Escrever-se

No final de semana do Natal, o Jornal ZH publicou no Caderno Donna cartas de quatro personalidades gaúchas que escreveram para si mesmas com recados para as crianças que um dia foram. “Aprenda a ser leve, a rir de si mesma. Carregue vivo o olhar da primeira vez e saiba cedo que o tempo é o melhor remédio, pois isso acalma”, foi uma das recomendações de  Greice Antes, estilista, 34 anos. “Preste atenção a cada uma das milhares de vezes em que o pai contar a história do grumete que chora em desespero porque o navio está afundando e à frase que lhe diz o comandante como consolo: Guarda tuas lágrimas para momentos piores”, citou Cíntia Moscovich, jornalista e escritora, 53 anos, em sua carta. “Obrigado por estares aí depois de tanto tempo e por levar contigo um pouco de mim, por mais intolerante que possa ser a vida de um adulto”, foi uma das frases de Duca Leindecker, músico e escritor de 41 anos. Por fim, “o adulto que sou hoje deve a ti essa força estranha”, citou o diretor de teatro, Luciano Alabarse, de 58 anos. Particularmente, gostei da idéia. É um belo exercício para fazermos, especialmente em momentos de final de ano, quando olhamos pra frente e planejamos sonhos, semelhante de quando éramos crianças. Mesmo que o tempo de criança já passou e o passado não retorna,  recomendar para nós mesmos é demonstração de que aprendemos algo. Então resolvi escrever-me:  “Não deixe de gostar de si mesmo, além de se sentir bem acompanhado, terá mais força para realizar teus desejos e sonhos. Na vida, navegar é preciso e, nem sempre, as águas são brandas. Diante da pior das tempestades, acredite, nem tudo estará perdido, o tempo é o maior amigo e você sabe que tem coragem. Amor é algo sagrado, caso o encontre compartilhe e goze ao máximo desta felicidade. Para não perdê-lo, abra a mão de si e não se acomode. Encontrando trabalhe para recriá-lo. Não encontrando, continue a buscá-lo. Somente assim estará vivo e com grandes chances de encontrá-lo. Se vais seguir a minha recomendação, isso é outra conversa, não há garantias, mas uma coisa é certa: a escolha tem um responsável”.

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