Três absurdos: econômico, jurídico e colorado

No artigo da semana passada, comentei sobre o absurdo da UTI do Hospital de Caridade, agora Bom Jesus, estar fechada há mais de meia década. Então, me lembrei de comentar outros três absurdos que transcendem uma única cidade. O primeiro absurdo é de ordem econômica, a extradição do empresário Sanfelice, condenado pela morte da esposa há anos atrás, em Novo Hamburgo. Imaginem o custo com todo o translado e mais o custo que ele dará aqui. Além do risco de uma nova fuga que gera mais custo para polícia, na medida em que demanda ações para o resgate. O segundo absurdo é a soltura do adolescente de Novo Hamburgo que confessou matar 12 pessoas e foi condenado por 6. Segundo o juiz “ele não podia voltar ao seu meio”, mas teve que ser solto porque a lei manda. Absurdo jurídico soltar alguém considerado um serial killer com a certeza de não ter sido recuperado. Uma irresponsabilidade. Absurdo saber que a lei está errada e tanto os homens da justiça como os legisladores nada fazem objetivamente para alterá-la. Uma negligência. O terceiro e último absurdo é o Inter ter feito o que fez no mundial com o seu torcedor e ainda manter o seu treinador, afinal, Roth já não tinha ido bem no Brasileirão, sob a desculpa da preparação para o mundial. Na tragédia contra o Mazembe tirou os dois melhores jogadores em campo, Tinga e Sobis, preferindo o “espetacular” Wilson Mathias. Não que Roth seja o único culpado, a diretoria e os jogadores tem suas parcelas, mas o treinador, além de não reconhecer seus erros e teimar em ser mal humorado, não consegue fazer o time ter uma mecânica que dê sustentação à defesa e efetividade ao ataque. Bendito Damião!!! Quem não sabe aprender com os erros, está destinado a perder. Como torcedor colorado, espero estar enganado.

UTI: Em jogo a dignidade dos taquarenses

Atenção Ministério Público, Vereadores, Prefeito, Corede, Médicos, Clubes de Serviços, Entidades de Classe, População em geral; acreditem, já faz mais de meia década que uma UTI foi construída e equipada no município de Taquara e até hoje não há uma data definida para entrar em funcionamento. Equipamentos que poderiam estar salvando vidas aqui ou noutra região, caso a UTI lá estivesse funcionando. Uma ressalva: foi construída com dinheiro público, o que agrava o caso e fere a dignidade dos taquarenses. Falta de recursos, erro de planejamento, podem ser alguns dos motivos (até aqui pouco se sabe), porém, por mais motivos que existam, não haverá qualquer um que justifique tamanha demora (até parece a Sagrada Família, obra de Gaudi, iniciada em 1882 e ainda em construção, em Barcelona). Não há mais espaço, nem tempo, para discutir se a UTI é ou não viável, até porque se não fosse não deveria nem ter sido iniciada. Acrescenta-se que a região tem carência de uma UTI e a pregação do governo do Estado, que vem de longa data, é que as regiões deveriam ter estruturas próprias para amenizar a sobrecarga de Porto Alegre. Ou seja, tudo (con)corre a favor da UTI. Então, sem entrar no mérito dos motivos para o atraso, o que pode ser feito para colocá-la a pleno funcionamento? Nós leigos desconhecemos o que fazer, mas sabemos quem pode e tem este dever. Por favor Ministério Público, Vereadores, Prefeito, Corede, Médicos, é possível uma união de interesses e poderes a favor desta causa? Com uma boa dose de otimismo (e fé no Sagrado), vamos crer que teremos em breve a UTI aberta e um hospital de referência à disposição dos paranhanenses, afinal, é o que se pode esperar para uma região com saúde carente, apesar de muitos médicos competentes.

Marcos Kayser

Por que Taquara não é industrializada?

