Não deixar luzes acesas inutilmente, utilizar lâmpadas de menor consumo, não deixar equipamentos eletrônicos ligados sem estarem sendo usados, diminuir a quantidade de água usada na descarga, reduzir o uso da água na lavagem de calçadas, carros e plantas, usando a água da chuva, separar o lixo reciclável, são algumas das tantas medidas que podem ser tomadas por cada um cidadão do mundo na mobilização em prol da vida no planeta, diante das conseqüências que podem ser trágicas do aquecimento global. Todavia, sem destituir todas estas e outras medidas, segundo a organização britânica Optimum Population Trust (OPT), a forma mais barata e efetiva de combater o aquecimento global é o planejamento familiar, reduzindo o número de nascimentos para controlar a população global, visto que o crescimento populacional é reconhecido como uma das principais causas da mudança climática. Segundo o argumento da ONG, mesmo se o mundo todo conseguir uma redução de 60% nos níveis de emissões de CO2 até 2050 em relação aos níveis de 1990, de acordo com as recomendações do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU), isso será praticamente anulado pelo crescimento populacional no período. Baseado nas emissões médias per capita de 4,4 toneladas de CO2 até 2050, o crescimento de 2,5 bilhões na população mundial até aquela data, de 6,7 bilhões para 9,2 bilhões, significará emissões de 11 bilhões de toneladas de CO2 a mais por ano. Segundo os cálculos da OPT, um cidadão britânico médio gera 750 toneladas de CO2 durante sua vida, num impacto equivalente a 620 vôos de ida e volta entre Londres e Nova York. Considerando um “custo social” de cerca de R$ 172 por tonelada de CO2, a ONG avalia em cerca de R$ 121,5 mil o custo de cada britânico em sua vida em termos de emissões de dióxido de carbono. Uma camisinha poderia evitar o custo de R$ 121,5 mil em um único uso. Será que estaríamos ofendendo à Deus, preservando a vida do planeta?
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O “pão e circo” no Dia do Trabalho
Na última terça-feira (primeiro de maio) foi o Dia Mundial do Trabalho. Dia que pelo mundo uns comemoraram e outros refletiram e protestaram. Em vários países latino-americanos, como Argentina, Paraguai e Colômbia, os trabalhadores tomaram as ruas para protestar contra o desemprego, política econômica e governo. Em Assunção, gritando palavras de ordem contra a política econômica do governo, centenas de operários e líderes sindicais paraguaios lembraram da data em um ato na frente do Panteão Nacional dos Heróis. O mesmo tom de protesto ecoou na Colômbia, com seus trabalhadores tomando as ruas das principais cidades do país contra o desemprego, além de denunciar as ligações de políticos do governo com paramilitares americanos. Na Argentina, a Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA) e organizações políticas e sociais opositoras lembraram o assassinato do professor Carlos Fuentealba, de 40 anos, morto por um policial durante a repressão a uma passeata há cerca de um mês. Sua morte também foi evocada por professores que marcharam para o local onde ele foi atingido. Enquanto isso, na mesma data, no mesmo dia do trabalho, um país chamado Brasil trocou o protesto pela festa, provavelmente porque este país, diferentemente dos outros, não vive a crise do desemprego, nem a crise da corrupção institucionalizada. Shows gratuitos e sorteios de prêmios patrocinados pela CUT e pela Força Sindical prevaleceram sobre a discussão de temas importantes, como a falta de políticas de inclusão, de uma educação de qualidade, e a flexibilização trabalhista. A Força Sindical gastou cerca de R$ 3 milhões na festa em São Paulo, que teve sorteio de dez carros no valor de R$ 23 mil cada e cinco apartamentos de valor de R$ 50 mil. A