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Oshkosh: exemplo de voluntariado

Meu amigo Inácio Knapp, esteve recentemente nos EUA, mais especificamente na cidade de Oshkosh, na trigésima sétima edição do maior evento aéreo do mundo (EAA AirVenture) que recebe uma visitação em torno de 750 mil pessoas. O evento rende para a economia da cidade 110 milhões de dólares, mas o que chama mais a atenção são as características da cidade que o organiza. Oshkosh pertence ao estado de Wisconsin e fica no centro-norte dos EUA, quase fronteira com o Canadá. O nome é uma homenagem a um chefe indígena da região. A cidade tem 62196 habitantes e abriga uma grande universidade estadual – Universidade de Wisconsin, onde a grande maioria dos brasileiros e outros visitantes ficam hospedados. O aeroporto se torna o mais movimentado do mundo, durante a semana do evento, quando recebe milhares de aviões de todas as épocas, formas e tamanhos. Barracas e trailers formam um gigantesco acampamento ao lado do aeroporto e boa parte da população trabalha no evento como voluntária. Voluntariado que é uma marca registrada da cidade. O prefeito local ganha seis mil dólares anuais de remuneração, o que em reais corresponde a aproximadamente 10 mil reais por ano, ou seja, menos de 1 mil reais por mês, quase um trabalho voluntário. Como acontece com boa parte das cidades americanas com menos de 100 mil habitantes, os vereadores não recebem nada, são todos voluntários. No café da manhã coletivo em que o Inácio participou, uma tradição do evento, boa parte dos voluntários era constituída por pessoas na faixa etária dos 80 anos, inclusive alguns com dificuldades de locomoção, ajudados por andadores. O prefeito, que tem uns 40 anos, também arregaçou as mangas e estava carregando mesas e cadeiras. E assim Oshkosh surpreende a seus visitantes de todo o mundo, não só pelo grande evento da aviação que realiza, mas pelo exemplo de voluntariado, inclusive de sua classe política, mais trabalhadora do que política. O Paranhana já tem um evento grandioso pelo envolvimento de muitos voluntários que é a Oktoberfest em Igrejinha. Quem sabe, num futuro não muito distante, mais algum evento de grande porte surja, não só trazendo dividendos, mas difundindo ainda mais o espírito comunitário. E que a região assuma a condição de referencia brasileira do voluntariado.
Marcos Kayser

Discurso de transmissão de cargo na CICS

Há 4 anos assumia a presidência da CICS fazendo um pronunciamento classificado como idealista por alguns amigos, que de uma certa forma compartilhavam de um idealismo similar. A idéia central era a integração regional, dos municípios do Paranhana e dos interesses públicos e privados. Integração de ideais e potenciais que se constituía na essência da causa da transformação histórica da ACIT em CICS-VP, ocorrida há mais de 20 anos. Por mais que o poder de uma união possa parecer óbvio, nem todas as partes que se dizem interessadas compreendem. Com isso quero dizer que a integração, ao meu olhar, ainda está distante da idéia e, por conseqüência, ainda não temos uma unidade suficientemente robusta para fazer frente as tantas ameaças atuais e futuras. Ao mesmo tempo, é justo reconhecer que avançamos no caminho desta integração. Na CICS, basta observar a composição da diretoria, que veremos várias entidades reunidas: CDL, Sindicatos do Calçado, Sindicato Rural, Sindilojas entre outras. Dentre os associados temos as prefeituras de Igrejinha, Três Coroas, Taquara o que demonstra uma certa aproximação do público e do privado. E não dá para deixar de falar na Agenda Paranhana 2020, iniciativa de 19 Instituições, que juntas com a comunidade projetaram uma visão de futuro para a região, expressa na frase: “ser um lugar de primeiro mundo”. Podemos chamar isso de idealismo, de utopia, de sonho, mas o que será do homem sem um sonho? Homem que nem se quer seria homem se vivesse sozinho, pois humano só é humano porque vive em sociedade. Se não é por vontade, que seja por necessidade natural, daí uma forte justificativa para respeitarmos o outro. Se não for por ética, que seja por uma questão de inteligência. A escolha pela Agenda se apresenta não só como um dos caminhos para se chegar num lugar desejado, mas também uma certa elevação da auto-estima, afinal, fomos a primeira região do interior do Estado do RS e do Brasil a iniciar uma Agenda. Boa parcela deste mérito devemos aos amigos da Pólo que desde aquele 7 de novembro nos acompanham, quando de forma inédita em torno de 300 sonhadores, dentre os quais lideranças do setor público e privado, apresentaram suas posições e idéias, sintetizadas na frase: ser uma região de primeiro mundo. Nada melhor do que uma metáfora para dizer algo que queremos e transcende a linguagem. Primeiro mundo aqui não é necessariamente um lugar no espaço e no tempo, mas um estado, que pertence a um imaginário coletivo. Quem não gosta do que é bom e bem feito? Além de um desejo comum, implícito nessa metáfora está a necessidade de nos reeducarmos e educarmos os mais jovens para serem mais exigentes consigo e com o outro. Só assim poderemos superar os obstáculos, inovar e evoluir em qualidade. Evolução que se espera da iniciativa privada e do setor público, mas principalmente deste último que é o grande gestor dos recursos e sobre o qual recai duas grandes responsabilidades: educação e saúde. Áreas que requerem projetos de longo prazo e sustentáveis. E por falar de projetos, é bom lembrar dos projetos que tiraram a Agenda daquele destino, pronunciado com antecedência, quase uma “maldição”, de ser mais um movimento que não daria em nada. A Agenda, felizmente, não ficou resumida aquele inesquecível 7 de novembro. Não ficou também só no papel, nem só no discurso. A Agenda vem se efetivando, na medida em que os projetos que nela constam vão se concretizando. Alguns deles coordenados diretamente pela CICS, dentre os quais cito cinco:

