O Debates pelo Rio Grande, programa da RBS, realizado na semana passada, em Taquara, teve uma boa repercussão no Estado, principalmente depois de ter sido exibido no último domingo pela TVCOM. A região foi destacada por já possuir um planejamento estratégico regional estruturado, como é o caso da Agenda Paranhana 2020 e ter mais de 40 projetos elencados. Outra boa impressão deixada foi o Portal da Transparência do Paranhana, que abre para toda a sociedade o retrato em números de como anda as cidades da região em seus mais diversos setores: economia, segurança, saúde, educação, meio ambiente. A disponibilidade da classe empresarial, representada pelos empresários voluntários e pela CICS que coordena a Agenda também mereceu elogios. Fazendo uma auto-critica da minha participação como um dos debatedores, procurei reproduzir a preocupação da classe empreendedora, responsável pela geração de emprego, renda e impostos, mostrando alguns dados do quadro econômico da região, caracterizado pela pouca diversidade e um dos piores IDESEs do Estado. Também expressei o nosso desejo de ver as cidades mais integradas e alinhadas num planejamento estratégico regional como a Agenda Paranhana 2020. Os empresários, em sua grande maioria de pequeno porte, estão focados em seus negócios, nas dificuldades do dia a dia, mas, se fossem devidamente convidados para discutirem projetos estratégicos para suas cidades, dificilmente se omitiriam. E se queremos ser uma região de primeiro mundo (acho que ninguém é contrário), não basta fazer coisas boas, é preciso fazer com excelência. Que há algum descompasso, no sentido da integração, é notório e reconhecido por todos há tempos, todavia, tenho esperança que os prefeitos consigam superar os entraves para colocar em prática os projetos que a sociedade civil, parte interessada, almeja e necessita.
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UTI: Em jogo a dignidade dos taquarenses
Atenção Ministério Público, Vereadores, Prefeito, Corede, Médicos, Clubes de Serviços, Entidades de Classe, População em geral; acreditem, já faz mais de meia década que uma UTI foi construída e equipada no município de Taquara e até hoje não há uma data definida para entrar em funcionamento. Equipamentos que poderiam estar salvando vidas aqui ou noutra região, caso a UTI lá estivesse funcionando. Uma ressalva: foi construída com dinheiro público, o que agrava o caso e fere a dignidade dos taquarenses. Falta de recursos, erro de planejamento, podem ser alguns dos motivos (até aqui pouco se sabe), porém, por mais motivos que existam, não haverá qualquer um que justifique tamanha demora (até parece a Sagrada Família, obra de Gaudi, iniciada em 1882 e ainda em construção, em Barcelona). Não há mais espaço, nem tempo, para discutir se a UTI é ou não viável, até porque se não fosse não deveria nem ter sido iniciada. Acrescenta-se que a região tem carência de uma UTI e a pregação do governo do Estado, que vem de longa data, é que as regiões deveriam ter estruturas próprias para amenizar a sobrecarga de Porto Alegre. Ou seja, tudo (con)corre a favor da UTI. Então, sem entrar no mérito dos motivos para o atraso, o que pode ser feito para colocá-la a pleno funcionamento? Nós leigos desconhecemos o que fazer, mas sabemos quem pode e tem este dever. Por favor Ministério Público, Vereadores, Prefeito, Corede, Médicos, é possível uma união de interesses e poderes a favor desta causa? Com uma boa dose de otimismo (e fé no Sagrado), vamos crer que teremos em breve a UTI aberta e um hospital de referência à disposição dos paranhanenses, afinal, é o que se pode esperar para uma região com saúde carente, apesar de muitos médicos competentes.
Marcos Kayser
Por que Taquara não é industrializada?