programação teve ainda mais de 40 shows gratuitos, entre eles Zezé di Camargo e Luciano, Daniel, Exaltasamba, Fábio Jr., entre outros. Para não dizer que o sentido político foi totalmente desprezado, resolveram escolher o tema ecológico, intitulado: “Os Trabalhadores em Defesa do Planeta”, e distribuíram 20 mil mudas de plantas nativas. Nada contra a consciência ecológica, mas no Dia do Trabalho, não seria mais coerente fazer a tão necessária pressão aos políticos para assumirem de uma vez por todas o papel que lhes compete de criar condições para governar este país rumo a um verdadeiro desenvolvimento? Não seria pertinente discutir a reforma trabalhista, depende a tão prometida geração de emprego e renda? Sim porque sem reformas não há projeto de desenvolvimento que resista. Festejar o dia do trabalho no Brasil, mesmo que inconscientemente, é como validar a realidade em que vivemos. Nada contra a alegria, mas em tempos de desemprego e de desigualdade social, no Dia do Trabalho mais do que comemorar deveríamos no Brasil refletir e protestar, seguindo o exemplo da grande maioria dos país tanto do terceiro como do primeiro mundo. Sim porque nos países da Europa a ênfase foi reivindicar. Não parece que há uma clara intenção de desfazer a necessidade da mobilização em torno de questões que afetam mais de perto os trabalhadores e todo o setor produtivo do país? Ou seja, manter o país na ilusão de que apesar da carência e da violência, tem a festa que compensa. Observando mais esta edição do Dia do Trabalho, da forma como se repete todos os anos no Brasil, fica mais fácil de compreender porque somos o que somos e estamos onde estamos. Culpa de quem? Bem, se existe algum culpado (e neste caso existe e é preciso deixar bem claro) não é somente dos trabalhadores e de suas lideranças sindicais, mas também das entidades empresariais que se omitem e desta forma estão contribuindo para a acomodação, tal qual o “pão e circo” dos tempos de Roma.
A questão da remuneração do Judiciário
Dica para Empreendedores
No mundo dos negócios um dos mais importantes atributos que o empreendedor deve ter é a capacidade de interpretar os sinais de avanço da sociedade e buscar maneiras de antecipar o que está por vir, modelando seu empreendimento para novos momentos. A afirmação é da diretora de Operações do Sebrae/RS, Susana Kakuta, e do jornalista Julio Ribeiro, autores do livro Trends Brasil – Tendências de Negócios para Micro e Pequenas Empresas. A obra reúne 20 que impactarão o futuro dos negócios na próxima década. “Cada tendência segue acompanhada de algumas sugestões, tanto para novos empreendimentos quanto para a reformulação ou incremento a empreendimentos já existentes”, explica Susana, ponderando que o livro não é um manual, mas uma provocação que deve levar o leitor a repensar ou a ser estimulado para a possibilidade de empreender um novo negócio. Entre as 20 tendências tratadas no livro, algumas se destacam. O aumento da população brasileira com mais de 60 anos é uma delas. Entre os censos de 1991 e 2000 houve um acréscimo de 17,8%, o que leva o País a ter cerca de 18 milhões de pessoas nessa faixa etária, ou seja, algo próximo de 9% de toda a sua população. Isso representa o fortalecimento de demandas próprias da chamada “melhor idade” nas áreas da saúde, qualidade de vida, entretenimento, entre outras, configurando novas oportunidades de negócios. Outra tendência significativa é a do crescimento do número de pessoas morando sozinhas. Atualmente, 10% dos cerca de 56 milhões de lares brasileiros são habitados por uma só pessoa. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, por exemplo, existem 88 mil homens e 111 mil mulheres morando sozinhos, representando um mercado importante para produtos e serviços específicos.