1. Portal da Transparência (muito antes de virar lei, nós já temos indicadores dos mais diversos setores da nossa sociedade e agora aguardamos os indicadores relacionados a gestão pública que a Associação de Prefeitos já vem viabilizando com o MP)

2. Prêmio Professor Inovador do Paranhana (onde superamos a meta obtendo 106 projetos inscritos e este projeto virou case não só pelo resultado, mas pela forma com que foi conduzido onde aplicamos os conceitos de gestão de projetos e ainda conseguimos reunir o setor privado e o setor público muito bem representado pelos secretários de educação dos municípios do Paranhana)

3. Pesquisa de Vocações (em torno de 1000 jovens do ensino médio participaram e hoje temos algumas informações importantes sobre o perfil empreendedor e sobre o desejo da maioria que é o de sair da região, o que nos remete a reflexão de que há cidades mais do primeiro mundo do que as nossas)

4. Criação do primeiro escritório de projetos do Paranhana (que formou não só a equipe interna da CICS como funcionários de 4 prefeituras do Paranhana gratuitamente)

5. Criação do Programa Gestão Inovadora – PGI (onde estão sendo capacitadas em torno de 40 empresas através de parceria com a Sedai e aqui agradecemos o então secretário de Estado, Dep. Marcio Biolchi)

Falei no discurso de posse que por mais desgastante que é agir, um mal maior é resignar-se. Acho que neste aspecto não mudei muito, continuo pensando que não é suficiente ficar esperando, mesmo que agir possa trazer incomodações imprevistas. O consolo é que agir agora pode prevenir ou minimizar incomodações futuras e, talvez, ainda maiores para nós e nossos filhos. Sabemos que os impostos não vão baixar. Sabemos que não basta reclamar. Um dos caminhos então para melhorar as condições de vida (apesar de dar trabalho para quem realmente se envolve) é o engajamento em algum tipo de movimento coletivo, cuja bandeira seja a do planejamento sistematizado e do controle sobre os resultados. Só assim a tão pretendida melhoria contínua poderá ser conquistada. Caso contrário, aumentam as chances do desperdício e da precariedade. A Agenda talvez possa ser um destes movimentos e todos aqui estão convidados.

“Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho do pensar, e parece-me que sem idéias, não vamos a parte alguma”. Este foi o último post no blog de José Saramago, falecido no último dia 18, e diz muito para nós que compreendemos a Agenda como um conjunto de idéias que podem nos levar ao lugar que desejamos. Também afirma que pensar é um trabalho, pena que poucos filósofos até hoje conseguiram tornar o pensamento um produto de alto valor agregado.

