Dois acontecimentos marcantes ocorridos na semana passada, a tumultuada sessão do legislativo taquarense e a greve dos professores me parece que possuem uma questão comum que pode ajudar a refletir sobre os dois episódios. Em ambos, seus protagonistas estão mobilizados por uma causa social ou por interesses privados? No caso da sessão da Câmara a luta era pela posse da presidência, uma instância de poder. Não era por um projeto que poderia vir a beneficiar a comunidade nem tão pouco para decidir sobre um tema de interesse dos eleitores como por exemplo reduzir salários dos legisladores ou acabar com as diárias. Temas como estes são ignorados e, talvez, jamais serão motivos de lutas internas. No caso da greve dos professores, desde criança, e lá se vai mais de 35 anos, me lembro minha saudosa mãe envolta com a greve, já na dúvida se era legítima e até onde prejudicaria os seus alunos. Greves persistiram da mesma forma e se ainda são realizadas é porque jamais atingiram seus objetivos. Então acho que o CEPERS deveria procurar inovar e ser mais justo e efetivo. Esta greve vo ao final do ano letivo chega ser uma ofensa grave à sociedade gaúcha, basta perguntar aos pais e aos próprios alunos. Ao mesmo tempo continua a omissão do CEPERS ao não apresentar qualquer modelo novo para a educação. De novo, e tal qual aos legisladores estamos vendo a luta em causa própria quando deveria, pela função que desempenham, ser pela sociedade. Se a constância dos embates movidos pelo interesse das comunidades fosse equivalente aos em causa própria nosso país seria Outro. A noção da alteridade ainda está muito distante de balizar a conduta dos políticos brasileiros. |
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Incubadora, sinônimo de desenvolvimento econômico, social e ecológico
Para impulsionar os parques tecnológicos e incubadoras, o Rio Grande do Sul vai liberar até o final do ano R$ 12 milhões, por meio de edital. E tudo a fundo perdido, pois o ganho do Estado é muito maior em geração de empregos e renda. Só os três maiores parques tecnológicos do Estado, Tecnopuc, Tecnosinos e Valetec juntos geram 13 mil empregos diretos, distribuídos em 150 empresas, em sua grande maioria não poluidoras. Em renda é gerado R$ 55 milhões por mês, considerando um salário médio de R$ 4.250,00 pago para profissionais com especialização. Os 3 parques produzem em média 95 patentes por ano, demonstrando um elevado grau de inovação. Para Guilherme Plonski, presidente da Amprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), mais importante do que um parque tecnológico em si é a construção de uma plataforma de desenvolvimento, que valorize o conhecimento das pessoas da região e retenha os talentos. “Além do emprego, é preciso que os cérebros da região se sintam desafiados onde estão, para não irem embora”, cita Plonski em entrevista ao jornal Zero Hora. É tudo que queremos para o Paranhana, mas hoje, o que acontece é o contrário. Temos uma imigração de talentos como ocorre com o Cimol que muitos do que lá se formam vão para empresas fora da região do Paranhana por faltar opções aqui. É bom esclarecer que uma incubadora necessariamente não precisa ofertar grandes espaços físicos e as incubadoras virtuais já são realidades. O ponto chave de uma incubadora não são seus prédios, mas sim o talento dos incubados e a capacidade técnica da instituição de ensino que os apóia, como acontece com a PUC, Unisinos e Feevale. Como se vê, incubadora é um grande negócio em triplo sentido: econômico, social e ecológico. |
E o sonho da incubadora ainda não acabou
Na semana passada tivemos ótimas notícias relacionadas a área da tecnologia no Rio Grande do Sul. Houve o anúncio do primeiro chip encapsulado produzido no Estado, junto ao parque tecnológico da Unisinos. Para quem não tem muita familiaridade com o termo, chip é um componente eletrônico que reúne vários circuitos que desempenham uma gama variada de funções e comandam a grande maioria dos aparelhos eletrônicos modernos. A TV tem chip, o computador tem chip, o celular tem chip e por aí vai. Por isso, produzir um chip representa muito. Também na semana passada o governo gaúcho firmou parceria com a Coréia do Sul, país com tradição em pesquisa e produção de alta tecnologia. A parceria envolve cooperação na área educacional, científica e tecnológica. Ainda na semana passada ocorreu em São Leopoldo o 1º Fórum Brasil-Coréia do Sul em Ciência, Tecnologia e Inovação. Em Novo Hamburgo, entre os dias 17 e 23, ocorreu a Semana Estadual de Ciência e Tecnologia. Nesta semana, em Novo Hamburgo, mais atividades serão realizadas na Fenac, envolvendo o tema tecnologia, eventos que são abertos para estudantes e empresários interessados. Enquanto São Leopoldo e Novo Hamburgo investem no desenvolvimento da área tecnológica e já possuem incubadoras e parques tecnológicos com empresas de ponta, gerando emprego neste setor estratégico, o sonho já antigo de ter no Paranhana uma incubadora apoiada por uma instituição de ensino, continua no “mundo das idéias”, ou seja, muito distante da nossa realidade. Particularmente, fico curioso para saber porque ninguém quer ser “pai desta criança”. Faltará competência, coragem ou vontade? Já pensaram se o Paranhana tivesse uma economia pulsante não só no calçado mas também na tecnologia chamada de ponta? Esperemos que algum dia um professor, a exemplo do professor Harald Bauer, crie o que este mestre já criou, cada um no seu contexto, é claro. Mas em comum tenha a abnegação e a visao inovadora.
