Empreendedor no Brasil “dorme acordado”. Não for assim, o amanhã ficará ainda mais temerário. Conforme dados do Sebrae – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas, 27% das empresas de pequeno porte fecham as portas no primeiro ano de existência e 58% fecham antes de completar cinco anos. Este percentual já foi pior, em 2000 chegava a 71%. Dentre os fatores causadores do fechamento das empresas, está a falta de preparo do empreendedor que muitas vezes não possui conhecimento suficiente de técnicas de gestão, hoje em dia indispensáveis para o enfrentamento da concorrência. Mas há também fatores externos que causam o insucesso prematuro do negócio. Um deles é o mercado, o outro é o governo. No primeiro fator há uma ameaça constante dos grandes players, os gigantes das lojas de departamentos, dos supermercados, das companhias de telecomunicações que ditam as regras do jogo e possuem um elevado poder de compra e venda. Compram o que querem e vendem por quanto querem. Claro que muitos pequenos conseguem encontrar nichos em que os grandes não tem competitividade e, assim, conseguem se manter bem vivos na “guerra”. Mas como os próprios pequenos empreendedores dizem: “é preciso matar um leão a cada dia”. O fator governo se traduz na precariedade dos serviços públicos, na insuficiência de políticas de apoio aos pequenos negócios e, como se não bastasse, na burocracia e nos altos impostos. O governo mais do que não ajudar, atrapalha. Como todo o cidadão brasileiro, a empresa paga impostos que deveriam ser convertidos em bons serviços de saúde, educação e segurança (e poderia seguir adiante). Contudo, a omissão do governo brasileiro, que arrecada uma das maiores cargas tributárias do mundo, obriga as empresas a contratar os serviços privados, pagando dobrado. Esta duplicidade acaba onerando o custo do produto, fazendo perder competitividade e comprometendo a sobrevivência do empreendimento. Nos últimos tempos, a falta de mão-de-obra qualificada tem sido um entrave para o crescimento das empresas, e empresa que não cresce, morre. Qualidade não é por acaso, se produz com formação e trabalho. O que esperar de um ensino que parece estar proíbido de cobrar, fazer repetir e rodar? E o ensino superior se acostumou com a nova moda. Muitas empresas estão optando por preparar o seu pessoal, mas isso leva tempo e há ainda o iminente risco de perder o funcionário antes de ter o valor investido recuperado. Está aí um dos motivos pelo qual muitas empresas são “de um homem só”, afinal “é melhor empreender sozinho do que mal acompanhado”. É uma pena que não é possível empreender sem o sócio Estado. Por isso, e por outras, empreender no Brasil “custa caro”.
Marcos Kayser