Além dessas, se destacam tendências como a do consumo precoce de produtos e serviços por parte de crianças e adolescentes, aumento da sensação de insegurança das pessoas, aumento da busca espiritual e mística, filhos morando mais tempo com os pais, entre outras. Cada uma das 20 tendências identificadas no livro é embasada em números, dados, pesquisas e, obviamente, no senso de observação dos autores. Além da contextualização da tendência, o texto discorre sobre as origens e o impacto de cada um desses movimentos sobre o mundo dos negócios. Para dar aplicabilidade ao estudo, os autores sugerem novos negócios que podem se beneficiar dos efeitos diretos e indiretos de cada tendência, bem como sugerem ações para se aproveitar tais efeitos em negócios já existentes.Trends Brasil é uma boa dica de leitura para quem já tem um empreendimento ou pensa em abrir seu próprio negócio. Em Taquara pode ser encontrado junto ao balcão Sebrae que está sediado na CICS, em frente ao Banco do Brasil.
A Omissão do Judiciário
Temos a perigosa sensação de que o Brasil não tem jeito. É um país com problemas estruturais e com enorme precariedade nos setores essenciais de sua sociedade: saúde, educação e segurança. Uns dirão que tivemos avanços. Reduzimos a taxa de mortalidade infantil nos últimos anos, porém não conseguimos implantar políticas de prevenção e educação suficientes para dar uma formação integral aos jovens. Sobrevive o bebê e nasce o adolescente delinqüente. Salvamos a vida de muitos que passam fome, por meio de programas assistenciais, mas não conseguimos desenvolver políticas de formação de mão-de-obra nem de geração de emprego e renda que permitissem o sustento com a força do próprio trabalho. Acabamos com a fome de um pobre miserável e castramos a autonomia e a dignidade. Como se não bastasse a ausência do Estado, e daí a precariedade, temos a corrupção que se expande em todas as direções. Uns dirão que a corrupção não é demérito da brasilidade, está presente até mesmo nas nações mais evoluídas do mundo. É da natureza o homem ser ganancioso, desejar poder e mais poder, como cita Hobbes. Agora, no caso brasileiro, o problema não está em desejar poder, mas na banalidade da corrupção, na forma que se desenvolve o processo de dominação. Aqui a corrupção foge ao controle, passando a ser uma espécie de moeda corrente que determina as relações. Descontrole que tem na impunidade um de seus fatores geradores, sobre o qual o Judiciário teria um papel chave na conteção do avanço tanto da corrupção como da impunidade. Todavia, o Judiciário se utiliza do mote da lei deficitária, da burocracia elevada, do sistema prisional esgotado, para justificar a sua falta. A ausência do Estado é o mecanismo de defesa do Judiciário, subterfúgio para isentá-lo da culpa. Assim, quando citamos que o Estado está ausente, realidade inegável, não é apenas ao Executivo e ao Legislativo que nos referimos, o Judiciário também está inserido no enunciado. É dever seu proteger o cidadão brasileiro por meio do cumprimento da Constituição, caso contrário é omisso. Claro que a deficiência de certas leis, a burocracia sem medida, o estrangulamento do sistema prisional brasileiro, a falta de mecanismos de controle, entre outros, incrementam a deteriorização do Estado, mas não justificam a passividade, o continuísmo e a conformidade. Em breve a desmoralização que já assola a política brasileira chegará ao Judiciário e, com ela, sucumbi uma das últimas esperanças do povo brasileiro. Que o “paraíso perdido” seja resgatado por nossos magistrados.