Imprensa: poder de formar opiniões e mudar decisões
A imprensa e a mídia são conhecidas como o “quarto poder” pelo papel importante que possui na sociedade, não só na divulgação de notícias sobre eventos corriqueiros do dia a dia e das instituições, como também trazendo a tona fatos de hoje e de ontem até então escusos do meio social. A imprensa investigativa chega a se aproximar da atuação de uma polícia. Para tal haverá de ter muita coragem e correr os riscos de eventuais retaliações, porém, o resultado compensa. Assim foi o exemplo que tivemos em Novo Hamburgo, quando o Jornal NH colaborou decisivamente para a reversão da tendência de aumento do número de vereadores no município. Muitos vereadores que na primeira votação se posicionaram à favor do aumento chegaram a mudar de voto, levando à manutenção dos 14 parlamentares atuais, por unanimidade. Nos dias que antecederam a votação, o Jornal NH fez uma verdadeira campanha, deixando explícita a sua posição desfavorável ao aumento do número de vereadores. Apresentou justificativas bem fundamentadas e publicou a testemunho de pessoas da comunidade, representando a maioria contrária. Um manifesto com o nome de “opinião” foi capa do jornal que no dia da votação chegou a estampar na capa a foto dos vereadores que tinham sido favoráveis ao aumento na primeira votação. A atitude do jornal pode até ser questionada por aqueles que entendem que a imprensa deva ser imparcial. Mas a imparcialidade será o melhor caminho quando estamos diante de uma decisão que traz prejuízos evidentes à sociedade e que a maioria desta sociedade tem rejeição? O jornal NH deu uma demonstração que a imprensa pode e deve ser parcial quando sua parcialidade é transparente e, principalmente, coerente. O jornal NH demonstrou que a imprensa realmente tem poder e, na medida em que, exerce este poder com qualidade e a favor da ética e do bem comum, é nos dias de hoje um instrumento importante nos processos de transformação e evolução da sociedade. Parabéns Jornal NH pelos ensinamentos de uma imprensa que desnuda sua posição a favor da população.
