão e a manifestação foi muito tímida. Particularmente, acho que no contexto nacional, onde a luta não é contra este ou aquele, mas sim contra um sistema de corrupção instalado há séculos, um grupo de poucos assumindo e expressando sua indignação já é um ótimo começo e se continuado poderá sim vir a algum dia mudar o quadro da corrupção vigente. Mudança que é desejada pela grande maioria, mas que , por enquanto, não acredita e se intimida. Como esperar indignação de um povo que não está indignado? Digo isso porque penso que os indignados se reduziram a alguns poucos que ainda resistem ao sistema que está instalado. A sociedade, em sua maioria, foi afetada pela banalização da impunidade que acaba alimentando a corrupção. Assim num país da letargia é preciso louvar que dois ou mais ainda consigam expressar seus sentimentos de indignação. Tomara que contaminem outros.  Na marcha dos indignados, a adesão de uma minoria já é um grande resultado.

Marcos Kayser

Imprensa: poder de formar opiniões e mudar decisões

A imprensa e a mídia são conhecidas como o “quarto poder” pelo papel importante que possui na sociedade, não só na divulgação de notícias sobre eventos corriqueiros do dia a dia e das instituições, como também trazendo a tona fatos de hoje e de ontem até então escusos do meio social. A imprensa investigativa chega a se aproximar da atuação de uma polícia. Para tal haverá de ter muita coragem e correr os riscos de eventuais retaliações, porém, o resultado compensa. Assim foi o exemplo que tivemos em Novo Hamburgo, quando o Jornal NH colaborou decisivamente para a reversão da tendência de aumento do número de vereadores no município. Muitos vereadores que na primeira votação se posicionaram à favor do aumento chegaram a mudar de voto, levando à manutenção dos 14 parlamentares atuais, por unanimidade. Nos dias que antecederam a votação, o Jornal NH fez uma verdadeira campanha, deixando explícita a sua posição desfavorável ao aumento do número de vereadores. Apresentou justificativas bem fundamentadas e publicou a testemunho de pessoas da comunidade, representando a maioria contrária. Um manifesto com o nome de “opinião” foi capa do jornal que no dia da votação chegou a estampar na capa a foto dos vereadores que tinham sido favoráveis ao aumento na primeira votação. A atitude do jornal pode até ser questionada por aqueles que entendem que a imprensa deva ser imparcial. Mas a imparcialidade será o melhor caminho quando estamos diante de uma decisão que traz prejuízos evidentes à sociedade e que a maioria desta sociedade tem rejeição? O jornal NH deu uma demonstração que a imprensa pode e deve ser parcial quando sua parcialidade é transparente e, principalmente, coerente. O jornal NH demonstrou que a imprensa realmente tem poder e, na medida em que, exerce este poder com qualidade e a favor da ética e do bem comum, é nos dias de hoje um instrumento importante nos processos de transformação e evolução da sociedade. Parabéns Jornal NH pelos ensinamentos de uma imprensa que desnuda sua posição a favor da população.

Marcos Kayser

Filósofo e Empresário

Cidade com praça, cidade com alma

Em fevereiro de 2007 escrevi um artigo intitulado “Cidade sem praça, corpo sem alma”, em que falava da minha tristeza, como a de tantos outros taquarenses, ao ver o estado das principais praças da cidade, a Marechal Deodoro e a da Bandeira. Praças que pela deteriorização podiam ser comparadas a um corpo sem alma, representando morbidez. E logo uma praça que tem um sentido visceral para uma cidade. Um lugar que é ponto de encontro de pessoas de todas as idades e, portanto, deve ser acolhedor. Mais de quatro anos depois do artigo, mesmo que ainda em construção, começamos a ver a praça Marechal Deodoro com ares de limpeza. À noite podemos ver a penumbra dando lugar a luz e confirmar como uma boa iluminação faz a diferença. Respeito aqueles que defenderam a manutenção das árvores que lá estavam, mas não dá para ignorar que sem algumas delas podemos melhor visualizar o prédio da Prefeitura, uma verdadeira obra de arte barroca, como poucas cidades do Brasil tem. Tudo indica que no Natal a nova praça Marechal Deodoro já estará inaugurada e se espera que a comunidade, junto do poder público, saiba zelá-la, mantendo-a limpa. Na praça da Bandeira, onde muito brinquei na minha infância, quando estudava no Rodolfo Von Ihering, a derrubada das baiúcas, que compunham o dito camelódromo, já deram um descanso aos olhos. Perdoem-me, mas aquele cenário deprimente chegava a ser um desrespeito para com o consumidor e denegria a imagem dos comerciantes que lá estabelecidos estavam. Na praça da Bandeira espero que se confirme a idéia de instalar balanços, escorregadores e outros brinquedos para a criançada. As reformas de ambas as praças poderiam ter tomado outros rumos arquitetônicas, mas acredito que as opções escolhidas pelos gestores não comprometerão a beleza e a funcionalidade dos dois locais. Quem sabe, o próximo desafio, em matéria de urbanização, seja a limpeza e o embelezamento das entradas da cidade, que não depende apenas dos gestores municipais mas dos comerciantes e habitantes da cidade que precisam manter suas fachadas e calçadas em dia com a estética. Vou começar a ter mais esperança nesta cidade, afinal, vai ter praça, vai ter alma!