Do que uma crônica é capaz
Para compreender o teor deste “discurso” é essencial ter ouvido na Rádio Taquara a minha crônica, intitulada “Conspiração contra o Caridade”, ou lido a mesma que se encontra publicada no Paranhana On-line, primeiro Jornal Digital do Vale do Paranhana. Também se faz necessário ter lido o “Esclarecimento sobre o Hospital de Caridade”, veiculado no Jornal Panorama do dia 3 de março, cujo título é “Conspiração ou dificuldade de aceitar o contraditório?”, de autoria dos editores do Jornal. Aqui começa minha dificuldade de compreensão, pois, normalmente um esclarecimento não faz insinuações. Sinceramente, não gostaria de estar escrevendo este texto, mas acabei acolhendo aos que me aconselharam, visto que tive meu nome citado por ter sido autor de uma crônica, considerada pelos editores do Jornal Panorama como um ataque ao Jornal. Para quem leu atentamente a crônica, “Conspiração contra o Caridade”, com a sensibilidade exigida por este estilo literário (narrativa de fatos pouco definida), vai perceber que a idéia central não é atacar este ou aquele, mas provocar (ou atacar, como queiram) a reflexão sobre a falta de sensibilização para um caso de extrema complexidade que atinge toda a comunidade. Uma definição do tipo: “o Hospital de Caridade continua atendendo normalmente” é perigosa e pode contribuir para a insensatez. Esta conclusão, junto a outros elementos da matéria, pode comprometer até mesmo o discurso da diretoria do Hospital que justifica as dificuldades enfrentadas pela falta de repasses dos governos. Um hospital não pode simplesmente funcionar, ele deve necessariamente funcionar BEM. Muitas vezes basta o uso incorreto de uma só palavra para distorcer toda uma afirmação que pode estar cheia de boas intenções. O “Esclarecimento” fala em “dificuldade de aceitar o contraditório”. Desde o livro Gama de Aristóteles sabemos que quem aceita o contraditório, aceita a contradição, que é ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto, o que é inaceitável, ilógico e irracional. É dizer e, ao mesmo tempo, desdizer-se. Assim sendo, é bem provável que o Jornal Panorama tenha se equivocado ao pressupor que alguns deveriam aceitar o contraditório. Enfim, como tive a exclusividade e o desprivilégio de ter sido citado, e, ao mesmo tempo, entendo que o “Esclarecimento” não cumpre com sua pretensão de esclarecer, teço alguns comentários sobre as cinco considerações lá apresentadas:
1º Não foi só o Jornal Panorama que revelou no dia 12/01/2007 os problemas do Hospital de Caridade, no dia 04/01/2007, mais precisamente às 8h13min, o Paranhana On-line noticiou que o telefone estava bloqueado.
2º Acho que quem vai atrás da notícia deve ser a imprensa e não vice-versa, como dá a entender o “Esclarecimento”, quando diz que os representantes do sindicato dos funcionários nunca haviam procurado à imprensa.
3º Antes de concluir que o Hospital continua atendendo normalmente, a partir de uma única visita, não caberia entrevistar pacientes que semanalmente falam na Rádio Taquara, reclamando de atendimento, como também entrevistar os próprios funcionários que acusam o Hospital de negligência? E ainda entrevistar os médicos que em sua grande maioria deixaram de baixar no Caridade?
4º Na medida em que a reportagem do Jornal Panorama do dia 16/02/2007 afirma que o Hospital continua atendendo normalmente, conclui-se que as denúncias dizendo o oposto eram infundadas. A menos que duas sentenças opostas possam ser consideradas ao mesmo tempo verdadeiras, o que nos parece uma contradição (agora sim caberia falar em contraditório).
5º Dizer que “a repercussão da matéria mostra, portanto, a dificuldade de algumas pessoas de aceitarem o contraditório”, excluindo a falta de sentido configurada pelo o uso do “contraditório”, autoriza a dizer algo semelhante com relação à crônica, cuja repercussão motivou o “Esclarecimento”, ou seja, que muitos têm dificuldade em aceitar críticas e reconhecer equívocos.
Uma última ressalva: quem assina a crônica é o cidadão taquarense e não o presidente da entidade, portanto, o nome CICS não deveria ter sido empregado no “Esclarecimento” em respeito à entidade. Encerro aqui, expressando minha estima pela História do Jornal Panorama e espero que seus editores compreendam a pertinência desta manifestação.