Marcos Kayser
Filósofo e Empresário
Cidade com praça, cidade com alma
Em fevereiro de 2007 escrevi um artigo intitulado “Cidade sem praça, corpo sem alma”, em que falava da minha tristeza, como a de tantos outros taquarenses, ao ver o estado das principais praças da cidade, a Marechal Deodoro e a da Bandeira. Praças que pela deteriorização podiam ser comparadas a um corpo sem alma, representando morbidez. E logo uma praça que tem um sentido visceral para uma cidade. Um lugar que é ponto de encontro de pessoas de todas as idades e, portanto, deve ser acolhedor. Mais de quatro anos depois do artigo, mesmo que ainda em construção, começamos a ver a praça Marechal Deodoro com ares de limpeza. À noite podemos ver a penumbra dando lugar a luz e confirmar como uma boa iluminação faz a diferença. Respeito aqueles que defenderam a manutenção das árvores que lá estavam, mas não dá para ignorar que sem algumas delas podemos melhor visualizar o prédio da Prefeitura, uma verdadeira obra de arte barroca, como poucas cidades do Brasil tem. Tudo indica que no Natal a nova praça Marechal Deodoro já estará inaugurada e se espera que a comunidade, junto do poder público, saiba zelá-la, mantendo-a limpa. Na praça da Bandeira, onde muito brinquei na minha infância, quando estudava no Rodolfo Von Ihering, a derrubada das baiúcas, que compunham o dito camelódromo, já deram um descanso aos olhos. Perdoem-me, mas aquele cenário deprimente chegava a ser um desrespeito para com o consumidor e denegria a imagem dos comerciantes que lá estabelecidos estavam. Na praça da Bandeira espero que se confirme a idéia de instalar balanços, escorregadores e outros brinquedos para a criançada. As reformas de ambas as praças poderiam ter tomado outros rumos arquitetônicas, mas acredito que as opções escolhidas pelos gestores não comprometerão a beleza e a funcionalidade dos dois locais. Quem sabe, o próximo desafio, em matéria de urbanização, seja a limpeza e o embelezamento das entradas da cidade, que não depende apenas dos gestores municipais mas dos comerciantes e habitantes da cidade que precisam manter suas fachadas e calçadas em dia com a estética. Vou começar a ter mais esperança nesta cidade, afinal, vai ter praça, vai ter alma!
Marcos Kayser
Uma entidade que merece o nosso reconhecimento
Desconheço detalhes do contrato de concessão da rodovia ERS115 do governo para a empresa Brita. Mas não é preciso conhecê-lo para saber que o Estado não pode se eximir do papel de fiscalizar a rodovia e se ela esta suficientemente segura para os seus usuários. Há muito que os motoristas que trafegam pela ERS115 entre Três Coroas e Gramado, percebiam o risco no local em a estrada cedeu, culminando no sua interdição. O governo na hipótese mais amena tem a co-responsabilidade já que tem o dever da fiscalização e o poder da intervenção, que acaba não exercendo. De quem não tem a cultura do planejamento estratégico não se pode esperar planos e medidas preventivas, pois sem planejamento a visão de futuro simplesmente inexiste e, por conseguinte, não se faz gestão de riscos. No Brasil são poucos o que já compreenderam isso. Com muito orgulho, por se tratar de uma entidade nossa, a CICS tem esta compreensão e prova disso é o trabalho que faz já há 5 anos coordenar a Agenda Paranhana 2020. Na Agenda estão objetivos e projetos estratégicas que não começam e se encerram no curto prazo mas se estendem por muitos anos. Mais especificamente com relação a infraestrutura e rodovias, há na Agenda dois projetos de duplicação de rodovias incluídos há alguns anos atrás, prevendo situações como esta ocorrida na ERS115. Congratulações a CICS por acreditar que o sucesso da região depende de um planejamento estratégico e pela perseverança quase solitária nesta empreitada. E neste episódio da ERS115 a CICS foi singular, vencendo a inércia tão comum nos dias de hoje e pedindo providências ao Ministério Público. Aqui tenho uma dúvida quanto ao funcionamento do MP: caso com tamanha evidência carecem de um pedido formal que burocratiza e atrasa?. Não é por acaso que o trabalho da CICS mereceu destaque no editorial do Jornal Zero Hora (Grupo RBS). É hora de reconhecer que finalmente temos uma entidade que pensa e age em defesa da sociedade regional. Já foi assim com a elevada da RS239 que tinha um problema estrutural e não andava. Por que será tão difícil apoiar e aplaudir quem é de casa? Será conflito de interesses? Disputa de egos? Inveja? Se for, é burra, e o sonho de ser uma região de primeiro mundo não sairá do mundo da pura utopia.
Marcos Kayser
Três Parabéns e Uma Lástima
Parabéns aos promotores e organizadores do evento do Acendimento Nacional da Chama Crioula ocorrido no final de semana em Taquara. Como é bom ver a cidade agitada culturalmente e pessoas se dedicando voluntariamente. Os grandes feitos dificilmente se concretizam sem um enorme esforço. A coisa boa, o belo e o sucesso se obtém com trabalho, que começa com um bom planejamento.
