Quem navegou pelas redes sociais na semana passada acompanhou a repercussão do caso Luíza que ficou entre os 10 mais comentados do Twitter em todo o país, além de inúmeras montagens no Facebook. A origem está numa única frase de um comercial de televisão da Paraíba que diz: “Menos Luíza, que está no Canadá”. A propaganda em questão é sobre o lançamento de um prédio, estrelada pelo colunista social e pai de Luíza, Gerardo Rabello, que fala sobre o empreendimento e em determinado momento cita que o sucesso do prédio é tão grande que ele convocou toda a família para falar sobre o empreendimento, menos Luíza, de 17 anos, que está no Canadá, fazendo intercâmbio. Foi o que bastou para milhões de pessoas reproduzirem o meme das mais diversas formas até chegar nas televisões brasileiras. Meme é o nome dado a uma espécie de bordão que em pouco tempo se espalha pela Internet, rede mundial de computadores. A repercussão foi tanta que motivou o jornalista da SBT, Carlos Nascimento, chamar os brasileiros de “perfeitos idiotas”. O jornalista se referiu ao assunto Luíza e ao suposto caso de estupro no Big Brother. Segundo ele “não é possível que dois assuntos tão fúteis possam chamar a atenção de um país inteiro”. E seu comentário não deixa de ter sentido, afinal, se uma frase vazia como esta (menos Luíza que está no Canadá) é memorizada e capaz de mobilizar milhões de brasileiros em torno de sua disseminação, por que não temos a mesma memória e acolhida para assuntos que tem um impacto direto em nossas vidas? Por que não damos igual ou maior atenção às questões que envolvem, por exemplo, a corrupção no país, e a degradação do meio ambiente, a falência da saúde pública, a precariedade da educação, a demagogia e o desleixo dos políticos, enfim, problemas que afetam nossas vidas e comprometem nosso sonho de felicidade. É uma questão a ser pensada. Talvez os assuntos mais sérios, já se tornaram banais, ou exigem uma responsabilidade que não temos ou não desejamos assumir. Será que nossa sociedade está num processo de idiotização? Ou seja, estamos ficando mais idiotas?