Marcos Kayser
Cidadão Taquarense
Conspiração contra o Caridade
“Hospital continua atendendo normalmente”. Este é o título de uma reportagem, sem referência da autoria, veiculada no Jornal Panorama, do último dia 16, que causou surpresa na comunidade. Uma questão que suscitou dúvida é sobre quem realmente estaria sendo atendido normalmente. Os fornecedores certamente não. Seriam todos os pacientes, independente do grau de complexidade da enfermidade? A reportagem leva-nos a deduzir que se o Hospital continua atendendo normalmente é porque não deixou de fazê-lo. Alívio para aqueles que vinham acompanhando as sucessivas denúncias de negligência, trazidas por funcionários, médicos, pacientes e vereadores. Normalidade é o que se mais desejava e o que menos se supunha existir. Haveria então uma outra realidade por trás das denúncias? Mas o que estaria motivando médicos conceituados a inventarem um Caridade deteriorado? E os funcionários, entre os quais aqueles com história na casa, denunciando maus tratos e salários atrasados? E aqueles pacientes que reclamaram falta de médicos especializados, medicamentos e até telefone? Convenhamos, não é fácil de acreditar que as acusações de onde vieram não tinham probidade. Contudo, é melhor mesmo considerar que o Hospital esteja funcionando na mais pura normalidade, como diz o filósofo: “uma realidade trágica é bem mais dolorosa que uma ilusão feliz”. Vamos imaginar que tudo não passou de intrigas da oposição que engenhou uma espécie de conspiração contra o Caridade. Esperamos agora que o Hospital seja ressarcido pelas difamações. Que o Judiciário julgue os culpados com a costumeira brevidade e os mesmos que não venham com recursos como é de praxe, atrasando a saúde da comunidade. Que incorra sobre os autores da conspiração não a cadeia, mas uma bela multa financeira, suficiente para o Hospital quitar todas as dívidas e continuar atendendo normalmente, a cada dia melhor, contando com a atuação sempre pontual e prestativa dos poderes executivo, legislativo e judiciário. E que Taquara volte a dormir tranqüila, porque tem um Hospital de verdade.
Ensino Médio: um conflito existencial (Parte II)
Além do problema da falta de foco e da superficialidade de conteúdos do Ensino Médio brasileiro temos o problema da forma como as aulas são dadas aos nossos adolescentes. O ensino tradicional transmite uma determinada noção e passa para o capítulo seguinte que trata de outra noção. Só que apenas alguns poucos iluminados entenderam de fato a primeira noção. Para que todos entendam, é preciso a experiência. Pesar, medir, comparar, para então constatar e refletir. Isso se dá na Física, na Biologia, na Química, e também na Filosofia e nas ditas ciências humanas. A prática deve estar sempre ao lado da teoria e vice-versa. Na ciência, não há teoria sem prática. O ensino prático é aquele que usa amplamente as vicissitudes do mundo real para consolidar o aprendizado das teorias mais centrais da produção intelectual. Uma escola deve proporcionar amplas oportunidades para uso tanto das mãos como da cabeça.
Na Europa encontramos escolas diferentes para cada perfil. Nos casos mais radicais, dentre os quais Alemanha, Áustria e Suíça, a partir da 10ª série, dois terços da faixa etária vai para o sistema de aprendizagem profissionalizante. Os alunos têm aulas teóricas na escola com profissionais da área e fazem a prática nas empresas.
Os EUA adotam o modelo denominado comprehensive high schools. Todos os alunos vão para a mesma escola e, uma vez lá dentro, são separados em programas diferentes, de acordo com aptidões e preferências. Na Europa, a triagem se faz antes de entrar na escola e de acordo com o perfil de cada aluno, haverá uma escola mais apropriada, dentre elas algumas semelhantes à comprehensive, com múltiplas opções internas. Ou seja, na Europa cada escola tem sua especialização, nos EUA a escola tem múltiplas especializações.
O Brasil é único em educação. Não há opção de modelos entre escolas nem opção dentro da escola. Na teoria, todos freqüentam a mesma escola e, dentro delas, não há diferenciação. As disciplinas cursadas são as mesmas. Pela regra, não pode haver classes adiantadas nem atrasadas. Quase não há disciplinas opcionais. Todos estudam sob o mesmo currículo oficial. Ao final, todos recebem um diploma obrigatoriamente aceito em qualquer curso superior. Na teoria, é o sistema mais democrático de todos e mais defasado também.