Parabéns também aos professores que estão organizando o Campeonato de Xadrez do Paranhana, iniciativa que está na Agenda Paranhana 2020 e neste final de semana teve a 2ª edição na cidade de Rolante. Estavam lá mais de 100 enxadristas da rede de ensino pública e privada do Paranhana. Com iniciativas como esta a prática de xadrez começa a crescer na região e, certamente, as escolas envolvidas vão colher bons resultados. A próxima etapa será em Três Coroas no dia 18 de setembro e as inscrições deverão ser feitas pela Internet no site www.paranhana.org.br.
Parabéns também aos professores do Paranhana que inscreveram 128 projetos no Prêmio Professor Inovador, mostrando que, além de estarem buscando implantar a cultura da inovação, já que o mundo inova a cada dia, também se dispõem a participar de um concurso que irá destacar alguns. Contudo, o mais relevante para a educação da região é a adesão deste número respeitado de professores participantes.
Por fim, lastimo que os vereadores de Taquara tenham aprovado o aumento do número de vereadores na primeira votação, realizada na segunda-feira da semana passada (dia 15). Foram totalmente contra a vontade popular que em grande escala é contra o aumento. Mas ainda espero poder parabenizá-los, na medida em que podem reverter a situação, votando contra o aumento na segunda votação e, desta forma, mostrando respeito e conformidade com quem os elegeu e voltarão as urnas nas próximas eleições sem esquecer eventos como este.
Marcos Kayser
Cidadão Paranhanense
Saúde: o que está ruim pode piorar.
No último dia 21 aconteceu o Fórum da Saúde promovido pela Agenda Paranhana 2020. Os fóruns tem como objetivo principal analisar a situação dos vários temas estratégicos da Agenda, com base em indicadores, para então discutir os projetos e as ações que visam melhorar tal situação. No caso da saúde, chama a atenção dois pontos que podem passar desapercebidos. O primeiro é que não há a integração necessária entre os agentes da saúde. Os três hospitais, representados no Fórum, quando perguntados se alguma vez haviam se reunido para discutir problemas e soluções comuns, calaram-se reconhecendo que os encontros não são uma prática normal. Nos últimos tempos, é bem provável que isso não ocorreu. Esta falta de integração, que perpassa a sociedade como um todo, acaba enfraquecendo ainda mais o poder já limitado de cada instituição. Ao mesmo tempo, impressiona o fato de todos apontarem a integração como essencial para a conquista do que se espera. Agora por que fora do discurso isso não acontece? Esta é uma pergunta que exigiria um verdadeiro congresso filosófico e psicanalítico, mas enquanto não ocorre, vale a iniciativas da CICS-VP que em muitos momentos vem conseguindo reunir partes interessadas responsáveis pela gestão e eventuais mudanças. O segundo ponto que chama a atenção é a convicção dos especialistas que estavam presentes no Fórum de que a situação da saúde em termos de estrutura de atendimento hospitalar irá piorar. Na medida em que o hospital regional dispor de mais condições de atendimento, dentre os quais a UTI, a demanda que está reprimida fará com que o hospital chegue imediatamente a um esgotamento, visto que por lei tem a obrigação de receber pessoas de todo o estado. Não será surpresa se os corredores do hospital alojarem pacientes. Engana-se quem pensa que a abertura da UTI resolve os grandes problemas da saúde pública. A regulamentação da Emenda Constitucional 29 é uma necessidade urgente para começar a tirar os hospitais da UTI. Um investimento em mais leitos especialmente em Taquara e Parobé também se faz necessário, além, de políticas que evitem que as pessoas procurem os hospitais quando não é o destino indicado, prejudicando aqueles cujos casos são de complexidade são maior. Tomara que o Fórum tenha os desdobramentos que se espera, pelo menos dentro do limites da esfera municipal. Que os hospitais adotem um modelo de gestão, quem sabe com base no PGQP. Que as secretarias municipais também, seguindo o exemplo da secretaria de saúde de Três Coroas. E que os hospitais consigam definir estratégias de atuação subsidiados pelos agentes públicos e o Paranhana sirva de exemplo positivo para todo o Estado, começando pela redução drástica dos translados de pacientes para Porto Alegre.