É muito agradável encontrar um ouvinte que manifesta seu gosto pelos nossos comentários e, melhor ainda, quando puxa uma conversa despretenciosa, mas sincera, sobre um algum problema vivido pela sua cidade. Isso acontece comigo muitas vezes e na semana passada o ouvinte fez a velha pergunta: “por que Taquara não tem indústrias?” É uma pergunta que não nos cansamos de fazer e demonstra o desejo do cidadão taquarense de ver sua cidade mais industrializada, porque acredita que este é um dos caminhos para o desenvolvimento econômico. E sendo mais forte economicamente, a cidade teria mais recursos para investir em saúde, educação, cultura, lazer, infra-estrutura, saneamento, e tudo que traz qualidade de vida. E se tivéssemos ainda uma indústria diversificada, com responsabilidade social e ambiental, seria “tudo de bom”. A indústria limpa, da tecnologia, se identifica com esta proposta. Mas antes de iniciar qualquer ação visando a industrialização da cidade ou o incremento do processo, acho muito pertinente refazer a pergunta que o ouvinte fez sobre os motivos da falta de indústrias, para fazer um grande planejamento, já que a concorrência é tamanha. Há um marco histórico que foi a emancipação de Parobé, que era uma espécie de distrito industrial de Taquara. De lá para cá, e já se passaram 29 anos, as administrações municipais não conseguiram construir um distrito industrial. Este pode ser um fator importante que inviabilizou a instalação de muitas empresas e, neste caso, os gestores públicos são os responsáveis. Outro fator é a falta de algum tipo de matéria prima ou material humano que pudesse atrair indústrias. Não temos uma oferta de mão-de-obra especializada abundante em setores que poderiam ser estratégicos. Outro fator é a falta de um centro de pesquisa e incubadora que é não só como pólo de atração de empresas de fora, como também de criação de empresas com empreendedores locais. Exemplos como a Tecnopuc, coordenada pela PUC, a Valetec, coordenada pela Feevale, e a Tecnosinos, coordenada pela Unisinos, poderiam ser seguidos, mas, para isso, uma instituição de ensino superior disposta a investir é fundamental.
Diante da fúria da natureza, o despreparo
Nas últimas semanas o meio ambiente tem merecido muitas manchetes nos meios de comunicação do país. Lá fora a neve causa enormes transtornos aos habitantes do hemisfério norte. Aqui no sul, particularmente no Brasil, cheias e secas tem sido o destaque. No Rio a tragédia dos desmoronamentos, cuja quantidade de vítimas continua crescendo e batendo recordes. Em meio as tragédias se levanta a suspeita de que a atitude humana tem influencia na causa destes eventos. É sabido que vivemos num mundo cuja população cresceu e cresce em níveis exponenciais, porém cresce numa escala talvez maior do que a natureza permite, sem contar que a infra-estrutura existente é muito inferior do que as necessidades da população, especialmente dos países subdesenvolvidos e emergentes. Uma das primeiras ações do homem, no caso daqueles que governam, seria a criação de políticas de controle da natalidade. Além da falta de estrutura familiar e condições econômicas, muitos não têm o mínimo de maturidade e educação para serem pais, por mais que isso possa soar mal para os legisladores da fé. Tudo se resume numa palavra: responsabilidade. Ou melhor, falta da “dita cuja”. Nas tragédias ocorridas nas últimas semanas, especialmente as inundações apareceu mais uma vez o problema do lixo. A falta de responsabilidade e educação da população brasileira que não tem o mínimo de consciência ambiental e trata apenas de se desfazer do lixo que produz a cada dia. E os governos tratam de colocar o “lixo embaixo do tapete”. Restringem-se a despejar em lixões. Não dão ênfase à educação ambiental na escola, basta ver como a própria escola trata o seu ambiente. De que adianta temas e projetos como tema ecologia se a própria escola não separa o lixo, não tem coletor de água da chuva e outras ações primárias? Os governos também não exercem o dever da fiscalização, que precisaria ser constante e severa. E muito menos desenvolvem planos, visando a sustentabilidade, como por exemplo fomentar a criação de empresas que possam empreender com o lixo. No tema meio ambiente, instituições como o Ministério Público precisa estar ainda mais presente. Se depender dos governos, só mesmo se a tragédia ferir alguém da família de um influente. Da sociedade, pelo histórico que já se tem, não se pode esperar, tornando-se mais crítico quando uma nova atitude demanda mais trabalho. Neste caso, todos correm. Em Taquara o que será do movimento Iniciativa Ambiental? E o Fórum do Lixo promovido pelo MP? Na Agenda Paranhana 2020 o tema Meio Ambiente é talvez o mais atrasado, principalmente pela falta de lideranças voluntárias. As tragédias ocorridas no Brasil demonstram que neste país não há plano sério de prevenção e sustentabilidade. Apesar da fúria da natureza, muitas conseqüências poderiam ser mitigadas.
