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4 Motivos para fazer um planejamento estratégico

 

PARA SABER QUEM É

A velha máxima filosófica do “conhece-te a ti mesmo” se aplica também à gestão de uma empresa. Antes de agir, desenvolver produtos, realizar investimentos, assumir riscos, é fundamental a empresa reconhecer suas potencialidades (forças) e suas deficiências (fraquezas), além de identificar os motivos da sua existência. Fazer aquilo para o qual tem potencial e afinidade. Uma empresa com missão, visão e valores tem muito mais chances de construir uma história de sucesso e realização de seus sócios e funcionários. O planejamento estratégico ajuda na definição da filosofia e na análise interna da organização.

PARA SABER ONDE QUER CHEGAR

O ser humano é um ser do desejo que está em constante movimento, projetando realizar suas vontades e sonhos e, desta forma, viver bem.  Há muitas ameaças na caminhada, mas, ao mesmo tempo, a vida é cheia de oportunidades. Podíamos viver muitas vidas que não conseguiríamos realizar tudo que a vida proporciona. Antes de sair fazendo, como é de costume, a recomendação é planejar.  Quem não planeja, fica muito mais exposto à frustração de não concretizar o sonho. O planejamento estratégico ajuda a analisar o cenário externo e priorizar nossos objetivos internos.

PARA SABER COMO CHEGAR

Há muitos caminhos que levam ao mesmo lugar, porém, o tempo e o desgaste podem variar de um para outro.  Dependendo da escolha, o destino pode ficar comprometido, sendo que um percurso bem planejado, possibilita que a realização se dê já no processo da caminhada, com menos dor e sofrimento. O tempo que se levará para planejar certamente será ainda inferior ao tempo que se desperdiça, quando se recorre ao método da tentativa e erro. O planejamento estratégico ajuda a pensar nos riscos que cada caminho oferece, prever os custos e montar um cronograma que poderá ser melhor acompanhado por todos.

PARA CHEGAR ONDE QUER ACOMPANHADO DE OUTROS

Muitos andam e andam, investem recursos e tempo e não chegam onde gostariam de chegar. Os que planejam, e planejam em grupo, conseguem mais êxito nas conquistas. Não é à toa que se diz que “ninguém é feliz sozinho”. Talvez, seja este um dos motivos pelos quais se constituam famílias. Nas empresas, o planejamento estratégico ajuda a integrar os sócios e os funcionários, tornando a instituição muito mais preparada para alcançar o que deseja. Softwares como o Scopi (www.scopi.com.br) ajudam na elaboração e no acompanhamento do planejamento estratégico.

Por Marcos Kayser – Co-criador do Scopi

13 medidas para mudar o Brasil

Todos ou a grande maioria dos brasileiros clamam por um país melhor.  Há muito que fazer, corrigir, eliminar e inovar. Se compararmos nosso país à países da Europa e EUA, veremos grandes diferenças. Perdemos longe no tripé essencial:  educação, saúde e segurança. Há enorme injustiça, desigualdade e falta de seriedade, liderada pela classe política que (des)manda e governa. Alguns nomes se perpetuam, outros se intercalam, e nada muda, muito pelo contrário, piora.  Um ou outro que tenha “boa vontade” acaba esbarrando em entraves estruturais. Ao longo de um tempo, pelo que leio e escuto, elenquei  13 medidas que hoje imagino serem prioritárias para que  qualquer plano de desenvolvimento seja implantado com efetividade.  Mediante estas e outras medidas poderemos pensar em planos nacionais de educação, saúde e segurança. São elas:

1. Fim da reeleição em todos os níveis

2. Redução do número de partidos

3. Fim das emendas parlamentares

4. Criação de um limite para o número de ministérios e secretarias estaduais e municipais

5. Redução do número de municípios

6. Concentração do maior percentual da arrecadação nos estados e municípios

7. Centralização de todos os serviços sociais nos estados e municípios

8. Criação de um imposto único

9. Taxação das grandes fortunas

10. Fim do regime semiaberto

11. Fim da regressão de pena

12. Fim da indicação política para o STJ

13. Prisão perpétua para crimes hediondos

E as suas, quais são?

