Talvez seja porque já cruzei a barreira dos 50 e sabem da minha visão crítica, mas é incrível como me perguntam sobre o que vai ser de nós brasileiros com esta nossa política. Minha resposta, curta e grossa, é de que este nosso país não tem jeito. Não há nenhuma perspectiva de mudança, enquanto continuar sendo comandado por quem faz da política uma profissão, meio de sobrevivência e enriquecimento. Foram espertos ao criar um sistema muito bem arquitetado, fechado e imune a qualquer interferência da sociedade. A alta tributação que sacrifica a todos, enche os cofres do governo e financia a corrupção; a centralização dos poderes num só lugar que torna todo poderoso quem está em Brasília; o sucateamento de setores essenciais como saúde, segurança e educação; o assistencialismo como mecanismo de dependência, o pluripartidarismo como balcão de negócios, são alguns dos fundamentos do sistema. Se reduzissem os impostos, enxugassem a máquina pública, reformassem a previdência, desburocratizassem e minimizassem o Estado, privilegiassem a educação, dessem mais poder aos estados, reduzissem os partidos a uma meia dúzia, um raio de luz surgiria no final do túnel escuro em que o Brasil e nós brasileiros nos encontramos. Quando uma destas mudanças ocorrer, me avisem, por favor, pois estarei com muito prazer revendo a minha falta de expectativas. Fazer tudo isso e mais um pouco seria muito fácil, bastaria vontade política e humildade para reconhecer que chegamos ao fundo do poço (só para usar outra metáfora). Boa parte das soluções para os problemas vigentes não carecem ser inventadas, basta copiarmos modelos vencedores de países chamados de primeiro mundo, dentre os quais a Alemanha e a Suécia. E aí vem a pergunta que eu não me canso de fazer e muito me preocupa: o que será da nossa gurizada? Começo a dar o braço a torcer aos que falam que a saída é o aeroporto. Ao mesmo tempo sou um apaixonado pelo Brasil e gostaria de resistir bravamente.