Marcos Kayser
O orgulho líquido no âmbito da sociedade
O publicitário Nizan Guanaes, num artigo publicado no Jornal do Comércio e reproduzido pela Agenda 2020, diz que só o lucro liberta, mas complementa, convidando para ao em vez do lucro líquido, busquemos o orgulho líquido. Se, depois do lucro líquido, não sobrar orgulho, não vai sobrar nada para ser contado. E criar orgulho é muito mais difícil do que criar lucro. É um desafio para impulsionar empresas e se conquista com a tão falada responsabilidade social. Responsabilidade social é ter o melhor lucro dentro das melhores práticas. E só empresas lucrativas e responsáveis vão prosperar neste mundo altamente competitivo em que nos encontramos. Isso passa pelo desafio de reter talentos, cada vez mais raros, por problemas especialmente da falta de qualidade na formação. É preciso treinar, engajar em valores e sonhar. Um sonho grande e possível. E se for apenas um sonho por dinheiro, será impossível reter os talentos num mercado tão aquecido e com tantas oportunidades. Um sonho grande se constrói com orgulho líquido, diz Guanaes, e e eu aproveitaria este artigo, para estendê-lo a toda uma sociedade, mais especificamente ao nosso Vale do Paranhana, que há 30 anos atrás nem tinha esta identidade, era um anexo de outros Vales, ou uma encruzilhada, que acaba não sendo nada, ou apenas um meio secundário. Hoje não, apesar de muitas dificuldades e carências existentes, somos do Paranhana, somos o Paranhana e temos um grande sonho, um sonho capaz de orgulhar, o sonho de se tornar uma região de primeiro mundo, conforme é a pregação da Agenda Paranhana 2020. Mas, para isso, muitos avanços ainda serão necessários. Primeiro temos que aprender a pensar coletivamente, a deixar de lado muitas vaidades. Depois, temos que aprender a planejar, antes de sair fazendo, definindo alvos estratégicos e caminhos para serem perseguidos com competência e garra. Se pensarmos que sabemos tudo e o outro é indispensável, estamos atrasados. É preciso, além de boa vontade, muita criatividade. Nas empresas chamamos de inovação. Se ficarmos fazendo o mesmo que os outros, dificilmente venceremos na competição natural que existe e se explica pela teoria da evolução. Guanaes faz duas perguntas que se aplicam às empresas: Isso vai dar dinheiro? Isso vai dar orgulho? No âmbito social eu perguntaria: Isso vai dar qualidade de vida? Isso vai dar orgulho da minha cidade?
Marcos Kayser
Retrospectiva 2011 da Agenda Paranhana 2020
Dois relatos da qualidade na prática
A qualidade de um produto ou de um serviço tem vários ingredientes. Dois deles são a sensibilidade e a disponibilidade das pessoas envolvidas no processo. Recentemente, passei por duas experiências onde estes dois ingredientes estavam presentes e foram determinantes para perceber a qualidade, tão sonhada por cidadãos e consumidores. A primeira foi no 6º Encontro da Qualidade do Paranhana, realizado em Taquara, onde quatro profissionais da Prefeitura de Pelotas participaram, motivados, particularmente, pela apresentação do case da Corsan Cachoeirinha, que foi uma das vencedoras do Prêmio Qualidade RS neste ano. A viagem entre Taquara e Pelotas leva em torno de 6 horas e eles vieram e voltaram no mesmo dia, retornando a partir das 21h e, ainda, poupando estadia. Souberam do encontro através da indicação de um membro do Comitê Central do PGQP (Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade) e mesmo correndo alguns riscos que uma viagem reserva, além do risco de uma possível frustração com as expectativas do evento, vieram, demonstrando interesse e pré-disposição a aprender para praticar qualidade. A disponibilidade destes quatro funcionários da Prefeitura cabe ser destacada não só pelas circunstâncias, mas também porque se trata de uma organização pública cujos bons exemplos são minoria, ainda mais quando o assunto é programa de qualidade. A prefeitura de Pelotas, para quem a gestão da qualidade não é nenhuma novidade, tem como prefeito Fetter Junior, formado em agronomia e administração de empresas, com doutorado em ciência política pela Universidade René Descartes, da França, que deve ter sua parcela de responsabilidade nisso. Também não é por acaso que a prefeitura de Pelotas foi finalista do Prêmio Municípios que Fazem Mais, promovido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). O segundo caso de sensibilidade e disponibilidade que presenciei, ocorreu na livraria de um Shopping de Porto Alegre. Quando eu estava na fila, aguardando para fazer o pagamento do produto que havia escolhido, um profissional se aproximou e com muita educação me informou que havia outro caixa livre. E a sensibilidade e a disponibilidade não ficaram por aí. O funcionário responsável por fazer “pacotes pra presente” me perguntou se eu permitiria que ele fizesse uma pequena inovação no estilo do pacote. Depois da minha aprovação e do trabalho realizado, qual foi minha surpresa: um pacote que considerei uma pequena obra de arte. Talvez aí esteja uma boa definição para o conceito da qualidade: qualidade é uma arte.