Da sensação à ação

Toda ação do homem é precedida de uma ou mais sensações. Estas sensações produzem percepções. Podemos dizer que a percepção é uma sensação melhor elaborada. Para perceber, se dar conta, é necessário antes ter a sensação. A ação então depende de nossa sensibilidade, que conforme minha filo amiga Marcia Tiburi, é uma capacidade de ter atenção às coisas. Acrescento dar atenção às coisas e se incomodar quando algo está fora do lugar e gera desconforto. Uns tem mais atenção do que outros, sentem mais e se tocam (percebem) mais facilmente. Eu diria que os mais atentos, os mais “ligados” como se diz atualmente, tem um potencial maior de ação e transformação no mundo, o que nem sempre se concretiza na prática. Fiz um teste de sensibilidade com meus colegas de trabalho. Por uma semana deixei um quadro, cujo fundo havia caído, no chão, escorado numa parede por onde todos passavam. Pedi a eles escreverem num papel em branco uma ou mais coisas que os incomodavam na sala em que eles trabalhavam, onde se encontrava o quadro no chão. Como regra eles tinham 1 minuto para escrever. Entre os nove participantes da brincadeira, ou melhor do “teste de sensibilidade”, apenas dois registraram o quadro. Três apontaram nada e os demais citaram outras coisas fora o quadro. Aí falei a eles do quadro e os que não haviam se dado conta dele passaram a ter o quadro como algo fora do lugar e fonte de desconforto. Perguntei aos dois porque não fizeram nada para colocar o quadro no lugar e eles não souberam me responder. Conclui o teste dizendo a eles que a sensibilidade é uma capacidade importante para melhorarmos o ambiente em que vivemos e as relações que temos com as pessoas. Mas só ter sensibilidade não basta para mudar o (nosso) mundo. É preciso agir, para corrigir, melhorar e colocar as coisas no lugar, no mais amplo sentido.

Marcos Kayser

A perda da brasilidade

Diretamente de São Francisco, na Califórnia, meu amigo Josemar, com seus vinte e poucos anos, tão logo soube do resultado das eleições presidências na sua terra natal, fez o seguinte comentário: “Estou feliz de não estar no Brasil e espero poder declarar no meu próximo Imposto de Renda: Saída Definitiva do País. Estou ciente da minha família e amigos. Tenho certeza que eles estão felizes por mim estar batalhando por algo melhor e para um dia poder ajudá-los com qualquer coisa que eles necessitem.” Josemar certamente não fez este desabafo por desamor à “pátria amada” (conheço ele), mas porque não vê no Brasil oportunidades para crescer e evoluir. Não há expectativa de um futuro promissor, principalmente para aqueles que querem algo mais, vencer por sua própria competência, sem depender da troca de favores e da inversão de valores. Na conjuntura brasileira, marcada por profundas desigualdades, Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida são indispensáveis, mas ainda são programas no campo do necessário, da necessidade. Matada a fome de comer e o desejo de ter a casa própria, não há no Brasil um plano que contemple ações de impacto nos principais setores da sociedade, incluindo a própria política. Há feudos intocáveis a quem Dilma e Lula se curvaram, talvez por conveniência ou falta de coragem. O resultado das eleições presidenciais reflete um país dividido. Divisão que não é entre pobres e ricos, pois, se o Aécio representa os ricos como pregam, ele uma votação muito menor do que os 48%. Também não é entre patrões e empregados, pois os patrões, que teoricamente votaram no Aécio, representam bem menos que os 48%. Entre sulistas e nordestinos também não se pode estabelecer uma divisão, pois o Rio Grande do Sul não tem 46% de nordestinos que votam. A divisão também não é entre os satisfeitos e os descontentes, porque os 52% que votaram na Dilma não podem estar satisfeitos com as condições dos hospitais e a inseguranças nas ruas. A divisão está entre aqueles para quem o voto representa uma forma de retribuir a um favor e aqueles que ainda esperam por favores. Uns olham para trás, outros para frente. E os que se abstiveram do voto, ou votaram em branco ou nulo? Talvez foi a forma mais coerente que encontraram de expressar a desesperança que sentem. O que o Josemar quer, como todo o jovem que se preze, é um futuro, e o Brasil, da forma como vem sendo governado, não projeta um futuro com dignidade. Basta ter um pouquinho de visão ampliada, privilegio daqueles que estão um pouco além do mundo da necessidade, para se sentir traído e abandonado. O que direi a meus filhos quando me perguntarem sobre o futuro do Brasil? A cada dia que passa mais brasileiros perdem a sua brasilidade. Tomara que aqueles que reelegeram a presidente Dilma, por terem um melhor diálogo com ela, consigam cobrar pela reforma política e tributária. Caso contrário, daqui há 12 anos, quando depois de Dilma teremos mais dois mandatos de Lula, veremos que nada adiantou acreditar na nova ditadura democrática. Marcos Kayser