Marcos Kayser

Trânsito: um problema que o governo só aumenta

A cada dia está ficando mais insuportável o trânsito das grandes cidades e de algumas médias também. Chegar em grandes cidades nas primeiras horas do dia e sair no final requer muita paciência para enfrentar os congestionamentos e se recomenda que não tenhamos compromisso com horários, pois o atraso será inevitável. Transitar pelas avenidas e ruas também tem sido caótico, isso que em Porto Alegre, por exemplo, não faz muito tempo foram inauguradas as perimetrais que eram para dar vazão ao já intenso tráfego de veículos. Em pouco tempo já ficaram congestionadas e praticamente não se vê mais diferença entre antes e depois delas. Todo este caos porque a quantidade de carros circulando cresce exponencialmente. O número de veículos vendidos por ano no Brasil deve dobrar até 2025, segundo previsão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Um estudo encomendado pelo governo federal aponta que, em 15 anos, 6,8 milhões de carros, motos, caminhões e tratores serão comercializados anualmente no País. A Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) espera que este ano sejam vendidas 3,4 milhões de unidades. Enquanto montadoras e governo comemoram, uma porque a venda de veículos é garantia de lucros, outra porque é garantia de arrecadação, o cidadão vai tendo no trânsito mais um motivo de estresse e má qualidade de vida. Fora a perda de tempo, há também o problema da poluição causada pelos carros, o que já virou banalidade e poucos dão bola. Pelo bem das cidades e dos cidadãos o governo, no lugar de incentivar a compra de carros como tem feito, aumentando o problema ao em vez de dar soluções, deveria investir em meios alternativos de mobilidade, trem, por exemplo, além de aumentar os impostos como faz com o cigarro, contendo um pouco o consumo. Ao mesmo tempo, deveria promover o desenvolvimento de outros arranjos produtivos, para depender cada vez menos da indústria automobilística tradicional e não sofrer tanto com uma eventual demissão em massa do setor, fato que mais cedo ou mais tarde será inevitável em respeito ao meio ambiente e a paciência do cidadão.

Empreender no Brasil “custa caro”