A proposta velada da maioria das escolas privadas, especialmente nas grandes capitais, é a preparação para o vestibular da universidade federal mais próxima. Os pais esperam que o currículo abarque todo o conteúdo que cai no vestibular, sem imaginar que o inchaço curricular impede a profundidade no que é ensinado. Como resultado, o aprendizado é superficial e de pouca conseqüência. Não há tempo para aplicar o que foi aprendido, portanto, não chega mesmo a ser aprendido. O preço de ensinar demais é os alunos aprenderem de menos. E os pais? Bem, estes parecem ainda viverem a ilusão de que um diploma no curso superior é garantia de uma vida profissional de sucesso. Mal sabem eles a defasagem existente entre as Academias e o mercado profissional. É preciso coragem às escolas para ensinar o que a maioria dos alunos, realisticamente, pode aprender e não o que os pais e os educadores gostariam que aprendessem. Sem tal clareza, não é possível cobrar resultados.
O Ensino Técnico pode se apresentar como uma alternativa complementar para o dilema entre o vestibular e o mercado de trabalho. Comparado com qualquer país industrializado, seu porte no Brasil é ínfimo, estando bem abaixo de 10% da matrícula no nível Médio. Na maior parte dos países da Europa, pelo menos 30% dos alunos dessa faixa etária estão em escolas técnicas.
Toda esta introdução é apenas para expressar o sentimento de que mudanças na educação formal de nosso país se fazem necessárias. Esperamos que não tenha passado da hora, mas as escolas precisam resolver seu conflito existencial Definir o foco, rever o conteúdo e a forma de ensinar sem a pretensão de agradar a todos, já que é impossível criar uma escola que atenda a totalidade. Encarar explicitamente suas deficiências, formação de professores, sistemas de avaliação do aluno e do professor, interação com pais e sociedade, enfim, demonstrar que de fato está comprometida com o futuro da geração que está aí e das gerações que estão por vir. Pelos nossos filhos, pelo nosso País.
Ensino Médio: um conflito existencial (Parte I)
Já vem de alguns muitos e muitos anos o entendimento que a educação é uma prioridade que deve ser atacada no Brasil. Ao mesmo tempo que a educação é a solução para o desenvolvimento sustentável do país, ela se constitui, ao menos por enquanto, num grande problema. Vencido o desafio da inserção de crianças e adolescentes nas classes escolares, visto que nos últimos anos houveram avanços nesta direção, o problema agora é a qualidade do ensino, cuja premissa é a definição do foco e dos objetivos, em especial do Ensino Médio. Este tem uma diversidade crescente de alunos e não sabe o que fazer com eles. Tem demasiados papéis sem cumpri-los jamais. E como se não bastasse, trabalha com jovens na idade da turbulência, das revoluções existenciais e hormonais. Relação que se torna difícil, na medida em que a família mantém um distanciamento da escola, sem uma participação mais ativa no convívio escolar.
O Ensino Médio recebe alunos muitas vezes já com déficit de conhecimento, desabituados com a leitura e, por consequência, com inúmeras dificuldades para interpretar (con)textos e elaborar textos com início, meio e fim. Fora isso, a escola se vê obrigada a trabalhar os valores que a família não conseguiu introjetar. Os pais só esperam que seus filhos tenham uma boa base para o vestibular ou, em menor escala, que a escola prepare para o mercado de trabalho. As escolas brasileiras não reconhecem explicitamente suas limitações e acabam não satisfazendo nenhuma das expectativas. Basta apurarmos o número de alunos que passam no vestibular da Universidade Federal sem precisarem fazer um cursinho pré-vestibular. Ou quantos alunos ingressam diretamente no mercado de trabalho sem passar pelos cursos que se dizem profissionalizantes.
