É sabido que planejar aumenta as chances de chegar onde se espera. E quanto mais complexo for o que se espera, mais imprescindível será planejar. Mas por que resistimos tanto ao planejamento, preferindo sair fazendo do que planejar? Não será por ansiedade? Acho que é muito mais por comodidade. No Brasil podemos considerar algumas motivações históricas. Os portugueses, por exemplo, aqui só executavam as determinações da corte, porque o plano era feito lá fora. Há também influências psicológicas. O brasileiro, dócil, bem humorado, gênio do jeitinho , é refém das circunstâncias, acreditando que na última hora tudo se resolve, por si, por ordem do além ou do acaso. Realmente, não temos o hábito e a cultura de planejar, tanto no âmbito público (Município, Estado e País), como privado (empresa). Acredito que temos uma tendência à preguiça, ao aparentemente mais fácil. E isso não é só brasileiro, é humano. Pensar, definir prazos e metas aparentemente dá mais trabalho do que agir simplesmente. Pensar pode ainda fazer com que recuemos na ação que num primeiro momento era mais apetitosa e desejada. Tendemos mais a ação e reação do que a reflexão. O problema disso é que raramente chegamos ao melhor lugar sem um bom planejamento. O desperdício, causado por ações não planejadas, também é muito maior do que quando planejamos adequadamente. Claro que o excesso de planejamento ou o planejamento inútil (burocracia por burocracia) pode limitar a criatividade, mas se realizado com coerência vai gerar ganhos de tempo para o momento da criação e da invenção. Justamente um tempo que muitas vezes falta pelo excesso de re-trabalho. Fazer de novo e repetidamente, até dar certo é uma consequência muito mais provável quando não se faz planejamento. Temos ainda um outro problema causal, somos muito resistentes à mudança, a menos que estejamos pressionados pela coerção ou tentados pela sedução de um bem maior e de uma recompensa Então, fica a pergunta, como quebrar esta tendência histórica e humana de resistir a um bom planejamento? Se porventura o lucro ficar mais difícil, talvez o empreendedor se conscientize que o planejamento é indispensável e, para isso, o primeiro passo é ir atrás de conhecimento. Na esfera pública, o planejamento só vai virar um hábito, se a população ativa pressionar e a visão de longo prazo passar a ser compreendida por todos. O país e as empresas precisam de planejamento!