Empreendedor no Brasil “dorme acordado”. Não for assim, o amanhã ficará ainda mais temerário. Conforme dados do Sebrae – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas, 27% das empresas de pequeno porte fecham as portas no primeiro ano de existência e 58% fecham antes de completar cinco anos. Este percentual já foi pior, em 2000 chegava a 71%. Dentre os fatores causadores do fechamento das empresas, está a falta de preparo do empreendedor que muitas vezes não possui conhecimento suficiente de técnicas de gestão, hoje em dia indispensáveis para o enfrentamento da concorrência. Mas há também fatores externos que causam o insucesso prematuro do negócio. Um deles é o mercado, o outro é o governo. No primeiro fator há uma ameaça constante dos grandes players, os gigantes das lojas de departamentos, dos supermercados, das companhias de telecomunicações que ditam as regras do jogo e possuem um elevado poder de compra e venda. Compram o que querem e vendem por quanto querem. Claro que muitos pequenos conseguem encontrar nichos em que os grandes não tem competitividade e, assim, conseguem se manter bem vivos na “guerra”. Mas como os próprios pequenos empreendedores dizem: “é preciso matar um leão a cada dia”. O fator governo se traduz na precariedade dos serviços públicos, na insuficiência de políticas de apoio aos pequenos negócios e, como se não bastasse, na burocracia e nos altos impostos. O governo mais do que não ajudar, atrapalha. Como todo o cidadão brasileiro, a empresa paga impostos que deveriam ser convertidos em bons serviços de saúde, educação e segurança (e poderia seguir adiante). Contudo, a omissão do governo brasileiro, que arrecada uma das maiores cargas tributárias do mundo, obriga as empresas a contratar os serviços privados, pagando dobrado. Esta duplicidade acaba onerando o custo do produto, fazendo perder competitividade e comprometendo a sobrevivência do empreendimento. Nos últimos tempos, a falta de mão-de-obra qualificada tem sido um entrave para o crescimento das empresas, e empresa que não cresce, morre. Qualidade não é por acaso, se produz com formação e trabalho. O que esperar de um ensino que parece estar proíbido de cobrar, fazer repetir e rodar? E o ensino superior se acostumou com a nova moda. Muitas empresas estão optando por preparar o seu pessoal, mas isso leva tempo e há ainda o iminente risco de perder o funcionário antes de ter o valor investido recuperado. Está aí um dos motivos pelo qual muitas empresas são “de um homem só”, afinal “é melhor empreender sozinho do que mal acompanhado”. É uma pena que não é possível empreender sem o sócio Estado. Por isso, e por outras, empreender no Brasil “custa caro”.

Marcos Kayser

Uma entidade que merece o nosso reconhecimento

Desconheço detalhes do contrato de concessão da rodovia ERS115 do governo para a empresa Brita. Mas não é preciso conhecê-lo para saber que o Estado não pode se eximir do papel de fiscalizar a rodovia e se ela esta suficientemente segura para os seus usuários. Há muito que os motoristas que trafegam pela ERS115 entre Três Coroas e Gramado, percebiam o risco no local em  a estrada cedeu, culminando no sua interdição. O governo na hipótese mais amena  tem a co-responsabilidade já que tem o dever da fiscalização e o poder da intervenção, que acaba não exercendo.  De quem não tem a cultura do planejamento estratégico não se pode esperar planos e medidas preventivas, pois sem planejamento a visão de futuro simplesmente inexiste e, por conseguinte, não se faz gestão de riscos.  No Brasil são poucos o que já compreenderam isso. Com muito orgulho, por se tratar de uma entidade nossa, a CICS tem esta compreensão e prova disso é o trabalho que faz já há 5 anos coordenar a Agenda Paranhana 2020. Na Agenda estão objetivos e projetos  estratégicas que não começam e se encerram no curto prazo mas se estendem por muitos anos. Mais especificamente com relação a infraestrutura  e rodovias, há na Agenda dois projetos de duplicação de rodovias incluídos há alguns anos atrás, prevendo situações como esta ocorrida na ERS115. Congratulações  a CICS por acreditar que o sucesso da região depende de um planejamento estratégico e pela perseverança quase solitária nesta empreitada. E neste episódio da ERS115 a CICS foi singular, vencendo a inércia tão comum nos dias de hoje e pedindo providências ao Ministério Público. Aqui tenho uma dúvida quanto ao funcionamento do MP: caso com tamanha evidência carecem de um pedido formal que burocratiza e atrasa?. Não é por acaso que o trabalho da CICS mereceu destaque no editorial do Jornal Zero Hora (Grupo RBS). É hora de reconhecer que finalmente temos uma entidade que pensa e age em defesa da sociedade regional. Já foi assim com a elevada da RS239 que tinha um problema estrutural e não andava.  Por que será tão difícil apoiar e aplaudir quem é de casa? Será conflito de interesses? Disputa de egos? Inveja? Se for, é burra, e o sonho de ser uma região de primeiro mundo não sairá do mundo da pura  utopia.

 

Marcos Kayser

Três Parabéns e Uma Lástima

Parabéns aos promotores e organizadores do evento do Acendimento Nacional da Chama Crioula ocorrido no final de semana em Taquara. Como é bom ver a cidade agitada culturalmente e pessoas se dedicando voluntariamente. Os grandes feitos dificilmente se concretizam sem um enorme esforço. A coisa boa, o belo e o sucesso se obtém com trabalho, que começa com um bom planejamento.