Muitos acontecimentos marcaram este intervalo de tempo desde que assumimos a entidade em julho de 2006. Houveram perdas e ganhos. Perdi minha mãe, perdemos o Biason, ganhei mais um filho, ganhamos novas amizades, ganhamos uma bagagem e muita coragem, não só para coordenar a Agenda mas para realizar também outras ações pontuais na entidade. Até como uma espécie de prestação de contas aos nossos associados, cito algumas delas:

1. Reestruturação Administrativa/Financeira (o que nos possibilitou “respirar sem aparelhos” e ainda implantamos um novo jeito de gestão orientada por projetos e por indicadores)

2. Pintura Interna e Externa do prédio

3. Criação de uma nova logomarca

4. Aquisição de materiais e móveis (computadores, projetor, mesas)

5. Adequação da CICS VP em Agência de Desenvolvimento

6. Mobilização contra a nova praça de pedágio na RS 115 entre Taquara e Igrejinha

7. Mobilização para a Liberação do Viaduto Taquara – Parobé

8. Inclusão de algumas Prefeituras no quadro social

9. Inclusão do setor do Agronegócio na diretoria

10. Adesão de três Prefeituras no PGQP (Igrejinha, Parobé e Três Coroas)

11. Aumento do número de organizações participantes no Sistema de Avaliação do PGQP – Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade em mais de 50% (do que resultou a escolha como Comitê Destaque e fomos convidados a participar do Conselho Superior presidido pelo Dr. Jorge Gerdau)

12. Doação de alimentos para APAE, Creche Vovó Domênica, Lar das Meninas e Apromim (em parceria com o SEBRAE)

13. Apoio ao SEBRAE na divulgação do INOVAPERS de onde duas empresas da região foram contempladas.

14. Apoio ao SEBRAE na divulgação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas.

15. Apoio a vários eventos dentre os quais o Seminário de Desafios Ambientais em Taquara

16. Palestras ministradas em parceria com o Sebrae e em eventos eventos da Federasul, FCDL, Famurs entre outras entidades.

Não dá para deixar de reconhecer, especialmente em tempos de crise de lideranças (pelo menos em termos de disponibilidade), a tranquilidade do processo sucessório da entidade, consolidado na pessoa do Roger, a quem considero um líder diferenciado, especialmente pela sua visão de mundo, inteligência e capacidade de fazer a tão espinhosa passagem da teoria à prática. Roger, desejo muita sorte e muito sucesso. Por mais contracultura que seja e por mais resistência que tenha, continuo acreditando que vale a pena o investimento em prol da formação mais qualificada, da adoção de modelos de gestão, da abertura para o novo e para a integração. Tudo isso para nos aproximar do conceito de primeiro mundo. Desejo Roger que ao fim da tua gestão, sinta-se feliz como eu estou me sentindo neste momento e conte comigo!

Por fim, gostaria de agradecer aqueles que me convidaram para este desafio que acabou se tornando uma oportunidade prazerosa, cito o Renato Fagondes, a Alice Lehnen, o João Boff, o Delmar Backes e o Velmi Biason, que, infelizmente, nos deixou precipitadamente. A minha diretoria, principalmente pela confiança e pelo grau de tolerância a minha forma de conduzir. Obrigado porque me deixaram viajar, sonhar e juntos até concretizar alguns feitos. Aos associados da entidade, sem o consentimento dos quais, nada faríamos. Aos funcionários da entidade, sempre disponíveis e dispostos a planejar e executar, aqui cabe um comentário, foram mais de 700 e-mails enviados por mim ao nosso executivo fora as tarefas encaminhadas via Scopi, nosso sistema de gestão estratégica (isso significa que pensamos na entidade quase que diariamente). Agradecimento a todas entidades parceiras, dentre as quais destaco PGQP, FCDL, Federasul, Fiergs, Sebrae, ACI, Fecomércio, CDLs da região, Sindilojas, Sindicatos do Calçado de Parobé, Três Coroas, Taquara e Igrejinha, Sindicato Rural e Pólo – Agência de Desenvolvimento. Agradecimento a todas as entidades que estiveram conosco e também aos voluntários da Agenda, ao poder judiciário, ao MP. Agradecimento aos nossos prefeitos e vereadores, e imagino o quanto é difícil compreender e confiar numa entidade que de uma hora para outra surge falando em planejamento estratégico, projetos e com o discurso de união do público e privado andando lado a lado. Obrigado porque confiaram em nós e peço que continue confiando sempre mais. Aos nossos deputados mais próximos que muito tem apoiado a nossa Agenda (e aqui cito em especial o Fixinha e o Marcio Biolchi). Ao governo do Estado pela relação direta e parceira. Agradeço também a imprensa, a minha empresa a TCA e aos meus sócios, pelas concessões e, principalmente, a minha família pelo carinho e amor de sempre. Muito obrigado a todos vocês que de alguma forma, nos acolheram e nos apoiaram.

