Fim de ano: retrospectiva e introspecção

Fim de ano é tempo de festejos. Tempo de pedir e de agradecer. Mas também tempo de retrospectiva e introspecção. Tempo de reflexão e previsão.  Refletir sobre como foi o ano que passou. Prever como será o ano que está por vir. Em ambos, eu comigo mesmo, sem colocar o que aconteceu de errado nos “ombros do outro”, nem transferir a responsabilidade do que poderá acontecer para o “colega ao lado”. Entenda-se como outro, todos os outros que não sou eu, inclusive aquele outro Todo Poderoso chamado pelo nome de Deus, fonte de esperança (seja o que Deus quiser) e fonte de resignação (Deus quis assim). É costume, ou melhor, é mais cômodo, colocar a responsabilidade no outro.   Pedimos para Deus e, quando não acreditamos Nele, à sorte. Seja pela via de Deus ou da sorte, o que fazemos ao recorrermos ao outro é nos isentarmos do fardo da ação. Neste momento de fim e reinício de ano, quem sabe não seria mais justo e honesto voltar-nos para si para pedir e agradecer a nós mesmos? Pedir para que eu me empenhe na busca da concretização de meus sonhos, não desistindo diante da primeira dificuldade. Pedir a mim mesmo para que, ao mesmo tempo, que eu me empenhe, eu não passe dos limites, infringindo o direito do outro. Como fazê-lo? No mínimo me obrigando a não fazer ao outro aquilo que eu não gostaria que fosse feito a mim, o que podemos considerar quase como um imperativo ético. Antes de pedir, nada mal medir. Medir o que deixei de fazer, onde a virtuosidade faltou e onde sobrou, ou seja, quais delas me conduziram a excelência e ao prazer de viver. Além de medir e pedir, afinal todo o ser humano carece por reconhecimento, também caberia dar graças a mim mesmo por tudo que consegui produzir.  Enfim, final de ano é um bom momento para, além de festejar, colocar a moleira a pensar no que passou e não voltará jamais e olhar o futuro como um tempo em potência por realizar. Entenda-se por realizar: trabalhar, consumir, passear,… Todas estas coisas como parte coerente de um grande todo: a vida. Afinal, existe algo maior do que a vida? A cosmologia dirá que é o mundo. Mais é só uma questão conceitual. Entenda-se que para o mundo a vida é tudo, pois não há mundo sem vida. O poeta dirá que “a vida é o coração do mundo”.  Valemo-nos da razão para saber viver a vida e da emoção para vivê-la intensamente, na boa convivência comigo mesmo e com os outros.

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