Marcos Kayser
Presidente do Comitê do PGQP no Paranhana
5 idéias para a educação no Paranhana
Em recente artigo publicado na Revista Exame, Eric Hanushek, professor da Universidade Stanford e doutor em economia pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), um dos pesquisadores de educação mais respeitados da atualidade, apresenta 4 idéias para tirar o atraso na educação. A Agenda Paranhana 2020, primeira Agenda do interior do RS a ser construída nos moldes da Agenda 2020, coordenada pela Pólo-RS, tem iniciativas muito próximas as apresentadas por Hanushek. Certamente que dito por um intelectual de outra nação, tem um peso muito superior do que dito por quem é da aldeia. De 4 anos para cá, um grupo de voluntários tem se dedicado a pensar a educação, analisando algumas teorias para planejar algumas práticas. A última iniciativa foi criar um conjunto de indicadores e processos padronizados que podem ser adotados por uma Escola, visando uma gestão de qualidade. Mas vamos as sugestões de Eric Hanushek comparadas as idéias que vem sendo trabalhadas no Paranhana:
1. Bagunça Particular: Eric Hanushek fala em “estruturar o currículo”. A Agenda Paranhana 2020 propõe revisão do currículo para estruturá-lo com um conteúdo mínimo, vinculado a realidade vivida na região e no mundo. Eric fala que a “sala de aula é uma espécie de caixa-preta”. No Paranhana se fala que cada sala de aula é uma escola dentro de outra escola.
2. Diagnosticar, planejar e medir. É o que a Agenda Paranhana 2020 está propondo às escolas, inclusive foi desenvolvido uma ferramenta na área da tecnologia da informação que integra tudo isso (análise SWOT, mapa estratégico, indicadores, projetos, processos), servindo para diagnosticar, planejar, monitorar, comunicar e documentar.
3. Pagar mais aos melhores. Foi criado para uma rede municipal o PREME (Programa de Reconhecimento por Méritos) para vincular a remuneração ao desempenho, com o diferencial que remunera as melhores escolas e tem como parâmetro os critérios da excelência da FNQ (MEG).
4. Transformar o diretor em gestor. Para os atuais diretores serem gestores é precisam que dominam as técnicas de gestão e, principalmente, tenham perfil inovador e de liderança. A ação da capacitação de diretores realizada em Pernambuco é um bom exemplo, mas, antes disso, é imprescindível que o diretor queira de fato assumir o papel de gestor.
Poderíamos acrescentar uma quinta idéia que, talvez, possa ser a mais substancial: desenvolver ações para trazer os pais para a escola, mesmo que a resistência seja tamanha e de ambas as partes. Compete a escola não se conformar, nem se acomodar com a falta do vínculo.
Aguardemos, quem sabe um dia as escolas percebam que gestão não é uma palavra proibida na educação, com o argumento que se restringe ao mundo dos negócios, mas sim que deve ser a palavra de ordem de todas as organizações.