Marcos Kayser
Presidente da CICS (2006-2010)
Taquara, 29 de junho de 2010

A espinhosa questão da meritocracia na educação

O Jornal Zero Hora do dia 30 de maio, trata mais uma vez o tema educação, fazendo um abordagem sobre a espinhosa questão da avaliação dos educadores, chamada também de meritocracia. Já é praticamente consensual o entendimento de que o fator mais decisivo para definir o quanto uma criança aprende na escola é a qualidade do seu professor. O economista americano Eric Hanushek, da Universidade de Stanford, pesquisador eminente na área, descobriu que o aluno de um professor excelente em uma escola ruim aprende mais do que o de um professor ruim em uma escola excelente. A Zero Hora revelou outro achado de impacto: o que o bom professor meio ano de aprendizado, o mau professor precisa de um ano e meio. Avaliações internacionais apontam que se aprende pouco nas escolas brasileiras. O desejo de reverter esse quadro tem levado autoridades e educadores e líderes empresariais a mexer em um vespeiro. Há no Brasil um movimento pressionando pela aplicação de critérios meritocráticos dentre os quais o movimento Todos pela Educação, que tem o empresário Jorge Gerdau como um dos líderes. O princípio é dar benefícios, dentre os quais aumento, ao professor que faz os alunos aprenderem e, quem sabe, punir o que não consegue. Talvez o fato de não receber benefícios adicionais por mérito, já seja uma boa punição. E esta discussão não é só brasileira. Aqui está apenas começando. Nos Estados Unidos o presidente Barack Obama criou programas que despejam bilhões em recursos federais nos Estados e distritos que adotarem a prática de pagar conforme o desempenho. No Brasil, há partidários ardorosos e adversários ferrenhos. Segundo o economista Cláudio de Moura Castro, especialista em educação e partidário da meritocracia, “manter o professor ruim é o mesmo que uma fábrica de automóvel não demitir o funcionário que deixa passar carros com defeito na barra de direção – compara”. A oposição mais radical vem dos sindicatos de professores. No ano passado, a proposta do Piratini de oferecer um 14º salário a quem atingisse metas foi torpedeada pelo Cpers. Estranhamente, ou confortavelmente, o Cpers não apresenta nem discute com a sociedade algum tipo de projeto que venha representar uma proposta de melhoria contínua da qualidade do ensino. O embate se dá também a nível federal. O Ministério da Educação anunciou um exame para seleção de docentes, e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) foi para o ataque, vendo por trás da proposta uma maquinação para implantar a meritocracia. “Se a meta é fazer 500 unidades e o funcionário faz 300, pode demitir. Mas transferir isso para a escola não tem cabimento”, disse Roberto de Leão, presidente da CNTE. Um estudo analisou os países com melhor educação. A base era a Finlândia, com o ensino mais bem avaliado. Concluiu que os campeões de qualidade não premiam o mérito. O foco está no recrutamento . Para atrair os melhores, os salários são altos, e a carreira, promissora. Contudo, a oferta de mão-de-obra é excelente, pois as faculdades de Educação tem alto padrão de qualidade. Daí surge uma dúvida, o que vem primeiro: oferecer ótimos salários ou formar com excelência. Este é um debate dos mais importantes que estão não só na pauta internacional, mas também no Paranhana. A Agenda Paranhana 2020 está buscando promover este debate para, quem sabe, encontrar uma solução caseira que deve excluir a possibilidade de medições, afinal , é medindo que se pode melhorar, inclusive salários.