Parabéns também aos professores que estão organizando o Campeonato de Xadrez do Paranhana, iniciativa que está na Agenda Paranhana 2020 e neste final de semana teve a 2ª edição na cidade de Rolante. Estavam lá mais de 100 enxadristas da rede de ensino pública e privada do Paranhana. Com iniciativas como esta a prática de xadrez começa a crescer na região e, certamente, as escolas envolvidas vão colher bons resultados. A próxima etapa será em Três Coroas no dia 18 de setembro e as inscrições deverão ser feitas pela Internet no site www.paranhana.org.br.

Parabéns também aos professores do Paranhana que inscreveram 128 projetos no Prêmio Professor Inovador, mostrando que, além de estarem buscando implantar a cultura da inovação, já que o mundo inova a cada dia, também se dispõem a participar de um concurso que irá destacar alguns. Contudo, o mais relevante para a educação da região é a adesão deste número respeitado de professores participantes.

Por fim, lastimo que os vereadores de Taquara tenham aprovado o aumento do número de vereadores na primeira votação, realizada na segunda-feira da semana passada (dia 15). Foram  totalmente contra a vontade popular que em grande escala é contra o aumento. Mas ainda espero poder parabenizá-los, na medida em que podem reverter a situação, votando contra o aumento na segunda votação e, desta forma, mostrando respeito e conformidade com  quem os elegeu e voltarão as urnas nas próximas eleições sem esquecer eventos como este.

Marcos Kayser

Cidadão Paranhanense

Uma grande filósofa por uma grande atriz

Tive o privilégio de assistir Fernanda Montenegro na peça “Viver sem tempos mortos”, no teatro São Pedro, em Porto Alegre. A atriz, uma unanimidade da dramaturgia brasileira, durante sessenta minutos, apresentou um monólogo com trechos de correspondências da filósofa francesa Simone de Beauvoir. Os fragmentos contam a vida e os amores de Simone, vividos em nome da liberdade. Mas antes de falar do conteúdo filosófico da peça, é impossível não reconhecer o talento de Fernanda Montenegro com seus 82 anos, que capacidade de memorização, de representação! Ela consegue prender a atenção da platéia sem precisar de qualquer recurso “pirotécnico”. Sentada solitariamente em uma cadeira, a atriz narra um conteúdo denso, conseguindo vidrar o público que no encerramento da peça lhe coroou com um prolongado aplauso. “Viver sem tempos mortos” é viver a liberdade em sua totalidade, é viver intensamente sem desperdiçar qualquer instante. E Beauvoir fez isso como ninguém em pensamento, pela via da filosofia, em parceria com Sartre, e na sua vida privada, pela via do relacionamento amoroso, principalmente com Sartre . “A liberdade manda, ela não obedece.” A idéia de Simone é que “o homem é antes de mais nada o que deseja ser”, como pensam também os demais filósofos existencialista, escola a que Simone pertenceu. Não há destino previamente determinado. O destino é produzido por cada um e pela contingência do acaso. É por isso que a mulher não nasce mulher, mas ao longo da vida ela se torna mulher e conquista com as próprias mãos a sua feminilidade. O homem não é diferente, também não nasce homem, mas se torna homem ao longo da experiência de vida. Ninguém é, antes de ter sido. No monólogo, além do pensamento filosófico de Simone, Fernanda Montenegro narra a morte de Sartre, processo reconhecido como o o mais doloroso vivido por Simone de Beauvoir. Morte que como ela mesmo disse: é menos terrível para quem está cansado. Sartre já estava em coma quando morreu, mas, se estivesse consciente, é bem provável que já estaria cansado de não poder mais viver, desfrutando da liberdade que tanto amou.
Marcos Kayser