Não há outra escolha

Será a escolha uma prova de liberdade? E quando escolhem por nós, deixamos de ser livres? Será a escolha um ato exclusivo da nossa vontade? Perguntar e tentar responder são escolhas. Agindo e pensando, escolhemos a todo instante. Ao mesmo tempo, em certas circunstâncias, não temos escolhas. Toda escolha supõe um sujeito que escolhe  e, muitas vezes, somos escolhidos por um outro sujeito. Nada mal quando esta escolha é por uma bela causa. No nosso nascimento fomos escolhidos e não tivemos escolha. É uma escolha dos pais, que também não escolhem seus nascimentos. Enquanto bebês, não temos muitas escolhas. Talvez rir ou chorar, o que está mais para uma reação primitiva, do que para uma escolha criativa. Ainda crianças nossas escolhas são muito limitadas, com exceção daquelas educadas no que chamam de educação moderna, sem limites, que tudo podem. Prepotência, baixa tolerância à frustração e solidão são algumas consequências leves deste tipo de educação, em que a criança tem todo o poder de escolher, descartar e voltar a escolher. Movimento sem fim, alimentado pelo prazer da escolha pela escolha. Há indícios de que as melhores escolhas na vida, ou as mais responsáveis, requerem um amadurecimento do sujeito que escolhe. Amadurecimento que começa com o aprendizado de que nem tudo pode. O adolescente acredita ser “grande” e ter a maturidade necessária para realizar as próprias escolhas. Ainda não tem, mas é na adolescência que surge a oportunidade para o adolescente começar a exercitar sua capacidade de escolha. Nesta fase o melhor é fazer escolhas compartilhadas, com quem se tem intimidade. E como é bom escolher junto! Um exemplo é a escolha da faculdade, momento difícil para quem ainda é iniciante na arte de escolher. Responsabilidade demais para tão pouca experiência. Sorte de quem pode contar com pais presentes que dão o suporte necessário a uma escolha bem pensada. O que não garante êxito, mas ajuda a aprender a assumir os riscos inerentes a toda escolha e aceitar suas inevitáveis perdas.  Isso mesmo, toda escolha implica em perdas e tem muito adulto que não sabe perder. Sempre haverá o não escolhido, o que foi rejeitado e, quem sabe, perdido. Dilema humano para o qual não há escolha, a não ser a aceitação. O enfrentamento da dor da perda, do arrependimento, da culpa, nos torna ainda mais humanos. Dependendo da forma com fomos criados e educados, de como aprendemos a ser livres e, ao mesmo tempo, responsáveis, teremos mais ou menos condições de superar os traumas e partir para as próximas escolhas.  Diz Sartre que “estamos condenados a ser livres”, ou seja, estamos condenados à liberdade de escolher, e sermos responsáveis por nossas escolhas, seja qual for o contexto histórico e cultural em que vivemos. Isso é ser livre e não tem como escapar. A responsabilidade é de cada um, de seus desejos e medos, até mesmo quando escolhemos nos omitir. Por consequência, estamos condenados à culpa. Culpa por ter prejudicado o outro com uma determinada escolha. Culpa por ter escolhido não escolher. Culpa por não ter feito a melhor escolha. Há escolhas que fazem viver, outras morrer. Escolhas que podem mudar a vida de uma pessoa, de uma cidade, de um estado e de um país. Resta-nos aprender com as boas e más escolhas e escolher, escolher e, novamente, escolher. Não há outra escolha! Marcos Kayser

