Os pais, as mães, os tutores, os professores, os psicólogos, os delegados de polícia, os promotores, os juízes e todos os políticos responsáveis por protegerem a sociedade deveriam assistir ao filme francês De Cabeça Erguida. Não há vilão, nem mocinho, muito menos efeitos especiais para prender a atenção do expectador, mas, mesmo assim, o filme é capaz de manter a atenção de todos que se preocupam com a violência e suas causas no Brasil. Malony, personagem principal, desde os seis anos de idade comete pequenos delitos e tem problemas com a polícia (não vou contar o filme). Durante toda a sua adolescência, um educador e uma juíza especializada na infância tentam salvá-lo. Chama a atenção a persistência da magistrada e a sua conduta. No aniversário dos 16 anos de Malony ela participa da comemoração, junto aos demais jovens recolhidos numa comunidade terapêutica. Aqueles que defendem que um juiz não pode se envolver emocionalmente vão trucidar a juíza do filme. Outro detalhe importante, ela permite a entrada do rapaz em sua sala, sem a necessidade de marcar audiência. Claro que tem um exagero aí, comparando com a realidade, até mesmo francesa. Apesar disso, mesmo a realidade francesa não sendo assim tão perfeita, há muitos bons exemplos no filme que poderiam ser seguidos pelas políticas brasileiras. O filme também serve para confirmar que a fonte da criminalidade está no desajuste familiar. Desajuste que não se dá necessariamente pela falta do pai ou da mãe, mas na falta do vínculo amoroso com um ou com o outro ou, ainda, com algum outro. Para Malony se distanciar da perversidade o vínculo com a própria juíza e com o seu educador foi fundamental. Olhando o filme, mesmo sem especialização em psicologia, fica fácil perceber que os responsáveis pela segurança no Brasil negligenciam as origens da violência. Tratam (e muito mal) só as consequências. Tamanha a distância entre o que vi no filme e o que acontece em nosso país, só me restou sair de “cabeça baixa”.