Uma cidade do interior com trânsito de capital

Quando se escolhe uma cidade para morar, quando é possível escolher, é claro, se avalia suas opções de lazer, parques, praças, bares, restaurantes; suas opções de ensino e culturais, escolas, faculdades, cinemas, teatros; sua estrutura de saúde, médicos, postos, hospitais; e a segurança, baixos índices de criminalidade, assaltos e furtos. O trânsito é um item que nem se precisa avaliar, pois cidade do interior é sinônimo de trânsito tranqüilo. Mas nem sempre isso acontece, pois há cidades pequenas que conseguem administrar mal o trânsito, tornando-o confuso e congestionado em muitos momentos. A solução não é nada complexa, se comparado as grandes cidades que necessitam construir viadutos e metrôs para resolver seus problemas. Uma reorganização do trânsito a partir de um levantamento técnico, acrescido a uma boa dose de coragem e disposição são caminhos naturais para por ordem na rua. Coragem e disposição porque mudanças no trânsito podem gerar descontentamento de alguns, o que nem sempre os governos estão dispostos a enfrentar, mesmo que tenham ao seu lado o embasamento técnico. Para ilustrar, vejamos o trecho da rua Rio Branco entre a rua Bento Gonçalves e 17 de Junho, em Taquara. Com sentido duplo e carros estacionados em ambos os lados, é praticamente intransitável. Porque não colocar mão única como acontece na extensão desta rua ou proibir o estacionamento num dos lados? O mesmo problema de espaço, acrescido do alto tráfego motivado pelas escolas que ficam nos arredores, acontece na rua do Ricardinho e do Dorothea. Isso que as escolas já se manifestaram há décadas, solicitando medidas e, até hoje, nada. Dividindo um pouco a responsabilidade dos órgãos competentes pelo trânsito no município, há casos de estabelecimentos comerciais que são construídos sem estacionamento privativo. Tem um caso em Taquara de uma construção recente que o comerciante proprietário fez um recuo de apenas dois ou três metros. Se tivesse feito um recuo um pouco maior, permitiria que ali estacionassem os carros de sua clientela, que hoje acabam ocupando o estacionamento já esgotado da rua. Sem contar que os caminhões que entregam suas mercadorias também ocupam o estacionamento da rua. A falta de bom senso e consciência comunitária, talvez pudesse ser corrigida com uma nova normatização que obrigasse as construções novas a construírem estacionamento para seus clientes. Outro acontecimento corriqueiro é a interrupção de cruzamentos por parte dos motoristas. Em Taquara ocorre frequentemente no cruzamento entre as ruas Marechal Floriano e Bento Gonçalves, que seria facilmente corrigido se os motoristas que estão na fila da sinaleira da Marechal não posicionassem seus carros justamente no cruzamento, impedindo que os carros que estão na Bento cruzem. Apesar disso, a grande maioria dos problemas tem soluções que não demandam grandes investimentos, nem traumas, bastando estudo técnico, coragem e disposição para o enfrentamento daqueles que só pensam em si mesmos. Se continuar assim, e a situação piora em dia de chuva, nas sextas-feiras, nos horários de maior fluxo, Taquara vai ter a vantagem de ser uma cidade do interior com a desvantagem de ter um trânsito de cidade grande.

Marcos Kayser

Por que existe o mal?

Porque existe o mal é uma questão que intriga todos desde muito. Já foi inclusive motivo de debates ferrenhos que colocaram em cheque a existência de Deus. Sim porque se Deus é bom e quer o bem, o que é lógico, porque deixa que até crianças inocentes sejam vítimas do mal? E não adiantava dizer que o mal era o homem o responsável, pois logo vinha o contra argumento dizendo que a responsabilidade estava no criador da espécie humana, recaindo a responsabilidade do mal sobre Deus. “Se Deus existe, de onde vem o mal?”, perguntava Leibniz. Mas, gostaria aqui de levar a reflexão não para o viés religioso, mas filosófico. Se existe mal, e existe, o mal é antes de mais nada o que faz mal, aparecendo o sofrimento como o mal primeiro, e o pior. Mas para o mal existir, é preciso alguém ser o seu agente, há que haver quem faz o mal. Haverá outro a não ser o homem? Quando o gato come o rato e o cão come o pássaro, não costumamos dizer que o gato e o cão fizeram um mal, nem que o gato e o cão são egoístas. Na verdade, parece ser do senso comum que o animal não comete um mal. O que ele faz é movido por seu instinto animal, normalmente o instinto de sobrevivência, o que acaba por absolver toda a espécie animal de qualquer julgamento moral. Então não podemos dizer que o mal cometido pelo homem seja uma herança da evolução das espécies, pois nossos primatas animais não cometem o mal. Agora, porque quando o homem comete um ato violento, diferentemente dos animais, ele é considerado mal? È bem provável que um dos motivos para que o mal seja atributo da espécie humana porque o homem tem a consciência de seus atos, distintamente dos animais. Talvez o homem tenha expandido o instinto de sobrevivência, herdado dos animais (para quem acredita na teoria da evolução), para uma busca constante por poder, que culmina em lutas e disputas atrozes, cuja arma, muitas vezes é o mal. Mesmo que rima, mal não combina com animal, apesar de que, por força da linguagem, quando um homem ou uma mulher cometem um mal, costumamos dizer que aquele ou aquela é um animal. Mas, porque há tanta maldade no mundo? Simplesmente porque o homem é mal, não por ter uma natureza malvada, mas por seu egoísmo natural.