O carinho do professor

Vivemos num país exemplar em edição de leis. Tem lei para tudo. O problema que temos é não cumprir a lei. Também não cumpre quem tem o dever de fazê-la cumprir e viva a impunidade! Uma lei que considero o atestado da impunidade é esta lei que proíbe as escolas de expulsarem alunos que não se enquadrem aos seus princípios. Fica proibido proibir. Se bastasse a lei, deveríamos ter lei que obrigasse os pais a participarem ativamente da educação escolar dos seus filhos, como também lei que obrigasse os professores a ensinarem bem e criarem vínculos com seus alunos. Dizem os especialistas em educação que o vínculo afetivo é um ponto fundamental da relação professor aluno. Neste final de semana fui ao velório da dna. Zenia Jung, que foi minha professora como de tantos. Lá tive a alegria de rever alguns professores, dentre eles o professor Roberto Dienstmann que me deu um caloroso e saudoso abraço. As palavras do professor Roberto eram de carinho, não só comigo, mas também com outros alunos que relembramos juntos.  Saí de lá com uma tendência a pensar que os professores de antigamente tinham um vínculo afetivo maior com seus alunos. Isso significa que eram mais tocados emocionalmente por seus alunos e que em tempos passados a troca de carinho entre aluno e professor era bem mais intensa. Curioso que os professores da antiga eram mais rígidos e até punitivos. Não sou do tempo da palmatória e não compartilho destes métodos de repressão, mas há alguns tipos de punição que, dependendo do contexto, manifestam afeto. Depois da palmada da mãe vinha o colo e o abraço e o carinho fazia valer a lei. Por falar em palmada, é mais uma lei. Vejo que a perda da intensidade do afeto, pelo menos numa comparação com 40 anos atrás, não se restringe apenas ao espaço escolar, é um aspecto do nosso atual modelo de sociedade, onde cada indivíduo é mais individual, o que alguns teóricos chamam de individualismo possessivo. As opções de consumo são muito maiores, dividindo mais a nossa atenção e o nosso tempo, o que faz com que tenhamos menos tempo disponível para dedicar aos outros. Outro fator é a tecnologia que nos traz ganhos de autonomia, permitindo cumprir certas tarefas sem depender dos outros. Então, se assim for, professores e alunos não estão absolvidos, mas também não estão sozinhos na sociedade da falta do carinho.  Obrigado professor Roberto pelo papo e pelo abraço! Marcos Kayser

Vamos adotar os alemães?

Fez-se justiça no futebol. Logo o futebol que muitas vezes não é justo. O sorriso venceu o choro. O planejamento, o improviso. A glória, o lamento. Venceu a educação, a inteligência, a confiança, o equilíbrio emocional. Venceu o que chamamos de “primeiro mundo”, mas que pode ser apreendido por quem se reconhece menor. É bom demais ver ganhar quem merece! Que aula nos deu a Alemanha. Aula de cultura, engajamento e, principalmente, planejamento. Até a camisa, semelhante a do Flamengo, foi pensada. A presença das famílias sem prejudicar a concentração. E conseguiram uma façanha, foram mais alegres do que nós. Os alemães aprenderam com a derrota para o Brasil em 2002. Será que nos falta humildade ou inteligência para identificar nossas fraquezas e redesenhar um novo caminho de reconquistas? Pelo que se ouve de quem lidera, infelizmente, nada ou quase nada vamos aprender. O técnico brasileiro diz que estamos no caminho, que foi um apagão, algo momentâneo que não se repete, e, ao dizer isso, desmerece o fato ocorrido, perdendo a oportunidade de ensinar que não basta a motivação, é preciso trabalhar e, muitas vezes, repetir incansavelmente até acertar. No caso do futebol isso se chama treinar. Mas não nosso treinador preferiu a estratégia do jeitinho e da malandragem. Fez de conta que treinou um time e escalou outro. Achou que a psicologia motivacional eliminaria a insegurança de um grupo sem preparo técnico e emocional. Ao em vez de planejar as melhores estratégias, treinar e trabalhar, ficou preocupado em enganar a imprensa e o time adversário, dando coletes a quem não ia jogar. Não temos os jogadores mais talentosos do mundo, mas o que temos não justifica tomar 7 à 1. Equipes com a Argélia e Gana que fizeram frente a Alemanha não estão acima do nosso talento. A maior perda, não é tomar 7. A maior perda é deixar de aprender com tudo que esta tragédia dos gramados nos ensina. Tivemos uma aula que não se restringe ao futebol. O fracasso, o vexame, a humilhação sofrida, transcendem as quatro linhas e precisam sacudir a nossa nação. Assim como a própria Alemanha reconstruiu a sua seleção, pós 2002, e o seu país depois da segunda guerra mundial, nós poderíamos pensar em reconstruir nosso país. Estamos diante de uma oportunidade de superação, de evolução para um futuro melhor, não só no campo de futebol, mas em todos aqueles campos de abundante carência de condições. Nós poderíamos estar no lugar deles, mas não basta querer. É preciso pensar nas profundezas, planejar nos detalhes, trabalhar, trabalhar, trabalhar, para só depois comemorar. Para planejar, alguém já ouvir falar no Scopi – Software de Planejamento e Gerenciamento de Projetos? Certamente que sim e está aí uma boa ferramenta para ajudar a planejar (www.scopi.com.br).  Se não somos mais o país do futebol, o que seremos? Quem sabe, o futebol nos ensina e adotemos as virtudes dos alemães?