Preparar para o mercado de trabalho requer entrar em um outro mundo, o mundo da prática. A preparação requer proximidade com business. O conhecimento volta-se para a aplicação concreta. O objetivo é ensinar a fazer, desenvolvendo competências e habilidades, conforme demandas do mercado. Já preparar para o vestibular é acumular conhecimento com a meta exclusiva de vencer as questões dos exames de ingresso no curso superior. O dilema é que na preparação para o vestibular o aluno é bombardeado de tal forma que não há tempo para aprender nada com a profundidade necessária.
O Ensino Médio voltado para o mundo do vestibular se distancia do Ensino para o mercado de trabalho, tanto em conteúdo como em metodologia. Somam-se as diferenças de aptidão de cada aluno nos interrogamos: a escola pode dar conta destas duas pretensões ambiciosas? E não ignoremos ainda outros problemas estruturais vividos pelas escolas brasileiras como o econômico, a questão da formação do professor e da formação humana do aluno. Sim porque por trás de aprender química, física e biologia, está aprender a ser. Aprendizado que envolve a formação humana. Sentir e pensar respeitando a dimensão do outro, da alteridade. Pensar como exercício da razão, não para ter certeza absoluta do certo e do errado, mas para enxergar e compreender as tantas ambigüidades do ser. Por este viés, antecede a preocupação de dar respostas a arte de fazer perguntas.
Um olhar otimista para 2007
Dizem os que acreditam na força do pensamento que para as aspirações humanas se concretizarem é preciso pensar positivamente. Em outras palavras é preciso ter otimismo e acreditar. Para os filósofos céticos, dentre os mais tradicionais temos Sexto Empírico, como não é possível conhecer verdadeiramente as coisas o que nos conduz sempre à dúvida, a melhor maneira de viver é mergulhar na vida cotidiana e gostosamente deixar-se levar por ela, independentemente dela não dar certezas. Dizer isso é quase dizer que uma ilusão feliz é melhor de que uma verdade trágica. Como na vida também há coisas boas e é da condição humana olhar para frente e projetar o futuro, por que não projetar um futuro de coisas boas? Com esta indagação queremos dizer que um certo grau de ceticismo não impede pensarmos em coisas boas, ou seja, em acontecimentos que poderão nos deixar felizes. Fazendo um exercício de futurologia positiva para 2007, mas com um certo cuidado para não cair no absurdo, que tal pensar que a sociedade brasileira, através de suas instituições (federações das indústrias, câmaras de comércio, centrais de trabalhadores, associação de médicos, advogados e outros profissionais), passará a cobrar com mais veemência austeridade e responsabilidade de seus representantes públicos como aconteceu recentemente com o aumento dos deputados? Que nossos representantes públicos, conscientes das dificuldades econômicas e sociais do país, passarão a racionalizar os gastos públicos incluindo seus salários em todas as esferas da federação, ou seja, federal, estadual e municipal? Que o Paranhana irá elaborar a sua Agenda Estratégica e, assim, com a partir de um planejamento bem feito e o engajamento de toda a comunidade iniciará um processo de desenvolvimento equânime, necessário para que a região seja um lugar ainda melhor para viver e trabalhar? Que o mundo se conscientizará da importância de medidas urgentes para combater as mudanças climáticas que podem colocar em risco a vida na terra? Que os gremistas poderão superar os colorados se tornando mais uma vez campeões do mundo ou que os colorados repetirão a façanha inesquecível de 2006 se sagrando novamente campeões do mundo? Que teremos forças suficientes para o enfrentamento das dificuldades que a qualquer momento pode solapar nossas vidas cotidianas, sejam dificuldades enfrentadas na família, no trabalho ou na sociedade, sejam com saúde, com dinheiro ou com a convivência. Enfim, que no cálculo final do ano de 2007 a realização e a tranqüilidade da alma ganhem de goleada, confirmando que mais do que uma ilusão feliz a força do pensamento pode operar sobre a realidade. Um Feliz 2007 à todos!