É muito agradável encontrar um ouvinte que manifesta seu gosto pelos nossos comentários e, melhor ainda, quando puxa uma conversa despretenciosa, mas sincera, sobre um algum problema vivido pela sua cidade. Isso acontece comigo muitas vezes e na semana passada o ouvinte fez a velha pergunta: “por que Taquara não tem indústrias?” É uma pergunta que não nos cansamos de fazer e demonstra o desejo do cidadão taquarense de ver sua cidade mais industrializada, porque acredita que este é um dos caminhos para o desenvolvimento econômico. E sendo mais forte economicamente, a cidade teria mais recursos para investir em saúde, educação, cultura, lazer, infra-estrutura, saneamento, e tudo que traz qualidade de vida. E se tivéssemos ainda uma indústria diversificada, com responsabilidade social e ambiental, seria “tudo de bom”. A indústria limpa, da tecnologia, se identifica com esta proposta. Mas antes de iniciar qualquer ação visando a industrialização da cidade ou o incremento do processo, acho muito pertinente refazer a pergunta que o ouvinte fez sobre os motivos da falta de indústrias, para fazer um grande planejamento, já que a concorrência é tamanha. Há um marco histórico que foi a emancipação de Parobé, que era uma espécie de distrito industrial de Taquara. De lá para cá, e já se passaram 29 anos, as administrações municipais não conseguiram construir um distrito industrial. Este pode ser um fator importante que inviabilizou a instalação de muitas empresas e, neste caso, os gestores públicos são os responsáveis. Outro fator é a falta de algum tipo de matéria prima ou material humano que pudesse atrair indústrias. Não temos uma oferta de mão-de-obra especializada abundante em setores que poderiam ser estratégicos. Outro fator é a falta de um centro de pesquisa e incubadora que é não só como pólo de atração de empresas de fora, como também de criação de empresas com empreendedores locais. Exemplos como a Tecnopuc, coordenada pela PUC, a Valetec, coordenada pela Feevale, e a Tecnosinos, coordenada pela Unisinos, poderiam ser seguidos, mas, para isso, uma instituição de ensino superior disposta a investir é fundamental.

Causas da imobilidade

Qual será o principal motivo para a sociedade brasileira permanecer imóvel diante dos arranjos políticos que assiste e, ao mesmo tempo,repudia? Qual será o motivo para a falta de mobilização que poderia transformar a indesejada realidade? Numa breve reflexão, temos a acomodação, a falta de conscientização e o medo como causas possíveis. A acomodação aparece como aquele estado de inércia, uma certa paralisia, diante de acontecimentos que exigiriam uma reação quase que imediata, por serem incompatíveis com o desejo da grande maioria, causando até náusea. Talvez a acomodação seja estratégica. Aquele que se acomoda não se expõe a situações de desgaste e nem de ameaças. É trocar o certo pelo duvidoso, mesmo que o certo não seja tão saboroso. Talvez, “ruim com eles, pior sem eles”. A segunda opção, a falta de conscientização, remete a uma eventual falta de conhecimento, produto de uma alienação, voluntária e involuntária, que não permite a compreensão da verdadeira realidade. Realidade que, ao fim ao cabo, desvelaria a diferença entre o desejo da população e o que faz o político. Político que, apesar de ter sido eleito pelo povo para representá-lo, age na política representando seus interesses particulares. E a terceira opção, que é o medo, nos faz pensar sobre o receio de perder alguma coisa. Talvez não seja perder algo que já é nosso, mas perder uma oportunidade futura, por uma questão de prudência. Já pensou precisar de uma ajuda para a solução de um problema particular urgente? Por considerar todo ser humano interesseiro, uns mais comedidos que ficam só no interesse e outros que vão adiante, até chegar na resultado pretendido, “doa a quem doer”, entendo que a causa que mais influencia a imobilidade da população brasileira é o medo. Mas o medo não de uma repressão violenta e imediata por ter pressionado os políticos, mas o medo de ter um eventual pedido negado. Uma mente dotada de um raciocínio mais expandido, mesmo que interesseira como as demais, poderia pensar que uma política mais descente e coerente poderia ser mais favorável aos, pois não haveria mais motivos para recorrer a ajutórios particulares. Mas como nosso pensamento está centrado ainda muito no particular e no curto prazo, acho que esta realidade não muda tão cedo, a menos que algum tipo de catástrofe natural venha abalar a estrutura política brasileira.