Marcos Kayser

Vem aí a Copa das Copas

Acompanho Copas do Mundo, com a atenção de quem tem paixão por futebol, desde a Copa de 74 na Alemanha, em que o Brasil ficou no quarto lugar, depois de perder para a Polônia, do jogador Lato. Lato, que por muito tempo foi o ponteiro direito do meu time de futebol de botão. Depois veio a Copa de 78 na Argentina, onde Kemps fez a diferença e a Argentina foi campeã, favorecida por aquele jogo suspeito contra o Peru. A de 82, foi a mais injusta e sofrida para quem acha que o melhor vence. O Brasil tinha a melhor equipe, com Falcão, Zico, Sócrates e companhia e acabou sendo eliminado pela Itália de Paolo Rossi. E daí se sucederam muitas copas e o Brasil por duas vezes sagrou-se campeão até chegarmos na Copa de 2014. A “Copa das Copas” como foi dito, na medida em que tudo vai funcionar como manda e quer a Fifa e o mundo inteiro vai assistir uma copa exemplar em matéria de organização e estrutura do país sede. Para quem não tem partido político, ou melhor, o partido é o Brasil, parece ironia esta citação. Obras inacabadas, greves e serviços de péssima qualidade não dão indícios deste sucesso. Não se trata de pessimismo, muito menos torcer para que dê tudo errado. Trata-se de uma insatisfação realista e legítima, pelo estado das coisas. Há quem lance argumentos esdrúxulos.  Dizem eles: O Brasil deu conta da Copa do Mundo em 1950, por que não daria agora? Se recebeu muito mais gente na Jornada Mundial da Juventude, em uma só cidade, porque teria dificuldades para receber um evento com menos turistas, e espalhados em mais de uma cidade? Por mais que se queira dizer que estamos evoluindo, basta o cotidiano vivido por nós brasileiros para percebermos que a nossa estrutura em itens essenciais está muito aquém da boa referência. A marca Brasil, se antes da Copa já não era forte no quesito seriedade, tem enorme chance de ficar ainda mais arranhada. Dois problemas: a falta de competência para fazer a melhor das Copas, que antes da Copa era uma oportunidade, e a falta de seriedade, caso a “Copa das Copas” não se torne uma verdade. Não reconhecer a ineficiência do Estado brasileiro, é um ato de irresponsabilidade. Na precariedade do contexto, elevar a Copa de 2014 ao potencial de ser a melhor das Copas, aparenta inclusive uma certa falta de humildade. Poderíamos dizer ainda que estão subestimando à inteligência dos brasileiros e dos estrangeiros que estarão presentes na Copa. Assim, não estranho e nem condeno àqueles que assumem não torcer pela seleção brasileira nesta copa, fazendo isso na crença que a vitória teria um efeito anestésico. Alguns dirão que a vitória servirá para melhorar a auto estima. Particularmente, acho que a auto estima do brasileiro se renova no dia a dia, quando somos bem atendidos nos hospitais, quando estamos protegidos pelos policiais, quando nossas escolas alcançam índices de qualidade internacionais.