Marcos Kayser
A incubadora do mestre
Falar de incubadora no Paranhana já tem idade. Lá se vão mais de 18 anos e o jornal Panorama é testemunha desta teimosia. Teimosia porque não há acolhimento da idéia e somente sendo muito teimoso para continuar insistindo. A incubadora se justificaría principalmente para ajudar na diversificação económica e maior desenvolvimento a região como ocorre em outras regiões do Brasil e do mundo. Nesses anos que se passaram alguns aspectos da idéia inicial mudaram, mas continuo acreditando que a incubadora deveria nascer onde residam pesquisadores e mestres. Mestre no sentido daquele professor que tem método, conhecimento e vontade em ajudar alunos a transformar idéias em projetos e projetos em produtos que possam ser colocados no mercado. Mestre também na identificação de jovens talentosos com veía empreendedora. Esta percepção, ou sensibilidade refinada, é uma característica inerente ao bom professor, por isso, as incubadoreas, em sua grande maioria, nascem em ambientes académicos, universidades, faculdades e em escolas técnicas. E o nascimento de uma incubadora, necessariamente, não exige altos investimentos financeiros, nem a construção de prédios e outros empreendimentos que envolvem custos maiores. Se pensarmos numa incubadora, tendo como área de atuação principal a tecnología da informação, o incubado pode trabalhar em casa e receber suporte à distância. E certamente que há outras áreas com um perfil semelhante. Prevendo uma incubadora com uma perspectiva estratégica, pensada e planejada a longo prazo e de forma sistêmica, haveria uma integração natural entre escola, universidade e empresa, que hoje não existe, infelizmente. O estudante que despontasse com ótimas notas e perfil emprendedor, já no ensino fundamental, poderia ser acompanhado e preparado desde o início da sua trajetória escolar para assumir o desafio de ser um incubado. Continuo invejando o Vale dos Sinos e suas incubadoras, da Unisinos e da Feevale. Agora, Estância Velha vai ter um parque tecnológico em parceria com a Valetec. O Paranhana está atrasado, mas, com vontade e criatividade, talvez pudesse inventar um formato capaz de gerar bons resultados. O fator crítico de sucesso está com quem coordena e com os profesores orientadores. Numa perspectiva similar, temos um belo exemplo na região: o professor Bauer do Cimol, um verdadeiro mestre, cujo conhecimento e disciplina influencia muitos. A TCA agradece!
Marcos Kayser
Era uma vez, “gente atrás da máquina”
Dias após apontarmos para o perigo da falta de diversificação econômica no Paranhana, cuja economia está concentrada no calçado, vem a Vulcabras/Azaléia comunicar o fechamento da sua unidade fabril em Parobé. Por conseqüência, muitas pessoas desempregadas, que segundo informam serão absorvidas por outras empresas. Certeza que nem todos tem, principalmente entre os empresários do setor. E justamente Parobé, que é o único município do Paranhana que não deu importância a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, não aprovando este projeto que está na Agenda Paranhana 2020. Será que Parobé tem planejamento estratégico? Qual será o seu modelo de gestão? Mas além do impacto econômico, o fechamento da Azaléia traz consigo uma questão sentimental. Chega ao fim uma história. História que tinha em aspectos constitutivos muita inovação e servia de referência. “Tem gente atrás da máquina”, era uma frase famosa do Presidente da Azaléia, Nestor Herculano de Paula. Metáfora que simbolizava a importância que ele dava aos seus funcionários e os mesmos reconheciam nele um líder revolucionário para o seu tempo. Antes de falarmos de responsabilidade social, a Azaléia já realizava muitos projetos nesta área. A creche e a educação formal para os funcionários eram exemplo disso. Participação nos lucros foi outra iniciativa inovadora da Azaléia sob a liderança do seu Nestor como era respeitosamente chamado. Este perfil da empresa já havia se perdido há algum tempo, desde a sua morte e depois venda para o grupo Vulcabras. Culpa da nova empresa, culpa do mercado, culpa do governo? São questões que exigiriam um amplo espaço para debates, talvez bastante oportuno já que o Paranhana depende em muito do calçado e assim como a fábrica da Azaléia, que de grande ícone virou cinzas, outras poderão sucumbir em meio a novas realidades. Os governos que tem a responsabilidade de defenderem os interesses de suas comunidades precisam agir de uma vez por todas para juntos aos empresários e aos trabalhadores planejarem um novo cenário e não ficarem a mercê exclusivamente dos movimentos do mercado. Planejar estrategicamente é pensar conjuntamente no futuro e começar a agir no presente para ter sucesso nesta construção.
Marcos Kayser