Marcos Kayser

A “via crucis” para cancelar um serviço de telefonia

Há um teste super eficiente para quem deseja medir o seu grau de paciência e tolerância. Ligar para cancelar um serviço de telefonia. Se ligar então para uma Companhia que opera a telefonia fixa com exclusividade em sua região, sem concorrência, o resultado do teste é absoluto. Passei por esta experiência, mais uma vez, e restou a ironia, visto que esta realidade, apesar de velha, não mudará, mesmo que exista Procom e outras Instituições com a função de defender o direito do consumidor. Para registrar o pedido de cancelamento, não houve maiores problemas, desconsiderando a já costumeira demora com os muitos pedidos de “só um momento, por favor”. Os problemas se intensificaram no decorrer dos fatos. A conta, que deveria reduzir em mais de 50%, veio praticamente com o mesmo valor, pois, por conta da empresa, acrescentaram planos com uma nomenclatura que só eles entendem, sem eu ter solicitado. “Por coincidência”, o telefone passou a apresentar problemas na recepção de chamadas. Quando liguei para reclamar do valor e do defeito, aí veio o teste da tolerância e da paciência. Confirmei o que todos já sabem. O negócio é planejado como uma “tática de guerra”. Tudo é feito para fazer com que a gente desista pelo cansaço e não adianta desaforar, pois, apesar de ser atendido por uma pessoa, estamos falando com uma máquina. A tática é planejada nos detalhes. A opção de reclamação é uma das últimas a aparecer. Encontrando a opção desejada, temos que fazer outras opções, com grande chance de nos equivocarmos, e, aí, voltará tudo de novo. Isso quando o telefone não fica mudo e a ligação acaba caindo, por mera “casualidade”. Quando conseguimos falar com alguma viva alma, ou alma viva, temos que informar novamente alguns dados que durante a “via crucis” já haviam sido informados. E todo este processo é feito como se estivéssemos sendo respeitados, tanto é assim que ao final ainda pedem para respondermos a uma pesquisa de satisfação, como se não soubessem do estágio de irritação e indignação que nos encontramos. Responder ou não, não fará a mínima diferença. Diante de tanto descaso, resta “rir para não chorar” e torcer para que não continuemos reféns dos monopólios e das oligarquias, o poder intocável de uma minoria que domina.

Marcos Kayser

Diante da fúria da natureza, o despreparo

Nas últimas semanas o meio ambiente tem merecido muitas manchetes nos meios de comunicação do país. Lá fora a neve causa enormes transtornos aos habitantes do hemisfério norte. Aqui no sul, particularmente no Brasil, cheias e secas tem sido o destaque. No Rio a tragédia dos desmoronamentos, cuja quantidade de vítimas continua crescendo e batendo recordes. Em meio as tragédias se levanta a suspeita de que a atitude humana tem influencia na causa destes eventos. É sabido que vivemos num mundo cuja população cresceu e cresce em níveis exponenciais, porém cresce numa escala talvez maior do que a natureza permite, sem contar que a infra-estrutura existente é muito inferior do que as necessidades da população, especialmente dos países subdesenvolvidos e emergentes. Uma das primeiras ações do homem, no caso daqueles que governam, seria a criação de políticas de controle da natalidade. Além da falta de estrutura familiar e condições econômicas, muitos não têm o mínimo de maturidade e educação para serem pais, por mais que isso possa soar mal para os legisladores da fé. Tudo se resume numa palavra: responsabilidade. Ou melhor, falta da “dita cuja”. Nas tragédias ocorridas nas últimas semanas, especialmente as inundações apareceu mais uma vez o problema do lixo. A falta de responsabilidade e educação da população brasileira que não tem o mínimo de consciência ambiental e trata apenas de se desfazer do lixo que produz a cada dia. E os governos tratam de colocar o “lixo embaixo do tapete”. Restringem-se a despejar em lixões. Não dão ênfase à educação ambiental na escola, basta ver como a própria escola trata o seu ambiente. De que adianta temas e projetos como tema ecologia se a própria escola não separa o lixo, não tem coletor de água da chuva e outras ações primárias? Os governos também não exercem o dever da fiscalização, que precisaria ser constante e severa. E muito menos desenvolvem planos, visando a sustentabilidade, como por exemplo fomentar a criação de empresas que possam empreender com o lixo. No tema meio ambiente, instituições como o Ministério Público precisa estar ainda mais presente. Se depender dos governos, só mesmo se a tragédia ferir alguém da família de um influente. Da sociedade, pelo histórico que já se tem, não se pode esperar, tornando-se mais crítico quando uma nova atitude demanda mais trabalho. Neste caso, todos correm. Em Taquara o que será do movimento Iniciativa Ambiental? E o Fórum do Lixo promovido pelo MP? Na Agenda Paranhana 2020 o tema Meio Ambiente é talvez o mais atrasado, principalmente pela falta de lideranças voluntárias. As tragédias ocorridas no Brasil demonstram que neste país não há plano sério de prevenção e sustentabilidade. Apesar da fúria da natureza, muitas conseqüências poderiam ser mitigadas.

