Causas da imobilidade

Qual será o principal motivo para a sociedade brasileira permanecer imóvel diante dos arranjos políticos que assiste e, ao mesmo tempo,repudia? Qual será o motivo para a falta de mobilização que poderia transformar a indesejada realidade? Numa breve reflexão, temos a acomodação, a falta de conscientização e o medo como causas possíveis. A acomodação aparece como aquele estado de inércia, uma certa paralisia, diante de acontecimentos que exigiriam uma reação quase que imediata, por serem incompatíveis com o desejo da grande maioria, causando até náusea. Talvez a acomodação seja estratégica. Aquele que se acomoda não se expõe a situações de desgaste e nem de ameaças. É trocar o certo pelo duvidoso, mesmo que o certo não seja tão saboroso. Talvez, “ruim com eles, pior sem eles”. A segunda opção, a falta de conscientização, remete a uma eventual falta de conhecimento, produto de uma alienação, voluntária e involuntária, que não permite a compreensão da verdadeira realidade. Realidade que, ao fim ao cabo, desvelaria a diferença entre o desejo da população e o que faz o político. Político que, apesar de ter sido eleito pelo povo para representá-lo, age na política representando seus interesses particulares. E a terceira opção, que é o medo, nos faz pensar sobre o receio de perder alguma coisa. Talvez não seja perder algo que já é nosso, mas perder uma oportunidade futura, por uma questão de prudência. Já pensou precisar de uma ajuda para a solução de um problema particular urgente? Por considerar todo ser humano interesseiro, uns mais comedidos que ficam só no interesse e outros que vão adiante, até chegar na resultado pretendido, “doa a quem doer”, entendo que a causa que mais influencia a imobilidade da população brasileira é o medo. Mas o medo não de uma repressão violenta e imediata por ter pressionado os políticos, mas o medo de ter um eventual pedido negado. Uma mente dotada de um raciocínio mais expandido, mesmo que interesseira como as demais, poderia pensar que uma política mais descente e coerente poderia ser mais favorável aos, pois não haveria mais motivos para recorrer a ajutórios particulares. Mas como nosso pensamento está centrado ainda muito no particular e no curto prazo, acho que esta realidade não muda tão cedo, a menos que algum tipo de catástrofe natural venha abalar a estrutura política brasileira.

Marcos Kayser

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