Desejar para frente sem deixar de olhar para trás

É humano desejar mais e mais, num movimento contínuo, de um desejo a outro sem cessar. Quem condenará aquele que deseja  viver mais e mais? Esse desejo, que todos tem, Spinoza e Hobbes, chamavam de conatus. O desejo é a essência do homem, diz Spinoza. Ricos e pobres, mais e menos poderosos, todos desejam ao seu modo. O que muda são os objetos desejados. E nem todos os objetos são palpáveis e mensuráveis. Uns desejam um carrinho novo, outros carinho de novo. Basta estar vivo para desejar e só deseja quem está vivo. Não há vivente que não deseje. Até os entediados e deprimidos desejam. Desejam o nada, desejam a morte. A certa altura do “campeonato da existência”, uns realizam uma espécie de balanço para ver quais desejos foram satisfeitos, quais foram frustrados e quais ainda não foram realizados. Uns até vivem sem fazer esta anamnésia como diziam os gregos, talvez por receio de olhar para trás e encontrar mais culpas e decepções, do que desejos bem satisfeitos. Há os que temem constatar que a vida passou muito rápido e o passado pouco tem a significar. Refletir sobre a própria existência não é tarefa fácil. Minha natureza inquieta provoca desejos, não necessariamente inéditos. Muitos são desejos que já desejei e realizei. Desejo de criar projetos na empresa, desejo de estar junto dos filhos, desejo de atuar em movimentos sociais, desejo de me relacionar com pessoas que me atraem. Na verdade, tudo isso já tem um passado. Fiz e faço, mas por que descontinuar? Dirão que sou rotineiro. Direi que sou um rotineiro inovador, reinventando a rotina e desfrutando do seu prazer, dia a dia.  Olhar pra trás ajuda a não ignorar o que de bom se conseguiu construir e, ao mesmo tempo, descartar aquilo que não cabe mais. No lugar do que foi descartado, abro o espaço ao novo que até então não tinha passado.  Assim, velho e novo andam de mãos dadas, sem brigar.

Marcos Kayser

Amar, Acreditar e Aceitar

Um amigo pediu que eu citasse 3 verbos que seriam aqueles que eu mais gosto ou gostaria de conjugar. Pensei e dispareii: Amar, Acreditar e Aceitar, Por coincidência, 3 A’s. Amar os amores que tenho (e que sorte a minha que tenho!). Acreditar no amor que virá (dos próprios amores que tenho e de outros que poderei conquistar). Aceitar o amor que se foi (como tudo na vida, amor também se vai). Um dos amores que tenho é o amor pela vida, que me faz sofrer como todo o amor. Amo tanto que ainda não consegui entender o fato de morrer. Talvez um dia eu aprenda a amar sem me apegar. Será??? Dito por outro amigo: o caminho é a resignação. Sei, mas requer uma capacidade imensa de aceitação. Talvez aceitar, seja dos três verbos aquele que mais tenho que exercitar. Amar é viver e só o amor torna a vida amável. Não é verdade que o amor é mais forte do que a morte. Até quem ama, morre, o que, cá entre nós, é uma baita sacanagem para com os amantes, Então, sem outra alternativa, aceitemos a morte, mas sem deixar de amar. “É necessário amar algum objeto e nos unir a ele para existir”, diz Espinosa. Para aceitar é preciso acreditar. Para acreditar é preciso amar, E para amar? Antes de mais nada, admitir humildemente que somos fracos demais para nos bastarmos. Depois, conjugar o verbo amar em todas as pessoas. Amor de amante, amor de pai, amor de mãe, amor de filho, amor de amigo, amor de cidadão. Perguntei ao meu amigo quais eram os verbos dele e ele me respondeu que ia pensar… Disse a ele: pensa, mas não deixa de amar. Se doer, aceita, mas não deixa de acreditar.
Marcos Kayser