Marcos Kayser
Filósofo voluntário da Agenda Paranhana 2020 e da Agenda 2020
IDESE: Continuamos na “zona do rebaixamento”
Na última quinta-feira, dia 7 de outubro, a Fundação de Economia e Estatística (FEE) divulgou os resultados da pesquisa do Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE) dos municípios do RS. Os dados são de 2007 e o município e com exceção de Taquara, todas as cidades da região tiveram uma queda na comparação com 2006. No ranking regional não houve alteração de posição. Quem era a primeira colocada, no caso Igrejinha, continuou sendo e o mesmo ocorreu com as demais. No âmbito estadual Igrejinha ficou na posição 171 com o índice geral 0,723, sendo que em 2006 estava na posição 152. Taquara ficou na posição 203, com o índice 0,710, sendo que em 2006 era 207. Três Coroas ficou na posição 228, índice 0,702, e em 2006 era 226. Parobé ficou na posição 230, índice 0,702, e em 2006 era 229. Rolante ficou na posição 297, índice 0,678, e em 2006 era 287. Riozinho ficou na posição 385, índice 0,643, e em 2006 era 374. O município de Caxias do Sul ficou em primeiro lugar com o índice geral 0,850 e dentre as cidades mais próximas ao Paranhana Esteio foi a melhor colocada ficando na segunda posição com o índice 0,840. O Idese é um índice sintético, composto por 12 indicadores, divididos em quatro blocos temáticos: Educação; Renda; Saneamento e Domicílios; e Saúde. Taxa de abandono no ensino fundamental, taxa de reprovação no ensino fundamental, taxa de atendimento no ensino médio e taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos e mais de idade formam o tema Educação. Geração de renda – PIBpc e apropriação de renda – VABpc do comércio, alojamento e alimentação formam o tema Renda. Domicílios abastecidos com água e com esgoto sanitário, média de moradores por domicílio formam o tema Saneamento e Domicílio. Crianças com baixo peso ao nascer, taxa de mortalidade de menores de cinco anos e esperança de vida ao nascer, formam o tema saúde. Dentre estes temas, aquele em que o Paranhana apresenta maior deficiência é o tema saneamento, seguido do tema renda. Dentre as regiões do RS, considerando os Coredes, o Paranhana continua na anti penúltima posição. Fazendo uma comparação com o campeonato brasileiro de futebol, o Paranhana segue na zona do rebaixamento, mas, quem sabe, nas próximas edições da pesquisa, sem almejar Libertadores e muito menos ser campeão, por nossas limitações econômicas, consiga sair desta indesejada posição, precisando, para isso, de mais investimento público em saneamento.
Marcos Kayser
Uma análise matemática sobre o voto regional
Várias leituras podem ser extraídas do resultado das urnas durante as eleições, ocorridas no último domingo. Resultado que também pode ensinar, desde que realmente exista uma vontade política de sanar o vazio da representatividade regional, a ser preenchida por candidatos que residem no Vale do Paranhana. Região que tem um eventual desejo de eleger um representante regional que teoricamente teria o que chamamos de identidade regional. Com base nos números, não dá para afirmar que a região não priorizou os candidatos regionais. No caso da apuração dos votos para deputado estadual, somando-se os percentuais de votos dados aos candidatos daqui que eram seis, chegou-se a 38,71% dos votos válidos. Nas últimas eleições, há quatro anos atrás, este percentual foi de 42,78 para quatro candidatos. Por estes dados, podemos pensar que quanto maior o número de candidatos menor será a adesão aos candidatos, talvez por uma tendência de dispersão. Se considerarmos o percentual de votos do deputado Fixinha, que muitos consideram um candidato da região, por ter nascido aqui, entre outros fatores, o percentual deste ano subiria para 47,91, ou seja, quase 50% que é bem expressivo, na minha opinião, levando em conta que os cabos eleitorais dos candidatos são os prefeitos e vereadores e estes, em sua maioria, apoiaram candidatos de fora. O candidato mais votado, fora estes, não chegou a 4%. Fazendo um mero exercício matemático, e não político, os dois candidatos da região mais votados para deputado estadual foram Claudio Barros (26240) e Claudio Silva (13583), ambos de Parobé. Somando os votos destes, chegamos a 39823, o suficiente para eleger um dos dois, caso vinculado fosse a sigla do PTB, partido de Claudio Barros, pois o último candidato eleito do PTB, Ronaldo Santini, totalizou 35029. Parece que fica mais uma vez demonstrado que a dificuldade da região em eleger um candidato é proporcional ao número de opções de candidatos locais. E também que a eleição de um candidato regional depende muito menos dos eleitores e mais dos partidos e suas lideranças. Isso porque jamais se conseguirá convencer o eleitorado a votar na sua totalidade em um candidato daqui, ainda mais quando a escolha se dá muito mais pelo lado pessoal do que regional, conforme mostra a enquete feita nesta semana pelo portal da TCA.
Marcos Kayser