Marcos Kayser

Filósofo

Marketing do Calor

As duas primeiras semanas de janeiro foram marcadas por temperaturas altíssimas no Estado, inclusive foram batidos recordes históricos, os maiores registrados nos últimos 20 anos. O recorde foi batido por Igrejinha, onde a máxima, à tarde, chegou à 41,6 graus, no dia 8 de janeiro, ultrapassando o índice de 41,3 graus registrado no dia 26 de janeiro de 1986 em Campo Bom. A marca ficou apenas um grau abaixo do recorde absoluto de temperatura do Estado, ocorrido em 1943, quando a temperatura máxima chegou a 42,6 graus. Como o Oitavo Distrito de Metereologia tem ponto de presença em Campo Bom é o nome de Campo Bom que se viu estampar nos jornais do país e ser citado pelas grandes redes de TV do país. Aí vem a pergunta: Taquara não é mais quente do que Campo Bom? Por presumir que a resposta tem boas chances de ser afirmativa, ou seja, é possível que Taquara seja mais quente do que Campo Bom, a pergunta nos sugere a possibilidade de uma iniciativa em torno do pleito da instalação de um Distrito de Metereologia, senão em Taquara, numa das cidades do Paranhana, corrigindo assim um provável equívoco no apontamento das maiores temperaturas do Estado. Assim ao em vez de ver Campo Bom aparecer na mídia apareceria uma das cidades daqui. Para Taquara seria uma forma de estar em evidência, numa evidência que não seria depreciativa, pois depreciativo é estar entre as cidades com menor renda percapita do Estado, depreciativo é ser vista como uma cidade mal cuidada. Talvez, algum segmento que dependa do calor possa se interessar em se desenvolver por aqui, (desde que a cidade volte a ser bem cuidada, é claro). Desconsideradas todas estas motivações restaria ainda a motivação de ter no calor uma nova referência para Taquara, uma espécie de marketing do calor, já que a cidade carece de melhores identificações para restituir a estima que merece.

Dados da violência no Paranhana

Acessando o Portal da Transparência do Paranhana, um dos primeiros projetos implantados que integra a Agenda Paranhana 2020, podemos acompanhar a evolução da região em números. Na primeira semana deste ano foram atualizados os dados referentes ao número de homicídios na região. Indicador que não é definitivo, pois existem outros, mas que é importante no apontamento de uma tendência, que no caso de 2009 foi positiva. A boa notícia é que o número de homicídios no Paranhana em 2009 teve uma redução de aproximadamente 25%. Taquara continua sendo a cidade com o maior número, somando 12 homicídios, sendo que em 2008 haviam sido 16. Apesar de ser a maior em população o número de homicídios em Taquara ainda é muito alto na comparação com os demais municíipios da região, inclusive com relação a Parobé que era tida como a mais violenta, apesar dos números não mostrarem isso. Parobé e Rolante tiveram 4 homicídios cada uma em 2009. Em 2008 Parobé registrou 9 e Rolante 5. Como se pode perceber, em Parobé, percentualmente, houve uma redução de mais de 50% na relação de um ano para o outro. Igrejinha registrou 2 homicídios em 2009 contra 1 em 2008. Três Coroas registrou 1 em 2009 contra nenhum em 2008. Enquanto que Riozinho continuou com nenhum homicídio registrado, como já havia ocorrido em 2008. Em termos regionais, em 2009 houveram 23 homicídios contra 31 em 2008, ou seja, houve uma redução próxima de 25%. Este número de 2009 repete o número de 2007, sendo que de lá para cá a população cresceu na região. Se esta melhora, se assim podemos considerar, é fruto de uma ação mais ostensiva da Brigada e da Polícia, é difícil constatar. O que se sabe é que o contingente policial não aumentou. Contudo, cabe comemorar e aos especialistas informar a que se deve a melhora, se a alguma ação de repressão ou preventiva. Espera-se que não tenha sido por uma questão de sorte. Tomara que os méritos estejam no trabalho dos nossos órgãos de segurança. Lembrando que o Portal da Transparência, onde se pode encontrar uma gama variada de dados da região, encontra-se na Internet no endereço www.paranhana.org.br. É nesta hora que damos valor ao controle, como é bom ter dados sendo apurados e disponibilizados, como é bom poder saber o que acontece hoje para poder compara com ontem e projetar o amanhã. Se o resultado foi melhor, vamos continuar melhorando, se eventualmente piorar vamos encontrar caminhos e planejar ações para reverter e superar.