Marcos Kayser

Escola: um caso de amor

Pesquisa realizada pelo Ibope, a pedido do Instituto Victor Civita, sobre o professor brasileiro, traz alguns dados um tanto quanto intrigantes. Um deles é o percentual de 31% de professores reclamando da falta de participação dos pais nas atividades escolares. Considero intrigante porque na minha leitura este percentual deveria de se aproximar dos 100%, afinal, a falta de participação dos pais é  uma regra geral que atinge praticamente todas as escolas, sejam públicas ou privadas. De duas uma, ou a regra geral não é esta e 69% dos pais  participam da vida escolar, o que deixa de ser uma causa para os grandes problemas da educação, ou 69%  dos professores ignoram a ausência dos pais. Seria bem mais tranqüilo que a primeira hipótese fosse verdadeira, mas os fatos não conduzem a ela. A convivência com o mundo da educação formal não mostra isso. A segunda hipótese, que parece ser mais coerente com a realidade, assusta. Estarão os professores acostumados e conformados com a ausência dos pais? E daí podem se desencadear uma série de outras questões: será possível uma educação sem integrar corpo docente, alunos e pais? Certamente, que não, como afirmam e justificam pedagogos, sociólogos, filósofos e todos aqueles que se dedicam ao estudo do fenômeno educação. A conclusão preliminar é de que nossos professores precisam sair do conformismo, a tal zona de conforto, que para os professores, imagino não ser nada confortável, começando pelo aspecto econômico da profissão. E uma acomodação poderia ser transgredida e superada por motivação? Teoricamente, sim, mas a pesquisa mostra que apenas 6% dos professores dizem ser motivados pelo salário e benefícios e 53% afirmam ser motivados pelo amor à profissão. Então, levando ao fim ao cabo este dado da pesquisa, um dos caminhos para que o romance entre professor e educação se efetive é fazer da escola um lugar apaixonante para o professor e para o aluno. A aparência conta muito. Escola suja e ambiente feio não conquista ninguém. Não é só ensinar conteúdo disciplinar, numa linguagem antiga, é ensinar bons modos, como se postar.  Atrevo-me a dizer que enquanto os professores não tomarem a iniciativa dificilmente o desfecho amoroso que se sonha se dará.

?Marcos Kayser

O orgulho líquido no âmbito da sociedade

O publicitário Nizan Guanaes, num artigo publicado no Jornal do Comércio e reproduzido pela Agenda 2020, diz que só o lucro liberta, mas complementa, convidando para ao em vez do lucro líquido, busquemos o orgulho líquido. Se, depois do lucro líquido, não sobrar orgulho, não vai sobrar nada para ser contado. E criar orgulho é muito mais difícil do que criar lucro. É um desafio para impulsionar empresas e se conquista com a tão falada responsabilidade social.  Responsabilidade social é ter o melhor lucro dentro das melhores práticas. E só empresas lucrativas e responsáveis vão prosperar neste mundo altamente competitivo em que nos encontramos. Isso passa pelo desafio de reter talentos, cada vez mais raros, por problemas especialmente da falta de qualidade na formação. É preciso treinar, engajar em valores e sonhar. Um sonho grande e possível. E se for apenas um sonho por dinheiro, será impossível reter os talentos num mercado tão aquecido e com tantas oportunidades. Um sonho grande se constrói com orgulho líquido, diz Guanaes, e e eu aproveitaria este artigo, para estendê-lo a toda uma sociedade, mais especificamente ao nosso Vale do Paranhana, que há 30 anos atrás nem tinha esta identidade, era um anexo de outros Vales, ou uma encruzilhada, que acaba não sendo nada, ou apenas um meio secundário. Hoje não, apesar de muitas dificuldades e carências existentes, somos do Paranhana, somos o Paranhana e temos um grande sonho, um sonho capaz de orgulhar, o sonho de se tornar uma região de primeiro mundo, conforme é a pregação da Agenda Paranhana 2020. Mas, para isso, muitos avanços ainda serão necessários.  Primeiro temos que aprender a pensar coletivamente, a deixar de lado muitas vaidades. Depois, temos que aprender a planejar, antes de sair fazendo, definindo alvos estratégicos e caminhos para serem perseguidos com competência e garra. Se pensarmos que sabemos tudo e o outro é indispensável, estamos atrasados. É preciso, além de boa vontade, muita criatividade. Nas empresas chamamos de inovação. Se ficarmos fazendo o mesmo que os outros, dificilmente venceremos na competição natural que existe e se explica pela teoria da evolução. Guanaes faz duas perguntas que se aplicam às empresas: Isso vai dar dinheiro? Isso vai dar orgulho? No âmbito social eu perguntaria: Isso vai dar qualidade de vida? Isso vai dar orgulho da minha cidade?