Os juízes e as férias de 60 dias

O Poder Judiciário, por mais intocável que seja, carece de uma reforma. O mundo não é mais o mesmo, o Brasil não é mais o mesmo e as instituições precisam acompanhar as mudanças, sob risco de não atenderem mais as necessidades básicas, garantidas constitucionalmente, causando enormes prejuízos à sociedade. Um dos entraves às mudanças é o corporativismo que protege os interesses de uma minoria e quando ocorre no poder judiciário causa uma inconformidade ainda maior, porque é o poder designado a promover a justiça. E será justo soltar presos porque não há espaço físico nas cadeias? Será justo os juízes terem 60 dias de férias? O Poder Judiciário está abarrotado de processos. No Brasil existem milhares de ações represadas, faltam tribunais, faltam juízes, faltam servidores. É recurso pra cá, é recurso pra lá, tudo dentro da lei e os próprios juízes concordam que os processos se arrastam porque a lei colabora. Porém não se vê uma iniciativa concreta do próprio Poder Judiciário para convencer o Poder Legislativo a mudar a lei. Não daria para criar instrumentos que limitassem algumas ações produzidas pela indústria do Direito? Ao mesmo tempo em que não mobilizam a sociedade para implantar as mudanças necessárias, visando a tão falada celeridade, defendem a manutenção das férias de 60 dias. Dentre as justificativas está a complexidade do trabalho, visto a quantidade de leis que o país possui, e o desgaste pelo excesso de trabalho, fazendo com que trabalhem além do limite das horas semanais. Quem garante que todos os juízes trabalham além do tempo contratado? Os problemas precisam ser corrigidos na “causa primeira” e a solução não está em conceder mais férias. É bom lembrar que, além de mais tempo ausentes pelas férias, os juízes ganham mais um terço do valor das férias, considerando os 30 dias adicionais. Todo trabalhador brasileiro tem direito a 30 dias de férias. É assim com o servidor público, o metalúrgico, o professor, o bancário, o comerciário, o industriário. Os empresários e muitos profissionais liberais não conseguem tirar nem os 30 dias, por mais vontade que tenham e por mais justo que seja. Cada um na sua profissão encontrará motivos para um prazo maior de férias, porém, não há sociedade de mercado que permita. Pode parecer redundância, mas se há alguém com poder para tornar este país mais justo, este alguém é o poder judiciário. Contudo, para isso acontecer, o Judiciário precisa dar exemplo, abrindo mão de certos privilégios que não se adequam a conjuntura brasileira.
Marcos Kayser

Meta e eficiência na educação

O que se pode pensar de um indivíduo que não tem metas? E que não acredita no caminho da eficiência para ter sucesso na vida? Metas e eficiência, eficiência e metas, não são conceitos restritos ao mundo dos negócios, nem do capitalismo. Meta e eficiência integram o imaginário da humanidade, de quem sonha com qualidade de vida, de quem busca a felicidade, com a compreensão que o destino desejado não chega por acaso. Poderemos fracassar mesmo sendo, em certa medida, eficientes, porque outros terão sido mais eficientes do que nós. Agora, improvável é ter sucesso sem ser eficiente. Assim, causa estranhamento a um pai que vê um professor desqualificar meta e eficiência quando o assunto é o processo de avaliação do próprio professor. Professor que desde os primórdios avalia seus alunos, estabelecendo metas e medindo eficiência. O estranhamento evolui para espanto, na medida em que esta posição é declarada por uma entidade com a história e a grandeza do CPERGS/SINDICATO. Para quem já foi ou é aluno conviver com metas desde os anos iniciais é um hábito. É meta nas faltas, é meta nas notas, tudo para traduzir a eficiência. Há inclusive uma nota mínima a ser cumprida, sob o risco da repetência, espécie de punição que hoje na sociedade da impunidade nem mais se aplica. Segundo a própria escola, há o “bom aluno”, que tem notas melhores, e o “mau aluno”, que tem notas piores, conforme critérios objetivos e também subjetivos avaliados pelo professor. Para as crianças meta e eficiência, antes de serem da “lógica de mercado”, pertencem a lógica da escola, que forma para o mundo lá fora. E, talvez, não poderia se diferente, pois pensar em não medir e não buscar eficiência beira a insanidade. Por que, então, tamanha resistência em aplicar o princípio de metas no processo de avaliação do professor? Já que o professor emprega o princípio na avaliação do seu aluno, não poderia ser empregado pelos pais e Estado para avaliar o professor? A não ser que as escolas públicas estão abolindo o atual processo de avaliação do aluno e fundando uma nova sociedade que aprenderá a viver sem metas. Seria de grande valia para o nosso Rio Grande que o CPERGS/SINDICATO (re)unisse a sociedade gaúcha, afim de construir um modelo viável de ensino com garantia de transparência, credibilidade e a tão sonhada qualidade, que passa pela eficiência do aluno e do professor. A classe dos professores do Rio Grande do Sul não merece o rótulo da incoerência e da intransigência.