Marcos Kayser
Presidente CICS-VP
Entidade coordenadora da Agenda Paranhana 2020

PIB espelha a economia da região

O Pib da região, exercício 2007, continua nas últimas posições no ranking gaúcho, espelhando a realidade econômica do Paranhana. A região segue na 20.ª posição no Rio Grande do Sul de um total de vinte e duas, o que significa que estamos entre as três piores economias do Estado. No ranking do PIB per capita, que é o Pib dividido pela população, a região também manteve a mesma posição, apesar do PIB de 2007 ter tido um crescimento de 15,8% em relação a 2006, mas não foi suficiente para fazer a região melhorar a sua posição. Posição que confirma as dificuldades econômicas enfrentadas principalmente pelas empresas que dependem do mercado local. O melhor resultado em termos de PIB per capita em 2007 foi de Igrejinha, com um valor de R$ 15.573, que ocupa a 153ª colocação no Rio Grande do Sul. O segundo melhor resultado é de Três Coroas, com um valor de R$ 13.785 e a 198ª posição no Estado. Na terceira posição, Riozinho alcançou o PIB per capita de R$ 10.533, ocupando a 329ª colocação no Estado. Três municípios da região continuam com PIB per capita abaixo dos R$ 10 mil. Em Parobé, o valor foi de R$ 9.760 em 2007, na 372ª colocação no Estado. Rolante alcançou um PIB per capita de R$ 9.310 na posição 406. Por fim, Taquara continua com o pior PIB per capita do Vale do Paranhana com o valor de R$ 8.881,00, na posição 425 de um total de 496 municípios. A falta de indústrias pode ser apontada com uma das causas para a posição preocupante de Taquara. Posição que, infelizmente, não muda substancialmente de um ano para o outro, ao menos que surja ou se instale na cidade uma grande indústria, como ocorreu com a Schincariol em Igrejinha, o que fez com que a mesma desse um grande salto. O caso de Igrejinha aponta para a importância das influências políticas, talvez mais determinantes do que os aspectos técnicos que condicionam a decisão de uma grande empresa se instalar num dado lugar. E neste quesito parece que Taquara não está entre aquelas cidades com maior poder político, pois, se assim fosse, é bem provável que já teria trazido empreendimentos de grande porte para cá. Outra questão é o fator empreendedorismo. Ao que parece Taquara também não está entre aquelas com o maior potencial empreendedor, senão já teríamos um pólo industrial, pois os próprios empreendedores locais pressionariam o Executivo para criar o tão falado distrito industrial que há 20 anos atrás era Parobé. Hoje nem sei mais se há espaço para a criação de um distrito industrial, pois outras cidades vizinhas já possuem e oferecem melhores condições pois junto de seus distritos há inclusive incubadoras tecnológicas, como é o caso de Campo Bom. Com base no cenário atual, podemos pensar que os governantes do passado não souberam planejar o futuro de Taquara, não pensaram estrategicamente. Poderiam ter previsto o risco de perder Parobé e assim criar estratégias como evitar o surgimento de casas residenciais no distrito, como fez Gravataí, só a título de exemplo. Assim, não dá para excluir a grande parcela de responsabilidade dos governantes municipais pelo estágio da economia, em especial, de Taquara, e se espera que aprendam que é necessários planejar e ter visão de longo prazo.

No rumo da integração regional

Quando se trata de decisão tomada por políticos, nem tudo é motivo para lamentação e indignação A criação da Associação dos Municípios do Vale do Paranhana e do Consórcio Intermunicipal, com o objetivo principal de desenvolver projetos comuns às cidades do Paranhana é motivo de sorrisos e aplausos. É bem vinda e merece nossa saudação.

Há 20 anos, lideranças empresariais, dentre as quais Guido Utz e Décio Schenkel, que presidiam a ACIT, deram início ao movimento de consolidação de uma identidade própria para a região: o Paranhana. A ACIT se transformou em CICS-VP (Câmara da Indústria, Comércio, Serviços e Agropecuária do Vale do Paranhana), tendo como meta principal a da integração regional, simbolizada, na época, por uma logomarca enaltecendo o calçado nas correntezas do rio Paranhana e o slogam “a força da corrente”.