Marcos Kayser

Retrospectiva 2011 da Agenda Paranhana 2020

Fazendo uma breve retrospectiva da Agenda Paranhana 2020 neste ano de 2010, destaco como um dos pontos fortes a sobrevivência do movimento que completou 4 anos. E não digo isso com entusiasmo pois um plano com a dimensão da Agenda não deveria ser destado por sua sobrevivência, mas sim pelo seu grau de crescimento. Contudo no contexto de resistências e dificuldades a sobrevivência precisa ser comemorada, principalmente diante da falta de compreensão por parte de algumas lideranças, que ainda não identificaram a importância deste planejamento. Um exemplo desta dificuldade é a falta de divulgação do banner da Agenda nos sites de boa parte das Instituições que se dizem parceiras. Além da sobrevivência, a realização dos Fóruns do Desenvolvimento e da Gestão Pública merecem destaque ao se constituirem em espaços preciosos da participação popular, discutindo e avaliando sobre os projetos destas temáticas.  Constatou-se mais uma vez que ainda estamos muito carentes de planos de desenvolvimento, começando pela ausência do planejamento estratégico municipal, que inclui um plano de metas com indicadores que poderiam ser acompanhados pela sociedade através do Portal da Transparência que já conta com mais de 100 indicadores à disposição. Está aí mais um ponto forte da Agenda, o Portal da Transparência que todos tem acesso na internet. O PGI – Programa de Gestão Inovadora que contou com a participação de 40 empresas, o projeto Rede Sabor Paranhana, a retomada da concepção do Hospital regional, o trabalho de redução de custos das feiras de calçados, são outros projetos que constam na Agenda e tiveram boa evolução durante o ano. Como principal ponto negativo, na minha opinião, continua sendo a falta de uma adesão mais consistente de parte de lideranças importantes na região e para confirmar minha opinião basta acessar o site da Agenda no endereço www.paranhana.org.br e ver quais projetos estão atrasados e quem são os seus responsáveis. Este fato não só lastimo como me traz preocupação visto que a falta da participação efetiva destas lideranças a região perde tempo e espaço para o seu desenvolvimento e mais difícil se torna melhorar sua posição no ranking gaúcho do desenvolvimento. Quem perde? Todos os cidadãos paranhanenses, inclusive aqueles líderes com grande potencial de promover o crescimento mas que ainda não perceberam que a Agenda é um bom caminho para todos. Que em 2011 se tenha mais união e integração entre as cidades e os poderes do Paranhana e que todos os paranhanenses tenham seus desejos realizados com felicidade!
Marcos Kayser
Coordenador Técnico da Agenda

A vida além do jogo

Pois é, o futebol parece a vida, se decide nos detalhes e também pela competência de seus viventes, no caso do futebol, dos seus jogadores. Na semifinal do mundial de clubes da Fifa, o Mazembe teve duas chances e fez dois gols, o Inter teve cinco chances claras de gol e não fez. No jogo de futebol, o que vale é o resultado final, será a vida também desta forma? Ter uma vida de resultados pode não ser a melhor coisa, pois seguir Maquieval, para quem os fins justificam os meios, é perigoso, pode levar até ao crime em nome de um bom resultado. O jogo tem  aspectos sim da vida, mas a vida não é só um jogo, mesmo que seja jogada por quase todos. Ainda mais quando o contexto dela é o da competitividade, como nos tempos de hoje. E não é exclusivamente um jogo porque tem ainda a arte que foge ao regramento inerente ao jogo. Se a arte tem algum tipo de regra, não são claras, e, como diz o comentarista de arbitragem, Arnaldo Cesar Coelho, a regra é clara e se não for clara não pode ser regra. O futebol ainda mostra que não adianta ter e ser potência, no sentido da possibilidade. É preciso o ato da realização. Por isso o futebol é tão apaixonante, numa fração de segundo decide o destino de tudo e, no caso do Inter, decide o universal, o mundial. Há uma regra básica no futebol: não levar gol e fazer, ou, se levar, fazer mais do que levou. Qual seria a regra básica da vida? Acho que a vida não tem uma regra básica, mas tem várias. Algumas definitivas e conhecidas, outras nem tão definitivas e outras totalmente desconhecidas. Uma diferença substancial para o jogo é que na vida vivemos e morremos sem poder recomeçar e o jogo de futebol que reproduz aspectos da vida não consegue reproduzir a finitude do real. Que neste Natal celebremos a vida como vida e não como jogo, pois no jogo há sempre vencedor e vencido, já na vida torcemos para que todos sejam vencedores.

Marcos Kayser

"Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal." Oscar Wilde