Agora dentro do mesmo objetivo, o da integração, teremos uma entidade que congregará todos os prefeitos das seis cidades do Vale. Só assim temos alguma chance de fazer frente às adversidades e as desavenças e reverter a situação nada confortável em que a região se encontra quando analisada sobre a ótica do desenvolvimento socioeconômico como demonstra o IDESE (Índice de Desenvolvimento Sócioeconômico).

Para recuperar, só no médio e no longo prazo e isso se adotarmos a ferramenta do planejamento, indispensável para quem se dispõe a construir um projeto responsável e sustentável. Planejamento estratégico regional que no nosso caso é a Agenda Paranhana 2020, capitaneado pela sociedade civil organizada, representada por voluntários, entidades de classe e o poder público, em especial os executivos municipais e seus legisladores. Agenda que começou com um diagnóstico, uma espécie de radiografia regional, feita a partir de um encontro histórico que reuniu mais de 300 cidadãos paranhanenses e que teve seu ponto forte na consulta popular, da qual participaram 4906 pessoas votando e escolhendo os objetivos estratégicos prioritários. Depois veio os encontros dos voluntários especialistas que apresentaram 39 projetos no que se chamou de movimento de primeira onda. Destes, atualmente, 60% estão em andamento, 20% foram implementados e os outros 20% estão atrasados. O Hospital Regional com a UTI e o Calendário Regional de Eventos, são alguns dos 39 projetos que estão na Agenda, que certamente serão beneficiados com a criação da Associação e do Consórcio, ganhando um novo impulso, o que deve ocorrer com outros projetos do nosso planejamento regional.

Ainda temos o Escritório de Projetos (PMO), em fase final de estruturação, que poderá dar suporte técnico não só aos projetos estratégicos que estão na Agenda, mas também na elaboração e na gestão de projetos pontuais do Consórcio e das Prefeituras. Enfim, temos mais um motivo para sustentar a utopia de que o Paranhana ainda será “uma região de primeiro mundo”. Parabéns a todos os prefeitos do Paranhana!

Marcos Kayser
Presidente CICS-VP

Mãe de Deus: atendendo a saúde e fomentando a economia

Na última terça-feira, dia 3, foi veiculado no Paranhana Online, site da TCA na Internet, a aprovação de quatro projetos que tratam da situação do Hospital de Caridade, que autorizam movimentações orçamentárias que permitem o município receber recursos do Estado, além de ratificar termos de compromissos firmados com o governo estadual e com o Hospital Mãe de Deus, que tudo indica fará a gestão do Hospital. A Câmara também autorizou que a Prefeitura repasse ao Mãe de Deus até R$ 600 mil para serem utilizados nas reformas a serem feitas no Hospital de Taquara. De acordo com o prefeito Délcio, após serem sancionados os projetos, será providenciado um primeiro repasse na ordem de R$ 325 mil ao Hospital Mãe de Deus, sendo R$ 125 mil provenientes do governo estadual, referentes à Consulta Popular de 2005 e os outros R$ 200 mil sendo de recursos próprios da Prefeitura, obtidos com a arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).  Assim, como se apresenta, se encaminha a regularização do Hospital de Caridade que permitirá a sua tão esperada e necessária reabertura. Na condição de empresário e representante de uma entidade empresarial que defende a idéia de uma priorização pelas coisas da terra, penso haver aí uma oportunidade para um pequeno fortalecimento da nossa economia. Como o Mãe de Deus não é uma instituição com raízes em Taquara e no Paranhana mas que agora passará a conviver e viver na comunidade, seria interessante que priorizasse as empresas e os prestadores de serviços daqui, que empregam e pagam seus impostos aqui, já desde os primeiros investimentos. Para isso seria importante que a Prefeitura chamasse a atenção dos administradores do Mãe de Deus e exercesse um mínimo de controle possível sobre esta prática. Claro que esta priorização pelos fornecedores locais, não poderia trazer prejuízos financeiros a entidade nem prejuízos no campo da qualidade. Ou seja, não se está pedindo para consumir daqui por obrigação, se a velha relação custo x benefício não compensa, mas que as escolhas do Mãe de Deus, fiquem bem transparente ao menos para os representantes fiscalizadores da comunidade. O que se pede não é privilégios, mas oportunidades. Se fosse para este caminho, teríamos um Hospital dando conta do seu propósito principal que é atender a saúde do corpo humano, mas também estaria fomentando a saúde econômica da região, sem ofender princípios econômicos nem morais.